Um novo estudo realizado por Georgia A. Brown e Rob Duffield, da University of Technology Sydney na Austrália, investigou a influência do ciclo menstrual e de seus sintomas no desempenho físico de jogadoras de futebol profissional. O artigo foi publicado na Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports umas mais prestigiadas revistas científicas na área.
Por que o estudo foi realizado?
A pesquisa surge da percepção generalizada entre as atletas de que o ciclo menstrual afeta negativamente a performance das atletas em campo, apesar da pouca investigação científica nessa área específica.
A necessidade de entender como o ciclo menstrual impacta o desempenho, especialmente em relação à corrida durante as partidas, é crucial para aprimorar o treinamento, a periodização e a preparação das jogadoras.
Como foi o estudo foi feito?
O estudo utilizou dados de jogadoras de futebol profissional de uma liga nacional australiana. Após rigorosa seleção das participantes – que incluiu critérios como a ausência de contraceptivos hormonais e ciclos menstruais regulares –, as atletas foram acompanhadas por até quatro ciclos menstruais durante a temporada de 2022/2023.
O monitoramento incluiu a utilização de testes de urina para a detecção da ovulação e da fase lútea, além de questionários sobre a intensidade dos sintomas menstruais após as partidas.
O desempenho físico nas partidas foi medido com o uso de dispositivos GPS, que registraram dados como distância total percorrida, corrida em alta velocidade, acelerações e desacelerações.
Além disso, os dados foram então analisados com modelos estatísticos robustos para levar em conta a individualidade das jogadoras e variações entre as partidas.
Principais resultados
Os resultados apontam que a fase folicular média do ciclo menstrual, período com níveis mais altos de estrógeno, se correlaciona a um maior desempenho na distância total percorrida e na corrida em alta velocidade durante as partidas em comparação com a fase folicular inicial e a fase lútea.
A severidade dos sintomas menstruais, por sua vez, demonstrou uma relação inversa com o número de acelerações durante as partidas, indicando que maiores níveis de desconforto físico podem impactar as acelerações.
Vale destacar que a variabilidade entre as jogadoras foi alta, sugerindo que o monitoramento e a gestão individualizada dos efeitos menstruais no desempenho seriam benéficos.

Conclusões práticas
Em termos práticos, os resultados sugerem que, embora haja evidências de influência do ciclo menstrual e dos sintomas no desempenho em campo, a variabilidade individual é um fator predominante.
Não há um padrão único que se aplique a todas as jogadoras. Por isso, a pesquisa recomenda uma abordagem individualizada para o manejo do ciclo menstrual no futebol profissional. O acompanhamento personalizado, considerando as características de cada atleta e a intensidade dos seus sintomas, parece ser a chave para otimizar o treinamento e a preparação para as partidas.
Estudos futuros com amostras maiores e análises mais aprofundadas, incluindo testes hormonais mais precisos e avaliações mais abrangentes do desempenho, serão necessários para confirmar e expandir esses resultados.
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