Estudo mostra um novo olhar sobre as regras das competições de base

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Um estudo realizado por Javier Madrid-Pedreño, da Universidade de Murcia, na Espanha, investigou a opinião de pais e treinadores sobre as regras atuais e regras modificadas em competições de futebol de base, com foco na promoção de valores.

A pesquisa, publicada na revista Revista de Ciencias del Deporte, buscou entender se adaptações nas regras podem criar um ambiente mais positivo e formativo para jovens atletas.

A necessidade de mudança de regras na base

O estudo parte da constatação de que a maioria dos programas esportivos para jovens não prioriza a promoção de valores, focando principalmente no desempenho. Competições tradicionais, com suas regras rígidas, podem gerar estresse e ansiedade excessivos, prejudicando o desenvolvimento pessoal dos atletas. A pesquisa, portanto, questionou a eficácia do modelo competitivo atual e propõe alternativas.

Como o estudo foi realizado

Para avaliar a satisfação de pais e treinadores com diferentes modelos de regras, Madrid-Pedreño utilizou um questionário validado por especialistas em psicologia do esporte, ciência do esporte e treinadores experientes. O questionário foi aplicado online a uma amostra de 21 treinadores e 57 pais de jogadores de futebol de base (sub-10 e sub-12) do FC Cartagena SAD, na Espanha.

Além disso, foi criada e testada uma competição modificada, intitulada “FútVol con V de Valores“, que incluiu alterações como: espaço e número reduzidos de jogadores; tempo de jogo em sets; pontuação adicional por fair play; uso de cartão para recompensar atitudes positivas; tempo mínimo de jogo por jogador; e debates pós-jogo.

Resultados e conclusões práticas

Embora pais e treinadores demonstrem satisfação com as regras atuais da federação, especialmente com o uso do cartão branco para premiar o fair play, a avaliação da competição modificada “FútVol” foi ainda mais positiva. Pais e treinadores valorizaram especialmente: comportamentos; o cartão branco e preto (recompensas e punições por condutas); o sistema competitivo que inclui ações solidárias; e os debates pós-jogo. A pesquisa indicou que as regras que promovem ações paralelas ao jogo, estimulando valores sociais e cívicos, são especialmente bem recebidas.

Apesar de as modificações estruturais, como a redução do espaço e do número de jogadores, serem consideradas benéficas em outros estudos por aumentar a participação e as ações técnicas, elas não foram tão bem avaliadas pelos pais e treinadores, possivelmente por receio de distorcer o esporte. No entanto, a pesquisa sugere que a adaptação das regras, levando em conta as características etárias e o desenvolvimento dos jovens, pode ser crucial para criar um ambiente esportivo mais positivo e formativo.

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Rodrigo Aquino

Rodrigo Aquino é professor na Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua no Departamento de Desportos e como docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado e Doutorado).

É líder do Grupo de Estudos Pesquisa em Ciências no Futebol (GECIF/UFES) e coordenador do Programa Academia e Futebol (Núcleo UFES), financiado pelo Ministério do Esporte. Seu trabalho envolve a coordenação de projetos técnico-científicos em parceria com categorias de base e equipes profissionais de futebol no Brasil.

Rodrigo é graduado em Educação Física e Esporte pela USP, com especialização em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. Concluiu o mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Acumula experiência prática no futebol desde 2015 como fisiologista e preparador físico em clubes profissionais, além de atuar como treinador e coordenador técnico em categorias de base. Reconhecido academicamente, está entre os 10 cientistas do esporte mais produtivos da América Latina em publicações científicas relacionadas ao futebol.

Neto Pereira

Neto Pereira é um profissional de preparação física e performance esportiva com experiência em clubes do Brasil e do exterior. Atualmente é Preparador Físico no sub-20 do Vasco da Gama.

Trabalhou como Head Performance and Fitness Coach no FC Semey do Cazaquistão (2024). Foi Preparador Físico no Confiança (2023-2024) e Head of Performance and Health no Avaí (2022-2023). Também exerceu o cargo de Coordenador de Performance no Confiança (2022) e trabalhou como Fisiologista no CRB (2021-2022) e no próprio Confiança (2019-2021).

Possui Mestrado em Saúde e Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe e Especialização em Desempenho Humano pela Universidade Tiradentes (Unit). Suas principais competências incluem preparação física, análise de desempenho, força, potência e velocidade no esporte.

Rafael Grazioli

Rafael Grazioli, natural de Canoas (RS), é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano.

Com nove anos de experiência atuando como coordenador científico e fisiologista no futebol profissional, ele passou as últimas três temporadas no Guarani de Campinas (SP) antes de ser anunciado pelo Criciúma em janeiro de 2025.