Análise de desempenho ou análise tática?

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Foto de Tom Fix/Pexels

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O que é desempenho?

Faça uma reflexão. Para você, o que é desempenho no futebol?

Muitos anos atrás acreditava-se que o desempenho era medido pela técnica. Quanto maior sua técnica, melhor seu desempenho. O que faz sentido, correto? Afinal, se um jogador acerta mais passes, finaliza melhor ou dribla bem ele rendeu melhor que os outros, ou não?

Porém os anos se passaram e o aspecto físico ganhou muita importância. Ou seja, era necessário correr mais que os adversários e ser mais forte. Dessa forma sua performance seria melhor.

Atualmente se tem uma adoração pela parte tática. Ainda mais após o Brasil perder a copa de 2014. A partir desse momento falou-se que taticamente nós brasileiros estávamos atrasados e precisávamos nos desenvolver nesse quesito, afim de melhorarmos nosso desempenho.

Afinal de contas, algum desses pensamentos define o que é desempenho? Sim, esses conceitos estão dentro do desempenho. Porém não de forma avulsa, mas sim, de forma unificada. Além disso, a performance abrange mais que o físico, técnico e tático.

Definição de desempenho

A princípio, vamos definir o desempenho da seguinte forma. Ele engloba o físico, o técnico, o tático e o psicológico, e esses 4 itens estão dentro do contexto social que o indivíduo viveu. Ou seja, a performance é multifatorial e transdisciplinar.

Como assim psicológico? E o que é contexto social? Calma, vamos explicar cada um deles.

Primeiramente vamos falar do aspecto psicológico. Quem comanda o seu corpo é sua mente. Ou seja, ela que determina o que fazer e como fazer.

Vou te fazer uma pergunta. Você já esteve naqueles dias em que não conseguia parar de pensar em algum problema? Foi para o trabalho e seu cérebro não mantinha o foco no que era necessário?! Parecia estar em outro mundo. Isso já aconteceu com todos nós. Portanto, o seu psicológico afetou o seu desempenho.

Dessa forma, afim de solucionar estas questões, os times de futebol contratam psicólogos para auxiliarem seus jogadores a enfrentarem os problemas de pressão da torcida, questões pessoais, etc… Tudo isso visando um melhor desempenho.

“Mente sã, corpo são” Juvenal, poeta romano

O contexto social e a análise de desempenho

Contexto social não é nada mais e nada menos do que os locais e as pessoas que fazem ou fizeram parte da vida do indivíduo. Esses lugares e pessoas criarão crenças no indivíduo.

Imagine o seguinte, o jogador de futebol veio de um meio onde as pessoas diziam que ele não conseguiria realizar seu sonho, não o apoiavam, não acreditaram nele… Caso ele consiga se tornar um jogador, haverá no inconsciente dele a descrença que ele consegue. Isso é algo muito mais profundo do que parece. Podemos chamar isso de crenças limitantes, ou seja, são pensamentos que limitam o seu desempenho.

E isso não cabe somente a jogadores. Todas as pessoas têm crenças limitantes. Portanto, é importante treinar essas crenças, a fim de que elas lhe ajudem a melhorar sua performance, independentemente do que você faz.

Análise de desempenho é análise tática?

Portanto, depois de ver todas as vertentes do desempenho, te pergunto: é correto chamarmos o responsável pelo recolhimento e análise de informações de analista de desempenho? Afinal, ele consegue observar e dar feedbacks em todas essas áreas? Acredito que ainda não.

Por isso gosto de denominar essa vertente de análise tática, afinal, o que normalmente se analisa, são aspectos táticos e técnicos dos jogadores ou dos rivais.

Seria muita prepotência acharmos que somente um profissional da análise tática saberia mensurar e desenvolver por completo o desempenho do seu jogador. Por isso a comissão técnica é dividida em setores diferentes e, cada parte, tem uma grande parcela a acrescentar no desempenho do atleta.

Em síntese, como dizem em Portugal e em algumas regiões da Europa, todos da comissão técnica são treinadores auxiliares. Todos têm o dever e capacidade de, na sua área de especialização, contribuir para a melhora do atleta. Seja ela no âmbito físico, mental, tático, técnico, psicológico ou nutricional.

Veja abaixo um episódio em nosso Podcast sobre o assunto:

Instagram do autor: @Christopher_Suhre

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Rodrigo Aquino

Rodrigo Aquino é professor na Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua no Departamento de Desportos e como docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado e Doutorado).

É líder do Grupo de Estudos Pesquisa em Ciências no Futebol (GECIF/UFES) e coordenador do Programa Academia e Futebol (Núcleo UFES), financiado pelo Ministério do Esporte. Seu trabalho envolve a coordenação de projetos técnico-científicos em parceria com categorias de base e equipes profissionais de futebol no Brasil.

Rodrigo é graduado em Educação Física e Esporte pela USP, com especialização em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. Concluiu o mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Acumula experiência prática no futebol desde 2015 como fisiologista e preparador físico em clubes profissionais, além de atuar como treinador e coordenador técnico em categorias de base. Reconhecido academicamente, está entre os 10 cientistas do esporte mais produtivos da América Latina em publicações científicas relacionadas ao futebol.

Neto Pereira

Neto Pereira é um profissional de preparação física e performance esportiva com experiência em clubes do Brasil e do exterior. Atualmente é Preparador Físico no sub-20 do Vasco da Gama.

Trabalhou como Head Performance and Fitness Coach no FC Semey do Cazaquistão (2024). Foi Preparador Físico no Confiança (2023-2024) e Head of Performance and Health no Avaí (2022-2023). Também exerceu o cargo de Coordenador de Performance no Confiança (2022) e trabalhou como Fisiologista no CRB (2021-2022) e no próprio Confiança (2019-2021).

Possui Mestrado em Saúde e Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe e Especialização em Desempenho Humano pela Universidade Tiradentes (Unit). Suas principais competências incluem preparação física, análise de desempenho, força, potência e velocidade no esporte.

Rafael Grazioli

Rafael Grazioli, natural de Canoas (RS), é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano.

Com nove anos de experiência atuando como coordenador científico e fisiologista no futebol profissional, ele passou as últimas três temporadas no Guarani de Campinas (SP) antes de ser anunciado pelo Criciúma em janeiro de 2025.