A exposição à natureza melhora a autorregulação em jogadores de futebol mentalmente fatigados

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Um estudo recente, liderado por He Sun e sua equipe de pesquisadores na China, investigou como a exposição à natureza pode influenciar a capacidade de autocontrole em jogadores de futebol universitários que se encontram mentalmente fatigados.

A pesquisa, publicada no Journal of Sports Science and Medicine, traz novas perspectivas sobre o uso da natureza como ferramenta para aprimorar o desempenho de atletas.

O que é o autocontrole para atletas?

No esporte, o autocontrole é fundamental para que os atletas ajustem seu estado físico e psicológico em diversas situações. No futebol, por exemplo, é essencial que os jogadores consigam regular a ansiedade em momentos de alta pressão.

No entanto, o autocontrole não é uma habilidade ilimitada, e a exaustão mental pode levar à diminuição de recursos para autogerenciar impulsos e manter o foco. A fadiga mental, causada pelo excesso de demandas cognitivas, é um problema comum em atletas, especialmente em esportes de alta intensidade como o futebol.

Este estudo explora a exposição à natureza como uma possível solução para restaurar a capacidade de autorregulação em jogadores de futebol mentalmente exaustos.

Como o estudo foi realizado?

Para realizar a pesquisa, os pesquisadores recrutaram 90 jogadores de futebol universitários entre 18 e 24 anos e os dividiram em 6 grupos. Três grupos foram expostos a imagens de natureza, enquanto os outros três foram expostos a imagens de áreas urbanas. Para induzir a fadiga mental, os participantes realizaram um teste de Stroop de 45 minutos, que exige atenção e inibição de respostas automáticas.

Além disso, os grupos expostos à natureza foram divididos em três categorias, cada um com um tempo de exposição diferente: 4,17 minutos, 8,33 minutos e 12,50 minutos. Após o teste de Stroop e a exposição às imagens, os participantes tiveram seus níveis de autorregulação medidos por meio de indicadores fisiológicos (como a variabilidade da frequência cardíaca) e psicológicos (ansiedade competitiva).

Principais resultados

Os resultados revelaram que a exposição à natureza teve um efeito positivo na capacidade de autorregulação dos jogadores de futebol mentalmente fatigados.

O grupo que recebeu a exposição mais longa (12,50 minutos) apresentou a melhora mais significativa, tanto nos indicadores fisiológicos quanto nos psicológicos. Especificamente, o grupo de 12,50 minutos apresentou um aumento na Variabilidade da Frequência Cardíaca, o que indica um melhor equilíbrio do sistema nervoso autônomo e maior capacidade de autorregulação. Além disso, eles tiveram uma redução nos níveis de ansiedade competitiva e um aumento na confiança em seu desempenho.

Essas descobertas sugerem que a natureza pode auxiliar no processo de restauração mental, permitindo que atletas consigam manter o foco e a atenção por mais tempo. A duração da exposição também se mostrou um fator importante: períodos mais longos de contato com a natureza podem proporcionar uma recuperação mais eficaz do que exposições mais curtas. Implicações práticas Essas descobertas demonstram que a exposição à natureza é uma ferramenta valiosa para melhorar o desempenho de atletas e seu bem-estar mental. Ao integrar a natureza nas rotinas de treinamento, treinadores e atletas podem criar estratégias eficazes de recuperação e aprimoramento do desempenho esportivo.

Futuros estudos podem explorar mais a fundo os mecanismos pelos quais a natureza age no cérebro de atletas, e investigar diferentes formas de exposição à natureza (ambientes reais versus virtuais, diferentes tipos de ambientes naturais).

 
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Rodrigo Aquino

Rodrigo Aquino é professor na Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua no Departamento de Desportos e como docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado e Doutorado).

É líder do Grupo de Estudos Pesquisa em Ciências no Futebol (GECIF/UFES) e coordenador do Programa Academia e Futebol (Núcleo UFES), financiado pelo Ministério do Esporte. Seu trabalho envolve a coordenação de projetos técnico-científicos em parceria com categorias de base e equipes profissionais de futebol no Brasil.

Rodrigo é graduado em Educação Física e Esporte pela USP, com especialização em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. Concluiu o mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Acumula experiência prática no futebol desde 2015 como fisiologista e preparador físico em clubes profissionais, além de atuar como treinador e coordenador técnico em categorias de base. Reconhecido academicamente, está entre os 10 cientistas do esporte mais produtivos da América Latina em publicações científicas relacionadas ao futebol.

Neto Pereira

Neto Pereira é um profissional de preparação física e performance esportiva com experiência em clubes do Brasil e do exterior. Atualmente é Preparador Físico no sub-20 do Vasco da Gama.

Trabalhou como Head Performance and Fitness Coach no FC Semey do Cazaquistão (2024). Foi Preparador Físico no Confiança (2023-2024) e Head of Performance and Health no Avaí (2022-2023). Também exerceu o cargo de Coordenador de Performance no Confiança (2022) e trabalhou como Fisiologista no CRB (2021-2022) e no próprio Confiança (2019-2021).

Possui Mestrado em Saúde e Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe e Especialização em Desempenho Humano pela Universidade Tiradentes (Unit). Suas principais competências incluem preparação física, análise de desempenho, força, potência e velocidade no esporte.

Rafael Grazioli

Rafael Grazioli, natural de Canoas (RS), é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano.

Com nove anos de experiência atuando como coordenador científico e fisiologista no futebol profissional, ele passou as últimas três temporadas no Guarani de Campinas (SP) antes de ser anunciado pelo Criciúma em janeiro de 2025.