Funções executivas e agilidade de crianças na primeira infância

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Um estudo recente conduzido por Sho Aoyama, do Departamento de Educação da Universidade de Yamaguchi, no Japão, investigou os efeitos do treinamento de futebol no desenvolvimento das funções executivas e da agilidade em crianças da educação infantil.

A pesquisa foi publicada na revista científica Plos One, e teve origem com base na crescente evidência de que exercícios, especialmente aqueles que exigem alta demanda cognitiva, podem beneficiar não apenas a aptidão física, mas também o desenvolvimento cognitivo, crucial para o sucesso escolar e social. Aoyama se concentrou em um aspecto específico das funções executivas – a inibição – e em sua relação com a agilidade, capacidades que se desenvolvem significativamente na primeira infância.

Por que estudar o impacto do futebol em crianças?

A capacidade de inibição, ou seja, controlar impulsos e respostas automáticas para se adaptar a diferentes situações, é fundamental para o aprendizado e o comportamento. A agilidade, por sua vez, é essencial para o desenvolvimento motor. O objetivo do estudo era investigar se a prática do futebol, um esporte de alta complexidade e imprevisibilidade, poderia aprimorar essas habilidades em crianças que ainda não tinham experiência prévia com esportes de destreza aberta.

Como foi feito o estudo?

O estudo contou com 70 crianças de cinco anos de idade de uma mesma creche japonesa, divididas em dois grupos: um grupo de intervenção (31 crianças) que recebeu aulas de futebol de 30 minutos por semana, durante 12 semanas; e um grupo controle (39 crianças) que participou de atividades lúdicas convencionais na própria creche.

Antes e após o período de intervenção, ambos os grupos foram avaliados em três aspectos: inibição (através de um teste de atenção conhecido como “tarefa Flanker”), memória de trabalho (usando a bateria de avaliação Kaufman para crianças) e agilidade (por meio de um teste de salto lateral).

Principais resultados

Os resultados mostraram um impacto significativo do treinamento de futebol na capacidade de inibição das crianças. O grupo que recebeu as aulas de futebol apresentou uma melhora significativamente maior em comparação com o grupo controle. No entanto, não foram observadas diferenças significativas entre os grupos na memória de trabalho e na agilidade.

Conclusões práticas

O estudo sugere que a inclusão do futebol em programas de educação física na educação infantil pode ser uma ferramenta eficaz para o desenvolvimento da inibição, uma habilidade cognitiva crucial para o sucesso na escola.

Embora a memória de trabalho e a agilidade não tenham demonstrado melhora significativa nesse período de intervenção, o pesquisador aponta a necessidade de estudos futuros com períodos mais longos de treinamento para avaliar o impacto nessas áreas.

A pesquisa ressalta a importância de atividades esportivas como o futebol para o desenvolvimento integral da criança, especialmente no que se refere à preparação para as exigências cognitivas e comportamentais do ensino fundamental. Os pais podem considerar o futebol como uma atividade extracurricular valiosa para o desenvolvimento de seus filhos, contribuindo para a sua capacidade de autocontrole e adaptação.

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Rodrigo Aquino

Rodrigo Aquino é professor na Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua no Departamento de Desportos e como docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado e Doutorado).

É líder do Grupo de Estudos Pesquisa em Ciências no Futebol (GECIF/UFES) e coordenador do Programa Academia e Futebol (Núcleo UFES), financiado pelo Ministério do Esporte. Seu trabalho envolve a coordenação de projetos técnico-científicos em parceria com categorias de base e equipes profissionais de futebol no Brasil.

Rodrigo é graduado em Educação Física e Esporte pela USP, com especialização em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. Concluiu o mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Acumula experiência prática no futebol desde 2015 como fisiologista e preparador físico em clubes profissionais, além de atuar como treinador e coordenador técnico em categorias de base. Reconhecido academicamente, está entre os 10 cientistas do esporte mais produtivos da América Latina em publicações científicas relacionadas ao futebol.

Neto Pereira

Neto Pereira é um profissional de preparação física e performance esportiva com experiência em clubes do Brasil e do exterior. Atualmente é Preparador Físico no sub-20 do Vasco da Gama.

Trabalhou como Head Performance and Fitness Coach no FC Semey do Cazaquistão (2024). Foi Preparador Físico no Confiança (2023-2024) e Head of Performance and Health no Avaí (2022-2023). Também exerceu o cargo de Coordenador de Performance no Confiança (2022) e trabalhou como Fisiologista no CRB (2021-2022) e no próprio Confiança (2019-2021).

Possui Mestrado em Saúde e Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe e Especialização em Desempenho Humano pela Universidade Tiradentes (Unit). Suas principais competências incluem preparação física, análise de desempenho, força, potência e velocidade no esporte.

Rafael Grazioli

Rafael Grazioli, natural de Canoas (RS), é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano.

Com nove anos de experiência atuando como coordenador científico e fisiologista no futebol profissional, ele passou as últimas três temporadas no Guarani de Campinas (SP) antes de ser anunciado pelo Criciúma em janeiro de 2025.