Como acontece a Tomada de Decisão no Futebol?

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Foto por Jeffrey F Lin na Unsplash

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O futebol é um esporte extremamente dinâmico e rápido, o que exige que os jogadores tomem decisões em frações de segundo durante toda a partida. A tomada de decisão é uma habilidade fundamental para o sucesso no futebol, e os jogadores precisam ser capazes de avaliar as situações rapidamente, considerando uma variedade de fatores antes de decidir a melhor ação a ser tomada.

O que observar em campo?

O processo de tomada de decisão começa com a coleta de informações. Os jogadores de futebol precisam estar atentos às informações que recebem do campo, incluindo a posição dos jogadores adversários, a posição da bola, o tempo restante no jogo, o placar e a posição de seus próprios companheiros de equipe. Eles também precisam avaliar as condições do campo e a textura da superfície.

Assim, após coletar essas informações, os jogadores precisam analisá-las rapidamente para identificar a melhor opção. Eles precisam avaliar os riscos e benefícios de cada opção disponível, considerando a situação específica do jogo e a estratégia geral da equipe. Eles também precisam estar cientes de suas próprias habilidades e limitações, bem como as de seus companheiros de equipe.

No entanto, com base nessas informações, os jogadores precisam tomar uma decisão e agir rapidamente. Essa decisão pode ser tão simples quanto passar a bola para um companheiro de equipe ou tão complexa quanto decidir o ângulo exato e a força necessária para fazer um chute em direção ao gol. A velocidade de execução é fundamental, pois o tempo de reação dos jogadores adversários é limitado e pode mudar rapidamente.

O que acontece no cérebro do jogador ao tomar uma decisão?

Quando um jogador de futebol toma uma decisão durante uma partida, uma série de processos cognitivos ocorrem em seu cérebro.

Por exemplo, durante a percepção, o cérebro processa informações sensoriais provenientes do ambiente, como a posição dos jogadores adversários, a localização da bola e o tempo restante no jogo. A atenção é necessária para selecionar as informações mais relevantes e filtrar as informações irrelevantes. A memória é usada para lembrar padrões e experiências anteriores que podem ser úteis na tomada de decisão. O raciocínio é necessário para avaliar as opções disponíveis e prever as possíveis consequências de cada escolha. E, finalmente, a tomada de decisão é o processo de escolher a melhor opção com base nas informações disponíveis.

Dessa maneira, vários estudos têm sido realizados para investigar a neurociência da tomada de decisão em jogadores de futebol, e de maneira geral mostram que a tomada de decisão em jogadores de futebol é um processo complexo que envolve várias regiões do cérebro e vários processos cognitivos. A percepção, a atenção, a memória, o raciocínio e a tomada de decisão trabalham juntos para permitir que os jogadores avaliem rapidamente as opções disponíveis e escolham a melhor estratégia para a situação. Essas descobertas são úteis para treinadores de futebol e jogadores que desejam aprimorar suas habilidades de tomada de decisão em campo.

O que dizem estudos sobre a tomada de decisão no futebol?

A tomada de decisão é uma habilidade essencial para o desempenho dos jogadores de futebol. Vários estudos têm explorado os processos cognitivos envolvidos na tomada de decisão em futebol. Por exemplo, um estudo de pesquisadores dos Estados Unidos, analisou a tomada de decisão em jogadores profissionais de futebol e constatou que ela depende de fatores como a capacidade de processar e interpretar informações visuais e auditivas em tempo real, além da percepção da localização dos outros jogadores e da bola em relação a si mesmos e ao campo.

Além disso, outro estudo ainda na década de 90 sugeriu que a antecipação é um processo importante na tomada de decisão em futebol. Os jogadores precisam estar cientes da localização dos outros jogadores e da bola em relação a si mesmos e ao campo para poder antecipar as ações dos adversários e dos companheiros de equipe.

A experiência também é um fator importante na tomada de decisão em futebol. Por exemplo, um estudo do pesquisador Abernethy e sua equipe mostrou que jogadores com mais experiência tendem a tomar decisões mais rápidas e precisas em situações de jogo.

O contexto em que a tomada de decisão ocorre é importante, pois pode afetar a percepção e a antecipação do jogador. A comunidade científica concorda que a tomada de decisão em situações de jogo que em jogadores de futebol jovens a qualidade da decisão é influenciada pelo nível de dificuldade do jogo e pela habilidade do jogador.

Portanto, os estudos também indicam que a tomada de decisão em futebol pode ser influenciada por fatores como idade, nível de habilidade, tática da equipe e posição do jogador. Desse modo, jogadores mais experientes e com melhor desempenho em testes de cognição visual tendem a tomar decisões melhores em campo.

Decisões em diferentes cenários do jogo

Durante uma partida de futebol, há uma série de cenários diferentes que os jogadores precisam avaliar para tomar a melhor decisão. Alguns desses cenários incluem:

  1. Contra-ataque: Quando a equipe recupera a posse da bola e começa a avançar rapidamente em direção ao gol adversário, é importante que os jogadores avaliem rapidamente as opções disponíveis para continuar o ataque. Eles podem optar por passar a bola para um companheiro de equipe ou fazer uma jogada individual, dependendo da situação.
  2. Bola parada: Quando há uma falta, um escanteio ou um pênalti, os jogadores precisam avaliar as melhores opções para aproveitar ao máximo a oportunidade. Isso pode envolver a escolha de um jogador para fazer o chute, decidir se é melhor chutar diretamente ao gol ou fazer uma jogada ensaiada.
  3. Defesa: Quando a equipe está defendendo, os jogadores precisam avaliar rapidamente a posição dos jogadores adversários e a localização da bola para decidir como melhor fechar os espaços e impedir a progressão do ataque adversário.
  4. Posse de bola: Quando a equipe está com a posse de bola, os jogadores precisam avaliar a melhor opção para manter a posse, avançar em direção ao gol adversário ou criar uma oportunidade de gol. Isso pode envolver a escolha de um passe preciso, fazer uma jogada individual ou chutar ao gol.

O que esperar do futuro de treinamento e melhoria da tomada de decisão no futebol?

A tomada de decisão é uma habilidade essencial no futebol, e é natural que técnicos, jogadores e pesquisadores busquem formas de treinar e aprimorar essa habilidade. No futuro, podemos esperar avanços significativos na tecnologia que permitirá a análise e treinamento da tomada de decisão em futebol.

Desse modo, uma das tendências atuais na área é a utilização de tecnologias de análise de dados para coletar informações sobre as ações dos jogadores em campo. Essas tecnologias podem ajudar a identificar padrões no comportamento dos jogadores e permitir que técnicos e jogadores desenvolvam estratégias para melhorar a tomada de decisão.

Outra tendência é o uso de tecnologias de realidade virtual (RV) e realidade aumentada (RA) para simular situações de jogo e permitir que os jogadores experimentem e pratiquem a tomada de decisão em um ambiente seguro e controlado. Isso pode ajudar a aprimorar a habilidade dos jogadores de processar e interpretar informações visuais e auditivas em tempo real e a antecipar as ações dos adversários e dos companheiros de equipe.

Além disso, os avanços em neurociência e inteligência artificial também podem ter um papel importante no treinamento da tomada de decisão em futebol. Estudos recentes têm explorado as bases neurais da tomada de decisão em situações de jogo e podem ajudar a desenvolver novas abordagens para treinar e aprimorar essa habilidade.

No entanto, é importante lembrar que a tomada de decisão em futebol é uma habilidade complexa que depende de vários fatores cognitivos, perceptuais e contextuais. Embora a tecnologia possa ajudar a aprimorar a habilidade dos jogadores, ela não pode substituir completamente a experiência e a prática no campo.

Em resumo, no futuro, podemos esperar avanços significativos na tecnologia que permitirá a análise e treinamento da tomada de decisão em futebol. No entanto, é importante lembrar que a tecnologia é apenas uma ferramenta e que a prática no campo e a experiência ainda são fundamentais para aprimorar essa habilidade.

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João Bonfatti

João Bonfatti atualmente trabalha como Coordenador do setor de Análise de Desempenho no América-MG. Antes disso, teve passagens pelo Vasco da Gama, onde atuou em diferentes categorias: foi auxiliar técnico do Sub-20, treinador interino do Sub-17 e auxiliar técnico do Sub-17.

Atuou também pelo Atlético-MG, onde desempenhou o papel de auxiliar técnico do Sub-15. No Corinthians, auxiliar técnico do Sub-14, além de exercer a função de supervisor metodológico.

Sua formação inclui o Bacharelado em Futebol pela Universidade Federal de Viçosa e a Licença B da CBF Academy, o que reforça sua base teórica e prática no desenvolvimento de atletas.

Felipe Bonholi

Felipe Bonholi integra a equipe do Palmeiras como Analista de Desempenho no Centro de Formação de Atletas (CFA), contribuindo para o desenvolvimento e acompanhamento de jovens talentos.

Antes disso, acumulou cinco anos de experiência na Ferroviária, onde atuou como Analista de Desempenho da equipe profissional, e no São Carlos Futebol Clube na mesma função.

Sua formação acadêmica inclui Bacharelado em Administração de Empresas pela UNIARA (2014–2017) e graduação em andamento em Educação Física pela mesma instituição, iniciada em 2019.

Com sólida base teórica e ampla experiência prática, Felipe Bonholi se destaca por sua capacidade de integrar análise técnica, gestão e visão estratégica no contexto esportivo, contribuindo para o desempenho e evolução de atletas e equipes.

Mylena Baransk

Mylena Baransk é doutora em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná e mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, onde também concluiu sua graduação em Educação Física – Bacharelado. Especialista em futsal com foco em análise de desempenho, atuou como docente em cursos do ensino superior e analista de desempenho no futebol.

Atualmente, exerce a função de analista de desempenho no Clube Atlético Mineiro, onde trabalha desde agosto de 2024. Antes disso, desempenhou a mesma função na Associação Ferroviária de Esportes entre março e agosto de 2024, atuando em Araraquara, São Paulo.

Além da atuação em clubes, possui experiência acadêmica como docente, tendo lecionado na UniCesumar entre julho e outubro de 2023, em Curitiba, Paraná. Também foi professora na UNIFATEB, onde atuou por quase três anos, de fevereiro de 2021 a outubro de 2023, em Telêmaco Borba, Paraná.

Com forte presença na área de análise de desempenho no futebol, também é CEO da Statisticsfut, onde se dedica ao desenvolvimento de conteúdos e estratégias voltadas à análise estatística e desempenho esportivo.

Nathália Arnosti

Nathália Arnosti é uma profissional de destaque na área de Fisiologia do Esporte e Preparação Física, com sólida formação acadêmica e ampla experiência no futebol brasileiro.

Bacharel e mestre em Educação Física pela Universidade Metodista de Piracicaba e doutora pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ela construiu uma carreira marcada pela integração entre ciência e prática esportiva.

No cenário dos clubes, já contribuiu com equipes como Athletico Paranaense, Red Bull Bragantino, Palmeiras, Audax, Ferroviária e Ponte Preta. Em janeiro de 2024, assumiu o cargo de fisiologista do Cruzeiro, reforçando seu papel como referência no acompanhamento e otimização do desempenho esportivo.

Rodrigo Aquino

Rodrigo Aquino é professor na Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua no Departamento de Desportos e como docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado e Doutorado).

É líder do Grupo de Estudos Pesquisa em Ciências no Futebol (GECIF/UFES) e coordenador do Programa Academia e Futebol (Núcleo UFES), financiado pelo Ministério do Esporte. Seu trabalho envolve a coordenação de projetos técnico-científicos em parceria com categorias de base e equipes profissionais de futebol no Brasil.

Rodrigo é graduado em Educação Física e Esporte pela USP, com especialização em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. Concluiu o mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Acumula experiência prática no futebol desde 2015 como fisiologista e preparador físico em clubes profissionais, além de atuar como treinador e coordenador técnico em categorias de base. Reconhecido academicamente, está entre os 10 cientistas do esporte mais produtivos da América Latina em publicações científicas relacionadas ao futebol.

Neto Pereira

Neto Pereira é um profissional de preparação física e performance esportiva com experiência em clubes do Brasil e do exterior. Atualmente é Preparador Físico no sub-20 do Vasco da Gama.

Trabalhou como Head Performance and Fitness Coach no FC Semey do Cazaquistão (2024). Foi Preparador Físico no Confiança (2023-2024) e Head of Performance and Health no Avaí (2022-2023). Também exerceu o cargo de Coordenador de Performance no Confiança (2022) e trabalhou como Fisiologista no CRB (2021-2022) e no próprio Confiança (2019-2021).

Possui Mestrado em Saúde e Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe e Especialização em Desempenho Humano pela Universidade Tiradentes (Unit). Suas principais competências incluem preparação física, análise de desempenho, força, potência e velocidade no esporte.

Rafael Grazioli

Rafael Grazioli, natural de Canoas (RS), é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano.

Com nove anos de experiência atuando como coordenador científico e fisiologista no futebol profissional, ele passou as últimas três temporadas no Guarani de Campinas (SP) antes de ser anunciado pelo Criciúma em janeiro de 2025.