Quem ensina o treinador de futebol?

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Foto de Catia Climovich na Unsplash

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Nos textos anteriores foram abordados assuntos sobre as responsabilidades dos treinadores, a sua trajetória profissional, além das suas devidas formações. No entanto, quem treina/ensina o treinador de futebol?

Atualmente, há inúmeras literaturas sobre pedagogia e sobre técnicos vencedores, mas as pessoas sentem dificuldades de colocar os aprendizados em prática. Ou seja, não existe fórmula mágica para se ganhar os jogos ou ministrar aulas. Tanto no contexto de recreação até no mais alto nível.

Além disso, as disciplinas durante a graduação em Educação Física podem auxiliar, mas será que são suficientes? E a experiência como atleta profissional é capaz de abordar todos os conhecimentos que serão necessários para o cargo de treinador de futebol?

Formação continuada do treinador de futebol

A princípio vale destacar que diversas instituições com excelentes professores promovem cursos de alta qualidade. Além das empresas que licenciam os treinadores, expostos no texto “formação do técnico de futebol”, há também muitas outras. Ciência da Bola, Futebol Interativo, Universidade do Futebol e NUPEF na Universidade Federal de Viçosa, são alguns exemplos, nos quais promovem a educação no futebol. Por isso, é importante estar sempre se capacitando, ainda mais em um período com tantas informações e desinformações.

Em segundo lugar, vale destacar os outros esportes e as demais áreas, pois pode auxiliar o treinador de futebol durante algumas ocasiões. Conforme o professor universitário e filósofo Manuel Sérgio:

“Para saber de futebol, é preciso saber mais do que futebol. Se o futebol é uma atividade humana, tudo o que é humano lhe diz respeito. E não só especificamente o futebol”.

Dessa forma, para saber mais de futebol, é satisfatório ter entendimento do vôlei, basquete, filosofia, geografia etc. Por isso, o professor escolar pode se tornar um treinador de treinadores de futebol. Apesar disso, ainda assim não é o suficiente. É preciso dar o primeiro passo na prática. Alguns estudos apontam que quanto mais experiente o treinador, maior o seu aprendizado.

Autoconhecimento do treinador de futebol

Na literatura, quando o técnico de futebol possui conhecimento de si mesmo, o saber da sua identidade e da sua filosofia pode auxiliar em seu trabalho. Em outras palavras, eles tomam melhores decisões. Mas como eu posso desenvolver essa capacidade?

É aí que entram as reflexões, o cuidado e a humildade. No futebol, não há verdades absolutas. Em um dia a ciência pode provar alguma situação, porém, no dia seguinte a mesma situação pode ser refutada. O mundo se encontra em constante mudança, e no futebol não é diferente. Então reflita, questione os outros, saiba os seus limites e respeite o dos outros.

Dessa forma, os treinadores de futebol também aprendem com psicólogos para desenvolver o autoconhecimento. E consequentemente, transmitir a sua ideia com maior lucidez.

Outros esportes também ensinam treinadores de futebol

Sobre enxergar os seus limites, Josep Guardiola mostra esse ensinamento através de um diálogo com o enxadrista: Garry Kasparov. Guardiola diz que não tem propriedade para falar sobre pênaltis, pois não havia estudado sobre. Resolveu passar a tarefa para o seu colega de comissão, o qual é o melhor batedor de pênaltis da história de polo aquático, Manel Estiarte. Com os conselhos de Manel, a equipe acertou todas as penalidades, saindo do jogo vitorioso.

Já na fase de iniciação, por exemplo, um cenário vantajoso de interdisciplinaridade é o habilidoso Zlatan Ibrahimovic. Conhecido pelos gols acrobáticos, quando criança praticava o taekwondo. Logo, não é surpreso o jogador ter um repertório motor diferente dos demais. Caso o treinador de futebol saiba disso, há a possibilidade de influenciar as crianças a exercerem outros esportes. Em razão de que, futuramente, o indivíduo pode dispor de capacidades acima da média.

Em conclusão, fica claro o tanto de áreas que servem para o aprendizado dos técnicos. Os fatores supramencionados são apenas alguns dos treinadores do treinador de futebol. Inclusive as questões dentro de si mesmo, seja para qual contexto estiver inserido. Basta saber aproveitá-los quando tiver oportunidade de relacioná-lo com o futebol.

Instagram: @g_tadashi

Confira um episódio do Podcast Ciência da Bola que fala sobre o assunto:

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João Bonfatti

João Bonfatti atualmente trabalha como Coordenador do setor de Análise de Desempenho no América-MG. Antes disso, teve passagens pelo Vasco da Gama, onde atuou em diferentes categorias: foi auxiliar técnico do Sub-20, treinador interino do Sub-17 e auxiliar técnico do Sub-17.

Atuou também pelo Atlético-MG, onde desempenhou o papel de auxiliar técnico do Sub-15. No Corinthians, auxiliar técnico do Sub-14, além de exercer a função de supervisor metodológico.

Sua formação inclui o Bacharelado em Futebol pela Universidade Federal de Viçosa e a Licença B da CBF Academy, o que reforça sua base teórica e prática no desenvolvimento de atletas.

Felipe Bonholi

Felipe Bonholi integra a equipe do Palmeiras como Analista de Desempenho no Centro de Formação de Atletas (CFA), contribuindo para o desenvolvimento e acompanhamento de jovens talentos.

Antes disso, acumulou cinco anos de experiência na Ferroviária, onde atuou como Analista de Desempenho da equipe profissional, e no São Carlos Futebol Clube na mesma função.

Sua formação acadêmica inclui Bacharelado em Administração de Empresas pela UNIARA (2014–2017) e graduação em andamento em Educação Física pela mesma instituição, iniciada em 2019.

Com sólida base teórica e ampla experiência prática, Felipe Bonholi se destaca por sua capacidade de integrar análise técnica, gestão e visão estratégica no contexto esportivo, contribuindo para o desempenho e evolução de atletas e equipes.

Mylena Baransk

Mylena Baransk é doutora em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná e mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, onde também concluiu sua graduação em Educação Física – Bacharelado. Especialista em futsal com foco em análise de desempenho, atuou como docente em cursos do ensino superior e analista de desempenho no futebol.

Atualmente, exerce a função de analista de desempenho no Clube Atlético Mineiro, onde trabalha desde agosto de 2024. Antes disso, desempenhou a mesma função na Associação Ferroviária de Esportes entre março e agosto de 2024, atuando em Araraquara, São Paulo.

Além da atuação em clubes, possui experiência acadêmica como docente, tendo lecionado na UniCesumar entre julho e outubro de 2023, em Curitiba, Paraná. Também foi professora na UNIFATEB, onde atuou por quase três anos, de fevereiro de 2021 a outubro de 2023, em Telêmaco Borba, Paraná.

Com forte presença na área de análise de desempenho no futebol, também é CEO da Statisticsfut, onde se dedica ao desenvolvimento de conteúdos e estratégias voltadas à análise estatística e desempenho esportivo.

Nathália Arnosti

Nathália Arnosti é uma profissional de destaque na área de Fisiologia do Esporte e Preparação Física, com sólida formação acadêmica e ampla experiência no futebol brasileiro.

Bacharel e mestre em Educação Física pela Universidade Metodista de Piracicaba e doutora pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ela construiu uma carreira marcada pela integração entre ciência e prática esportiva.

No cenário dos clubes, já contribuiu com equipes como Athletico Paranaense, Red Bull Bragantino, Palmeiras, Audax, Ferroviária e Ponte Preta. Em janeiro de 2024, assumiu o cargo de fisiologista do Cruzeiro, reforçando seu papel como referência no acompanhamento e otimização do desempenho esportivo.

Rodrigo Aquino

Rodrigo Aquino é professor na Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua no Departamento de Desportos e como docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado e Doutorado).

É líder do Grupo de Estudos Pesquisa em Ciências no Futebol (GECIF/UFES) e coordenador do Programa Academia e Futebol (Núcleo UFES), financiado pelo Ministério do Esporte. Seu trabalho envolve a coordenação de projetos técnico-científicos em parceria com categorias de base e equipes profissionais de futebol no Brasil.

Rodrigo é graduado em Educação Física e Esporte pela USP, com especialização em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. Concluiu o mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Acumula experiência prática no futebol desde 2015 como fisiologista e preparador físico em clubes profissionais, além de atuar como treinador e coordenador técnico em categorias de base. Reconhecido academicamente, está entre os 10 cientistas do esporte mais produtivos da América Latina em publicações científicas relacionadas ao futebol.

Neto Pereira

Neto Pereira é um profissional de preparação física e performance esportiva com experiência em clubes do Brasil e do exterior. Atualmente é Preparador Físico no sub-20 do Vasco da Gama.

Trabalhou como Head Performance and Fitness Coach no FC Semey do Cazaquistão (2024). Foi Preparador Físico no Confiança (2023-2024) e Head of Performance and Health no Avaí (2022-2023). Também exerceu o cargo de Coordenador de Performance no Confiança (2022) e trabalhou como Fisiologista no CRB (2021-2022) e no próprio Confiança (2019-2021).

Possui Mestrado em Saúde e Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe e Especialização em Desempenho Humano pela Universidade Tiradentes (Unit). Suas principais competências incluem preparação física, análise de desempenho, força, potência e velocidade no esporte.

Rafael Grazioli

Rafael Grazioli, natural de Canoas (RS), é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano.

Com nove anos de experiência atuando como coordenador científico e fisiologista no futebol profissional, ele passou as últimas três temporadas no Guarani de Campinas (SP) antes de ser anunciado pelo Criciúma em janeiro de 2025.