Quais as taxas de retorno ao futebol após reabilitação em campo para lesões do LCA?

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Foto: Pedro Martins/Mowa Press

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Pesquisadores investigaram a eficácia da reabilitação em campo para jogadores de futebol masculino após reconstrução do ligamento cruzado anterior (LCA). O estudo, publicado na revista The Orthopaedic Journal of Sports Medicine, analisou dados de 100 atletas, incluindo profissionais e amadores, para entender como a reabilitação em campo influencia o retorno às competições.

O estudo foi liderado por Filippo Picinini, da Isokinetic Medical Group, um centro de excelência da FIFA na Itália, em colaboração com outros especialistas em medicina esportiva e reabilitação. A equipe incluiu médicos, fisioterapeutas e pesquisadores de instituições como a Universidade de Essex e a Universidade de Monash.

Como o estudo foi realizado?

Os jogadores passaram por um programa de reabilitação baseado em critérios, dividido em cinco etapas progressivas. Durante esse período, suas atividades foram monitoradas usando tecnologia GPS e frequência cardíaca. Os dados coletados incluíram distância total percorrida, sprints de alta intensidade, acelerações e desacelerações. Após a reabilitação, os jogadores foram acompanhados por pelo menos nove meses para avaliar seu retorno ao esporte e possíveis novas lesões.

Principais Conclusões Práticas

  • Taxas de Retorno às Competições:
    – 84% dos jogadores retornaram às competições, com profissionais apresentando taxa de 100%, contra 80% dos amadores.
    – Entre os amadores que não retornaram, os motivos incluíram falta de preparo físico (10%) e medo de novas lesões (3%).
  • Diferenças entre Profissionais e Amadores:
    – Profissionais completaram mais sessões de reabilitação em menos tempo e atingiram cargas de trabalho mais altas, especialmente em atividades de alta intensidade.
    – Amadores levaram mais tempo para concluir o programa e tiveram menor exposição a exercícios intensos.
  • Preparação para o Retorno:
    – A reabilitação em campo preparou os jogadores para os treinos em equipe, mas as cargas de trabalho ainda ficaram abaixo das exigências de partidas reais.
    – Por exemplo, a distância percorrida em alta velocidade durante a reabilitação correspondeu a apenas 51% do exigido em jogos.
  • Risco de Nova Lesão:
    – 10% dos jogadores sofreram nova lesão no LCA, metade no mesmo joelho e metade no joelho oposto.
    – Profissionais tiveram menor taxa de nova lesão (6%) em comparação com amadores (11%).

Por que isso é importante?

O estudo destaca a importância de um programa de reabilitação estruturado e progressivo para jogadores com lesão do LCA. Os resultados sugerem que, embora a reabilitação em campo seja eficaz para o retorno aos treinos, os atletas podem precisar de um período adicional de adaptação antes de competir em alto nível. Além disso, a diferença entre profissionais e amadores reforça a necessidade de abordagens personalizadas, considerando recursos e contextos distintos.

Os pesquisadores enfatizam a necessidade de mais estudos para otimizar as cargas de trabalho durante a reabilitação e reduzir o risco de novas lesões, especialmente em jovens atletas amadores, que são os mais vulneráveis.

O artigo completo está disponível clicando aqui
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João Bonfatti

João Bonfatti atualmente trabalha como Coordenador do setor de Análise de Desempenho no América-MG. Antes disso, teve passagens pelo Vasco da Gama, onde atuou em diferentes categorias: foi auxiliar técnico do Sub-20, treinador interino do Sub-17 e auxiliar técnico do Sub-17.

Atuou também pelo Atlético-MG, onde desempenhou o papel de auxiliar técnico do Sub-15. No Corinthians, auxiliar técnico do Sub-14, além de exercer a função de supervisor metodológico.

Sua formação inclui o Bacharelado em Futebol pela Universidade Federal de Viçosa e a Licença B da CBF Academy, o que reforça sua base teórica e prática no desenvolvimento de atletas.

Felipe Bonholi

Felipe Bonholi integra a equipe do Palmeiras como Analista de Desempenho no Centro de Formação de Atletas (CFA), contribuindo para o desenvolvimento e acompanhamento de jovens talentos.

Antes disso, acumulou cinco anos de experiência na Ferroviária, onde atuou como Analista de Desempenho da equipe profissional, e no São Carlos Futebol Clube na mesma função.

Sua formação acadêmica inclui Bacharelado em Administração de Empresas pela UNIARA (2014–2017) e graduação em andamento em Educação Física pela mesma instituição, iniciada em 2019.

Com sólida base teórica e ampla experiência prática, Felipe Bonholi se destaca por sua capacidade de integrar análise técnica, gestão e visão estratégica no contexto esportivo, contribuindo para o desempenho e evolução de atletas e equipes.

Mylena Baransk

Mylena Baransk é doutora em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná e mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, onde também concluiu sua graduação em Educação Física – Bacharelado. Especialista em futsal com foco em análise de desempenho, atuou como docente em cursos do ensino superior e analista de desempenho no futebol.

Atualmente, exerce a função de analista de desempenho no Clube Atlético Mineiro, onde trabalha desde agosto de 2024. Antes disso, desempenhou a mesma função na Associação Ferroviária de Esportes entre março e agosto de 2024, atuando em Araraquara, São Paulo.

Além da atuação em clubes, possui experiência acadêmica como docente, tendo lecionado na UniCesumar entre julho e outubro de 2023, em Curitiba, Paraná. Também foi professora na UNIFATEB, onde atuou por quase três anos, de fevereiro de 2021 a outubro de 2023, em Telêmaco Borba, Paraná.

Com forte presença na área de análise de desempenho no futebol, também é CEO da Statisticsfut, onde se dedica ao desenvolvimento de conteúdos e estratégias voltadas à análise estatística e desempenho esportivo.

Nathália Arnosti

Nathália Arnosti é uma profissional de destaque na área de Fisiologia do Esporte e Preparação Física, com sólida formação acadêmica e ampla experiência no futebol brasileiro.

Bacharel e mestre em Educação Física pela Universidade Metodista de Piracicaba e doutora pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ela construiu uma carreira marcada pela integração entre ciência e prática esportiva.

No cenário dos clubes, já contribuiu com equipes como Athletico Paranaense, Red Bull Bragantino, Palmeiras, Audax, Ferroviária e Ponte Preta. Em janeiro de 2024, assumiu o cargo de fisiologista do Cruzeiro, reforçando seu papel como referência no acompanhamento e otimização do desempenho esportivo.

Rodrigo Aquino

Rodrigo Aquino é professor na Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua no Departamento de Desportos e como docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado e Doutorado).

É líder do Grupo de Estudos Pesquisa em Ciências no Futebol (GECIF/UFES) e coordenador do Programa Academia e Futebol (Núcleo UFES), financiado pelo Ministério do Esporte. Seu trabalho envolve a coordenação de projetos técnico-científicos em parceria com categorias de base e equipes profissionais de futebol no Brasil.

Rodrigo é graduado em Educação Física e Esporte pela USP, com especialização em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. Concluiu o mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Acumula experiência prática no futebol desde 2015 como fisiologista e preparador físico em clubes profissionais, além de atuar como treinador e coordenador técnico em categorias de base. Reconhecido academicamente, está entre os 10 cientistas do esporte mais produtivos da América Latina em publicações científicas relacionadas ao futebol.

Neto Pereira

Neto Pereira é um profissional de preparação física e performance esportiva com experiência em clubes do Brasil e do exterior. Atualmente é Preparador Físico no sub-20 do Vasco da Gama.

Trabalhou como Head Performance and Fitness Coach no FC Semey do Cazaquistão (2024). Foi Preparador Físico no Confiança (2023-2024) e Head of Performance and Health no Avaí (2022-2023). Também exerceu o cargo de Coordenador de Performance no Confiança (2022) e trabalhou como Fisiologista no CRB (2021-2022) e no próprio Confiança (2019-2021).

Possui Mestrado em Saúde e Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe e Especialização em Desempenho Humano pela Universidade Tiradentes (Unit). Suas principais competências incluem preparação física, análise de desempenho, força, potência e velocidade no esporte.

Rafael Grazioli

Rafael Grazioli, natural de Canoas (RS), é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano.

Com nove anos de experiência atuando como coordenador científico e fisiologista no futebol profissional, ele passou as últimas três temporadas no Guarani de Campinas (SP) antes de ser anunciado pelo Criciúma em janeiro de 2025.