O risco de novas lesões em jogadores de futebol após o retorno

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Foto: Reprodução/Al-Hilal

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Um novo estudo realizado por Guangze Zhang e sua equipe, do Instituto de Esportes e Medicina Preventiva da Universidade de Saarland (Alemanha) e do Centro de Ciências do Movimento Humano da Universidade de Groningen (Holanda), investigou o risco de novas lesões em jogadores profissionais de futebol após o retorno aos treinos (RTP – Return-to-Play) após uma lesão anterior.

A pesquisa, publicada na revista científica Sports Medicine, abordou sobre informações cruciais para a gestão de jogadores e a prevenção de novas lesões.

Por que o estudo foi realizado?

Lesões são frequentes na carreira de jogadores de futebol, e o risco de novas lesões após a volta aos treinos é significativamente maior. No entanto, o tempo que leva para que esse risco retorne ao nível normal era, até então, pouco compreendido. Os estudos anteriores analisavam o risco em intervalos de tempo largos (semanas ou meses), o que não permitia uma visão precisa da evolução do risco.

Além disso, o conhecimento sobre o assunto é essencial no futebol, pois uma nova lesão tem implicações econômicas e competitivas importantes para clubes e atletas.

Como o estudo foi realizado?

Os pesquisadores analisaram dados de quatro temporadas (2014/15 a 2017/18) do Campeonato Alemão (Bundesliga), utilizando registros de lesões coletados de fontes públicas, como mídia especializada e redes sociais. Foram considerados dois tipos de lesões: a lesão inicial (index injury) e a subsequente (subsequent injury).

O estudo focou em lesões sem contatos como eventos subsequentes, devido à imprevisibilidade do contato físico no jogo. A gravidade das lesões iniciais foram classificadas em quatro categorias (mínima, leve, moderada e severa) com base no tempo de afastamento dos treinos. A posição em campo também foi levada em consideração.

Resultados principais

A análise revelou que o risco de lesão sem contato após o o retorno aos treinos (RTP) é cerca de duas vezes maior nos primeiros dias.

No entanto, esse risco diminui exponencialmente ao longo do tempo, reduzindo pela metade em aproximadamente 25 dias. Após um mês, a maior parte do risco adicional já havia diminuído, indicando que um acompanhamento mais intenso durante esse período inicial é crucial.

A gravidade da lesão inicial e a posição do jogador influenciaram significativamente a curva de risco. Jogadores que retornaram de lesões moderadas ou severas apresentaram um pico de risco mais tardio, sugerindo a necessidade de um monitoramento mais prolongado nesses casos. A posição de atacante também se mostrou associada a um perfil de risco diferente.

Figura 4 do artigo. Em verde, Númeo de jogadores ainda em risco; e de vermelho, número de lesões subsquentes. Perceba que quanto mais dias (na horizontal), menor o número de lesões subsequentes (ne vertical).

Conclusões Práticas

Este estudo sugere a importância de uma análise mais precisa do risco de lesão pós-RTP (return-to-play). A compreensão da curva de risco contínua permite uma gestão mais eficaz dos jogadores, otimizando o tempo de retorno aos treinos e minimizando o risco de novas lesões.

Embora os resultados sejam específicos para o futebol profissional masculino da Bundesliga, a metodologia empregada pode ser aplicada a outros esportes e contextos. Porém, mais pesquisas são necessárias para validar e expandir esses resultados.

Para ter acesso ao artigo completo, clique aqui

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Rodrigo Aquino

Rodrigo Aquino é professor na Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua no Departamento de Desportos e como docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado e Doutorado).

É líder do Grupo de Estudos Pesquisa em Ciências no Futebol (GECIF/UFES) e coordenador do Programa Academia e Futebol (Núcleo UFES), financiado pelo Ministério do Esporte. Seu trabalho envolve a coordenação de projetos técnico-científicos em parceria com categorias de base e equipes profissionais de futebol no Brasil.

Rodrigo é graduado em Educação Física e Esporte pela USP, com especialização em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. Concluiu o mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Acumula experiência prática no futebol desde 2015 como fisiologista e preparador físico em clubes profissionais, além de atuar como treinador e coordenador técnico em categorias de base. Reconhecido academicamente, está entre os 10 cientistas do esporte mais produtivos da América Latina em publicações científicas relacionadas ao futebol.

Neto Pereira

Neto Pereira é um profissional de preparação física e performance esportiva com experiência em clubes do Brasil e do exterior. Atualmente é Preparador Físico no sub-20 do Vasco da Gama.

Trabalhou como Head Performance and Fitness Coach no FC Semey do Cazaquistão (2024). Foi Preparador Físico no Confiança (2023-2024) e Head of Performance and Health no Avaí (2022-2023). Também exerceu o cargo de Coordenador de Performance no Confiança (2022) e trabalhou como Fisiologista no CRB (2021-2022) e no próprio Confiança (2019-2021).

Possui Mestrado em Saúde e Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe e Especialização em Desempenho Humano pela Universidade Tiradentes (Unit). Suas principais competências incluem preparação física, análise de desempenho, força, potência e velocidade no esporte.

Rafael Grazioli

Rafael Grazioli, natural de Canoas (RS), é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano.

Com nove anos de experiência atuando como coordenador científico e fisiologista no futebol profissional, ele passou as últimas três temporadas no Guarani de Campinas (SP) antes de ser anunciado pelo Criciúma em janeiro de 2025.