Frequência Cardíaca pode afetar a precisão de chute em jogadores de Futebol

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Um estudo recente, publicado na revista SportMont, investigou a relação entre a frequência cardíaca (FC) e a precisão de chutes em jovens jogadores de futebol. A pesquisa foi conduzida por uma equipe de cientistas da Universidade de Ciências Aplicadas de Sakarya e da Universidade de Inonu, na Turquia, e traz resultados importantes sobre como a intensidade do exercício pode influenciar o desempenho dos atletas durante uma partida.

Como o estudo foi realizado?

Participaram do estudo 21 jogadores de futebol amadores, com idade média de 21,7 anos. Os atletas foram submetidos a um protocolo de exercício progressivamente intenso, conhecido como teste Yo-Yo Intermitente de Recuperação Nível 1 (Yo-Yo IR1). Durante o teste, os jogadores foram instruídos a chutar em direção a um alvo localizado a 10 metros de distância, tanto antes do início do exercício quanto ao final de cada nível de intensidade. A frequência cardíaca dos jogadores foi monitorada continuamente, e a precisão dos chutes foi avaliada com base na distância do ponto de contato da bola em relação ao centro do alvo. Além disso, os pesquisadores analisaram as áreas do alvo onde as bolas atingiram, observando padrões de direção dos chutes.

Principais conclusões 

Os resultados mostraram que o aumento da frequência cardíaca, especialmente acima de 80% da FC máxima, teve um impacto negativo significativo na precisão dos chutes. Em repouso, os jogadores apresentaram uma taxa de acerto mais alta, mas, à medida que a FC aumentava, a precisão diminuía. A partir do terceiro nível do teste Yo-Yo IR1, quando a FC atingiu cerca de 80% do máximo, a precisão dos chutes caiu em média 47% em comparação com o estado de repouso. Nos níveis mais altos de intensidade, essa queda chegou a 82%. Outro achado interessante foi a mudança na direção dos chutes. Conforme a FC aumentava, os jogadores tendiam a chutar mais para o canto superior direito do alvo, com poucos chutes direcionados ao centro. Isso sugere que, em condições de alta intensidade, os atletas podem perder o controle preciso sobre a direção do chute.

Implicações Práticas para Treinadores e Jogadores

Os resultados do estudo destacam a importância de treinar jogadores para manter a precisão em condições de alta intensidade física. Como a FC elevada é comum durante partidas, especialmente em momentos decisivos, os treinadores devem considerar a inclusão de exercícios que simulem essas condições no planejamento dos treinos. Praticar chutes e outras habilidades técnicas sob estresse físico pode ajudar os jogadores a se adaptarem melhor às demandas do jogo real. Além disso, o estudo sugere que monitorar a frequência cardíaca durante os treinos pode ser uma ferramenta útil para avaliar o desempenho dos atletas em diferentes níveis de intensidade. Isso pode permitir que os treinadores identifiquem quando os jogadores estão mais propensos a cometer erros e ajustar as estratégias de treinamento para melhorar a precisão em situações de alta pressão.

 
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Rodrigo Aquino

Rodrigo Aquino é professor na Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua no Departamento de Desportos e como docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado e Doutorado).

É líder do Grupo de Estudos Pesquisa em Ciências no Futebol (GECIF/UFES) e coordenador do Programa Academia e Futebol (Núcleo UFES), financiado pelo Ministério do Esporte. Seu trabalho envolve a coordenação de projetos técnico-científicos em parceria com categorias de base e equipes profissionais de futebol no Brasil.

Rodrigo é graduado em Educação Física e Esporte pela USP, com especialização em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. Concluiu o mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Acumula experiência prática no futebol desde 2015 como fisiologista e preparador físico em clubes profissionais, além de atuar como treinador e coordenador técnico em categorias de base. Reconhecido academicamente, está entre os 10 cientistas do esporte mais produtivos da América Latina em publicações científicas relacionadas ao futebol.

Neto Pereira

Neto Pereira é um profissional de preparação física e performance esportiva com experiência em clubes do Brasil e do exterior. Atualmente é Preparador Físico no sub-20 do Vasco da Gama.

Trabalhou como Head Performance and Fitness Coach no FC Semey do Cazaquistão (2024). Foi Preparador Físico no Confiança (2023-2024) e Head of Performance and Health no Avaí (2022-2023). Também exerceu o cargo de Coordenador de Performance no Confiança (2022) e trabalhou como Fisiologista no CRB (2021-2022) e no próprio Confiança (2019-2021).

Possui Mestrado em Saúde e Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe e Especialização em Desempenho Humano pela Universidade Tiradentes (Unit). Suas principais competências incluem preparação física, análise de desempenho, força, potência e velocidade no esporte.

Rafael Grazioli

Rafael Grazioli, natural de Canoas (RS), é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano.

Com nove anos de experiência atuando como coordenador científico e fisiologista no futebol profissional, ele passou as últimas três temporadas no Guarani de Campinas (SP) antes de ser anunciado pelo Criciúma em janeiro de 2025.