Um novo estudo focado em atletas de futebol aponta para uma alta prevalência de sono de má qualidade e déficit de sono, especialmente entre os jogadores adultos. A pesquisa destaca a necessidade de intervenções focadas no descanso para otimizar a recuperação e o desempenho atlético.
O artigo intitulado “High prevalence of poor sleep quality and sleep deficit: A study in children, adolescents, and adult soccer players,” foi realizado por Lúcio A. Cunha, Elisa A. Marques, João Brito, Michele Lastella e Pedro Figueiredo, e publicado na revista científica PLOS One em outubro de 2025.
Objetivos do estudo
O estudo observacional teve como objetivo fornecer uma visão sobre os comportamentos de sono, cronotipos e necessidades de sono de atletas, examinando jogadores de futebol infantis, adolescentes e adultos de diferentes níveis competitivos.
Como foi realizado?
O estudo incluiu 864 jogadores de futebol em sua maioria homens de vários grupos etários, com idade mediana de 17 anos. Os participantes completaram um questionário online que incluía perguntas demográficas e escalas validadas.
Também foi feita uma pergunta sobre as necessidades de sono autoavaliadas. Uma diferença de uma hora ou mais entre a duração habitual do sono e a necessidade de sono foi considerada como um déficit de sono. As análises foram estratificadas por grupos etários (8-13 anos, 14-17 anos, e acima de 18 anos); e níveis competitivos.
Principais resultados
A Idade é um fator decisivo
Os resultados indicaram que os jogadores adultos (mais de 18 anos) apresentaram uma prevalência significativamente maior de má qualidade de sono, sonolência diurna excessiva e déficit de sono em comparação com as crianças e adolescentes.
Má qualidade de sono
Quase metade dos adultos (43%) tiveram má qualidade de sono, em comparação com 18% dos adolescentes e 9% das crianças. O aumento da frequência de treinos com a idade e a possível influência de fatores não avaliados no estudo, como o aumento do consumo de estimulantes (café, tabaco, álcool) ou o social jetlag (desalinhamento entre o relógio biológico e as obrigações sociais), podem estar relacionados a essa prevalência mais alta nos adultos.
Déficit de sono
Quase metade dos adolescentes (45%) e dos adultos (47%) apresentaram déficit de sono, em comparação com 29% das crianças. As necessidades de sono autoavaliadas foram significativamente mais altas do que a duração habitual do sono para adolescentes (diferença média de 42 minutos) e adultos (41 minutos).
Relação entre a qualidade e a duração do sono
Houve uma forte correlação entre ter pior qualidade de sono e ter uma duração de sono mais curta. Além disso, uma menor duração de sono esteve moderadamente correlacionada com níveis mais altos de sonolência. Esses achados reforçam o ciclo vicioso onde a falta de sono adequado leva à sonolência diurna.
Conclusões e recomendações
Com base nos resultados, o estudo sugere que estratégias destinadas a aumentar a duração do sono são um aspecto chave das intervenções de sono ou aconselhamento para jogadores de futebol, especialmente nos adultos.
As intervenções devem focar na melhoria da qualidade do sono e na redução da sonolência diurna. Para fatores não modificáveis, como o cronotipo, ou aqueles que dependem da logística do clube, como os horários de treino, os jogadores podem ser encorajados a adotar estratégias como cochilos, extensão do sono, higiene do sono ou mindfulness.
O artigo completo está disponível clicando aqui
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