Estudo revela impacto do calor em jovens jogadores de futebol

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Um novo estudo analisou o impacto do calor em jovens jogadores de futebol durante treinos em jogos de espaços reduzidos, uma prática comum aplicada por treinadores. E sim, o calor pode afetar significativamente o desempenho dos atletas, impactando o ritmo cardíaco, a percepção de esforço e performance técnica.

O estudo foi conduzido por pesquisadores do esporte de universidades chinesas liderado por ZhiHui Kang, e contou com a participação de 60 jogadores de futebol do sexo masculino entre 16 e 19 anos.

O estudo foi publicado em formato de artigo científico na revista BMC Sports Science, Medicine and Rehabilitation com o título “Can heat conditions affect the heart rate responses, perception of effort, and technical performance of young male football players during small-sided games? a comparative study”, (tradução: As condições de calor podem afetar as respostas da frequência cardíaca, a percepção de esforço e o desempenho técnico de jovens jogadores de futebol durante jogos em campo reduzido? Um estudo comparativo)

Por que esse estudo é importante?

A relevância do estudo se deve à busca pela melhor compreensão do impacto psicológico e também fisiológico em treinamentos de jovens em condições climáticas extremas, como o calor. Principalmente em regiões tropicais, onde o clima é mais quente durante todo o ano, além dos horários de jogos das categorias de base que em muitos momentos acontecem em horários com maior exposição ao calor.

E o estudo forneceu dados cruciais para a otimização do treinamento em diferentes condições climáticas. Mas, vamos entender como o estudo foi realizado.

Como foi feito o estudo?

Os jogadores participaram de dois treinos em semanas diferentes, em condições climáticas distintas: uma com temperatura ambiente inferior a 21°C e outra com temperatura superior a 29°C. Em cada treino, os jogadores realizaram dois jogos de 3×3, com duração de 3 minutos cada.

Durante os jogos, foram monitorados o ritmo cardíaco de cada jogador (usando um sensor de ritmo cardíaco), a percepção de esforço (usando a escala Borg CR10), e o número de passes concluídos e bolas perdidas (observados por um profissional experiente).

Quais foram os principais resultados?

Os resultados mostraram que os jogadores apresentaram ritmo cardíaco e percepção de esforço significativamente mais altos nas condições de calor intenso. Também foi observado que os jogadores realizaram significativamente menos passes nas condições de calor intenso.

No entanto, o número de bolas perdidas não foi significativamente diferente entre as temperaturas.

Assim, o estudou demonstrou que o calor intenso pode ter um impacto adverso no desempenho de jovens jogadores de futebol durante treinos reduzidos. O aumento do ritmo cardíaco e da percepção de esforço indicaram uma maior sobrecarga fisiológica, enquanto a redução no número de passes sugere uma diminuição na performance cognitiva e técnica.

Implicações práticas para o treinamento de futebol

Treinadores/Treinadoras de futebol devem estar atentos aos efeitos do calor nos seus atletas, especialmente durante os treinos, mesmo em condições em espaços reduzido.

É essencial implementar estratégias para mitigar os efeitos negativos do calor como:

  • utilizar técnicas de resfriamento antes dos treinos em dias quentes;
  • garantir a hidratação adequada dos jogadores durante os treinos;
  • adaptar a intensidade e duração dos treinos em dias quentes;
  • e monitorar o ritmo cardíaco e percepção de esforço dos jogadores durante os treinos para identificar possíveis sinais de sobrecarga.

Conclusão

O estudo destacou a importância de considerar as condições climáticas no planejamento e execução dos treinos de futebol, especialmente em relação ao calor intenso. Adotar estratégias de mitigação e monitorar o desempenho dos jogadores durante os treinos são medidas cruciais para garantir a segurança e otimizar o desenvolvimento dos atletas em todas as condições climáticas.

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Rodrigo Aquino

Rodrigo Aquino é professor na Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua no Departamento de Desportos e como docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado e Doutorado).

É líder do Grupo de Estudos Pesquisa em Ciências no Futebol (GECIF/UFES) e coordenador do Programa Academia e Futebol (Núcleo UFES), financiado pelo Ministério do Esporte. Seu trabalho envolve a coordenação de projetos técnico-científicos em parceria com categorias de base e equipes profissionais de futebol no Brasil.

Rodrigo é graduado em Educação Física e Esporte pela USP, com especialização em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. Concluiu o mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Acumula experiência prática no futebol desde 2015 como fisiologista e preparador físico em clubes profissionais, além de atuar como treinador e coordenador técnico em categorias de base. Reconhecido academicamente, está entre os 10 cientistas do esporte mais produtivos da América Latina em publicações científicas relacionadas ao futebol.

Neto Pereira

Neto Pereira é um profissional de preparação física e performance esportiva com experiência em clubes do Brasil e do exterior. Atualmente é Preparador Físico no sub-20 do Vasco da Gama.

Trabalhou como Head Performance and Fitness Coach no FC Semey do Cazaquistão (2024). Foi Preparador Físico no Confiança (2023-2024) e Head of Performance and Health no Avaí (2022-2023). Também exerceu o cargo de Coordenador de Performance no Confiança (2022) e trabalhou como Fisiologista no CRB (2021-2022) e no próprio Confiança (2019-2021).

Possui Mestrado em Saúde e Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe e Especialização em Desempenho Humano pela Universidade Tiradentes (Unit). Suas principais competências incluem preparação física, análise de desempenho, força, potência e velocidade no esporte.

Rafael Grazioli

Rafael Grazioli, natural de Canoas (RS), é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano.

Com nove anos de experiência atuando como coordenador científico e fisiologista no futebol profissional, ele passou as últimas três temporadas no Guarani de Campinas (SP) antes de ser anunciado pelo Criciúma em janeiro de 2025.