Saída de 3 no futebol

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Foto por Riccardo/Pexels

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No texto de hoje abordaremos a saída de 3 no futebol. Até algum tempo atrás o mais comum era observarmos o time sair jogando com os dois zagueiros e dois laterais numa região mais recuada do campo (1ª fase de construção). No entanto, atualmente, muitas são as equipes que iniciam as suas jogadas ofensivas com a saída de 3.

O que é a saída de 3?

A saída de 3 no futebol é quando uma equipe irá iniciar a organização ofensiva na 1ª fase de construção com somente 3 jogadores. Vejamos a figura abaixo para compreender melhor.

Criada pelo autor usando o tactical-board.

As saídas de 3 mais comuns são executadas das seguintes formas (iniciamos pelo jogador mais à direita, depois o centralizado e, por último, o jogador situado à esquerda):

  • Zagueiro, volante e zagueiro;
  • Zagueiro, zagueiro e lateral esquerdo;
  • Lateral direito, zagueiro e zagueiro;
  • Volante, zagueiro e zagueiro;
  • Zagueiro, zagueiro e volante;
  • 3 zagueiros.

Antes de mais nada, vale ressaltar que não existem maneiras certas e erradas de realizar a saída de 3. Os jogadores envolvidos nesse momento precisam ter determinadas características, o que irá mudar de elenco para elenco.

Além disso, a saída de 3 possui características próprias. Vamos entender o porquê muitos times estão optando por usá-la.

Por que usar a saída de 3?

A saída de 3, em comparação a tradicional saída de 4 jogadores (2 zagueiros + 2 laterais),  visa utilizar menos jogadores na 1ª fase de construção, o que permite termos mais atletas no restante do campo. Além disso, como muitos times marcam com 2 atacantes, é uma forma de obtermos vantagem numérica na saída de jogo.

Mas, para que a saída de 3 seja eficaz, precisamos nos ater a alguns pontos importantes. Vamos a eles.

Zagueiro canhoto

Um detalhe importante para realizar a saída de 3 no futebol é ter um zagueiro (ou outro jogador) canhoto atuando pelo lado esquerdo. O simples fato de ter um jogador canhoto ou destro nessa posição pode mudar completamente a qualidade da construção. Isso porque, o jogador canhoto, quando recebe a bola do jogador centralizado, terá a opção de fazer o passe para o lateral esquerdo que está mais avançado, ou achar um passe entre linhas. Caso fosse um jogador destro atuando pelo lado esquerdo, essa ação ficaria dificultada, visto que ele precisaria ajustar todo seu corpo antes do passe, fazendo-o perder tempo.

Qualidade na diagonal longa

Outro ponto a ser destacado é a qualidade dos 3 jogadores na diagonal longa. Mas, o que é a diagonal longa? Em suma, a diagonal longa seria o lançamento de um dos defensores para um jogador do outro lado do campo. Vamos ao exemplo da figura abaixo.

Criada pelo autor usando o tactical-board.

Essa diagonal longa permite que, quando o time adversário estiver marcando compactadamente por um lado do campo, a bola chegue rapidamente ao lado oposto. Em outras palavras, o jogador que receber a bola terá menos adversários nessa região, podendo levar mais perigo ao gol adversário.

Qualidade na condução

Na saída de 3, muitas vezes, os defensores estarão em superioridade numérica. Dessa forma, é importante que, quando o jogador com bola estiver livre, ele consiga conduzir e criar espaços. Isto é, não necessariamente o atleta da saída de 3 precisa receber e tocar a bola para alguém mais à frente. Ele pode conduzir a bola e se somar aos homens à frente, sendo mais uma preocupação para a defesa adversária.

Característica do nº 5

Além dos 3 jogadores responsáveis pela saída de bola, é necessário que o jogador mais a frente (usarei como referência o nº 5), saiba jogar de costas para a pressão. Isto é, muitas vezes a bola sairá de um dos 3 defensores e chegará a esse 1º médio, que precisará receber de forma orientada, girar sobre seu marcador e dar continuidade a jogada. Caso ele não tenha essas características, a construção de jogo pode não fluir.

Desvantagens da saída de 3

Até agora falamos somente sobre os pontos positivos da saída de 3 e quais as características importantes que os jogadores que atuam nela devem conter. Mas, como tudo no futebol, há o lado positivo e o negativo. Então, a partir de agora, abordaremos as desvantagens dessa formação.

Transição defensiva vulnerável

Um dos principais pontos negativos é a transição defensiva quando perdemos a bola próximo aos 3 defensores. Afinal, como estamos construindo com menos jogadores atrás, quando perdemos a bola, temos menos jogadores atrás para defender. Assim, se os jogadores mais à frente não se comprometerem em recuperar a bola rapidamente, pode haver problemas defensivos.

Espaço pelos lados

Todos sabemos que o futebol é um esporte de tempo e espaço. Ou seja, quanto mais tempo e espaço tivermos, maiores as chances de chegar ao gol. Dessa forma, vemos que os espaços deixados no momento de atacar podem ser explorados pelo adversário. O principal espaço dessa formação está ligada aos corredores laterais. Isso ocorre porque, no momento de atacar, os laterais estarão projetados mais à frente. Vejamos o exemplo da figura abaixo para entender melhor.

Criada pelo autor usando o tactical-board.

A saída de 3 já é um marco do futebol atual. Portanto, nesse texto abordamos alguns pontos de como ela é estruturada, seus benefícios, características necessárias aos jogadores que atuam nela e quais as desvantagens que ela possui. Ainda nesse sentido, lembramos não haver certo e errado no futebol. Tudo dependerá de como o treinador imagina o jogo e quais os jogadores que ele tem à disposição.

Confira abaixo um episódio do Podcast sobre o assunto:

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João Bonfatti

João Bonfatti atualmente trabalha como Coordenador do setor de Análise de Desempenho no América-MG. Antes disso, teve passagens pelo Vasco da Gama, onde atuou em diferentes categorias: foi auxiliar técnico do Sub-20, treinador interino do Sub-17 e auxiliar técnico do Sub-17.

Atuou também pelo Atlético-MG, onde desempenhou o papel de auxiliar técnico do Sub-15. No Corinthians, auxiliar técnico do Sub-14, além de exercer a função de supervisor metodológico.

Sua formação inclui o Bacharelado em Futebol pela Universidade Federal de Viçosa e a Licença B da CBF Academy, o que reforça sua base teórica e prática no desenvolvimento de atletas.

Felipe Bonholi

Felipe Bonholi integra a equipe do Palmeiras como Analista de Desempenho no Centro de Formação de Atletas (CFA), contribuindo para o desenvolvimento e acompanhamento de jovens talentos.

Antes disso, acumulou cinco anos de experiência na Ferroviária, onde atuou como Analista de Desempenho da equipe profissional, e no São Carlos Futebol Clube na mesma função.

Sua formação acadêmica inclui Bacharelado em Administração de Empresas pela UNIARA (2014–2017) e graduação em andamento em Educação Física pela mesma instituição, iniciada em 2019.

Com sólida base teórica e ampla experiência prática, Felipe Bonholi se destaca por sua capacidade de integrar análise técnica, gestão e visão estratégica no contexto esportivo, contribuindo para o desempenho e evolução de atletas e equipes.

Mylena Baransk

Mylena Baransk é doutora em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná e mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, onde também concluiu sua graduação em Educação Física – Bacharelado. Especialista em futsal com foco em análise de desempenho, atuou como docente em cursos do ensino superior e analista de desempenho no futebol.

Atualmente, exerce a função de analista de desempenho no Clube Atlético Mineiro, onde trabalha desde agosto de 2024. Antes disso, desempenhou a mesma função na Associação Ferroviária de Esportes entre março e agosto de 2024, atuando em Araraquara, São Paulo.

Além da atuação em clubes, possui experiência acadêmica como docente, tendo lecionado na UniCesumar entre julho e outubro de 2023, em Curitiba, Paraná. Também foi professora na UNIFATEB, onde atuou por quase três anos, de fevereiro de 2021 a outubro de 2023, em Telêmaco Borba, Paraná.

Com forte presença na área de análise de desempenho no futebol, também é CEO da Statisticsfut, onde se dedica ao desenvolvimento de conteúdos e estratégias voltadas à análise estatística e desempenho esportivo.

Nathália Arnosti

Nathália Arnosti é uma profissional de destaque na área de Fisiologia do Esporte e Preparação Física, com sólida formação acadêmica e ampla experiência no futebol brasileiro.

Bacharel e mestre em Educação Física pela Universidade Metodista de Piracicaba e doutora pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ela construiu uma carreira marcada pela integração entre ciência e prática esportiva.

No cenário dos clubes, já contribuiu com equipes como Athletico Paranaense, Red Bull Bragantino, Palmeiras, Audax, Ferroviária e Ponte Preta. Em janeiro de 2024, assumiu o cargo de fisiologista do Cruzeiro, reforçando seu papel como referência no acompanhamento e otimização do desempenho esportivo.

Rodrigo Aquino

Rodrigo Aquino é professor na Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua no Departamento de Desportos e como docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado e Doutorado).

É líder do Grupo de Estudos Pesquisa em Ciências no Futebol (GECIF/UFES) e coordenador do Programa Academia e Futebol (Núcleo UFES), financiado pelo Ministério do Esporte. Seu trabalho envolve a coordenação de projetos técnico-científicos em parceria com categorias de base e equipes profissionais de futebol no Brasil.

Rodrigo é graduado em Educação Física e Esporte pela USP, com especialização em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. Concluiu o mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Acumula experiência prática no futebol desde 2015 como fisiologista e preparador físico em clubes profissionais, além de atuar como treinador e coordenador técnico em categorias de base. Reconhecido academicamente, está entre os 10 cientistas do esporte mais produtivos da América Latina em publicações científicas relacionadas ao futebol.

Neto Pereira

Neto Pereira é um profissional de preparação física e performance esportiva com experiência em clubes do Brasil e do exterior. Atualmente é Preparador Físico no sub-20 do Vasco da Gama.

Trabalhou como Head Performance and Fitness Coach no FC Semey do Cazaquistão (2024). Foi Preparador Físico no Confiança (2023-2024) e Head of Performance and Health no Avaí (2022-2023). Também exerceu o cargo de Coordenador de Performance no Confiança (2022) e trabalhou como Fisiologista no CRB (2021-2022) e no próprio Confiança (2019-2021).

Possui Mestrado em Saúde e Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe e Especialização em Desempenho Humano pela Universidade Tiradentes (Unit). Suas principais competências incluem preparação física, análise de desempenho, força, potência e velocidade no esporte.

Rafael Grazioli

Rafael Grazioli, natural de Canoas (RS), é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano.

Com nove anos de experiência atuando como coordenador científico e fisiologista no futebol profissional, ele passou as últimas três temporadas no Guarani de Campinas (SP) antes de ser anunciado pelo Criciúma em janeiro de 2025.