O que influencia a velocidade máxima nas partidas ao longo de uma temporada no Futebol?

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Um estudo recente analisou a velocidade máxima atingida por jogadores de futebol durante as partidas, levando em consideração diversos fatores como a posição do jogador, a competição disputada, o resultado do jogo e o local da partida.

O artigo, foi publicado na revista Kinesiology em 2025 por pesquisadores brasileiros, portugueses e espanhóis e teve como objetivo comparar as velocidades máximas atingidas em partidas ao longo de uma temporada completa. Os pesquisadores buscaram entender como diferentes posições de jogo, competições, resultados e locais das partidas influenciam essas velocidades.

Como o estudo foi realizado?

Trinta e um jogadores de futebol de elite foram monitorados durante as partidas utilizando dispositivos de sistema de navegação global por satélite. Os jogadores foram divididos por posição: zagueiros centrais, laterais, meias centrais, meias abertos e atacantes. Os dados foram coletados ao longo da temporada de 2022 de uma equipe brasileira de alto nível, que disputou o Estadual, a Liga Nacional (Brasileirão), a Copa Nacional (Copa do Brasil), a Supercopa Nacional e uma Copa Internacional (Libertadores da América).

Principais resultados

A pesquisa revelou que a posição do jogador foi o fator que mais influenciou a velocidade máxima em partidas ao longo da temporada de futebol.

Influência da Posição de Jogo

Laterais atingiram velocidades máximas superiores aos zagueiros centrais, meias centrais e atacantes. Meias abertos também alcançaram velocidades máximas superiores aos zagueiros centrais e meias centrais. Atacantes tiveram velocidades máximas superiores aos zagueiros centrais e meias centrais.

Isso se alinha com pesquisas anteriores que indicam que jogadores em posições abertas alcançam velocidades máximas superiores. Essa diferença é atribuída às capacidades dos jogadores e ao contexto de jogo, onde laterais, meias abertos e atacantes frequentemente precisam cobrir maiores distâncias em alta velocidade.

Influência da Competição

Velocidades máximas superiores foram observadas na Liga Nacional em comparação com a Copa Nacional e a Supercopa. O Estadual também registrou velocidades máximas superiores em relação à Copa Nacional e à Supercopa. Além disso, a Copa Internacional teve velocidades máximas superiores à Copa Nacional.

Os autores sugerem que as velocidades mais baixas na Copa Nacional podem ser explicadas pela possibilidade de equipes de elite enfrentarem times de divisões inferiores, o que pode levar a um jogo de menor intensidade.

Influência do resultado e local da partida

O estudo também indicou que velocidades máximas superiores foram alcançadas em partidas perdidas em comparação com as vencidas. Embora com um efeito trivial, essa constatação sugere que os jogadores podem tentar alcançar velocidades mais altas na tentativa de reverter um resultado negativo ou recuperar a posse de bola.

Não foram encontradas diferenças claras na velocidade máxima com base no local da partida (casa, neutro ou fora).

Implicações práticas

Em termos práticos, o estudo sugere que os profissionais podem usar a velocidade máxima atingida em partidas como um valor de referência para estabelecer limites de deslocamento individualizados. Isso considera as diferenças na velocidade máxima observadas entre as posições de jogo, o que significa que um limite de velocidade absoluto representaria um esforço diferente para cada posição.

Além disso, é importante que os profissionais considerem que o valor de referência pode mudar dependendo da competição, especialmente se as equipes enfrentarem adversários de divisões inferiores. Isso destaca a necessidade de avaliar periodicamente a velocidade máxima em partidas para garantir que o valor de referência não seja significativamente diferente devido à competição ou ao resultado.

O artigo completo está disponível clicando aqui

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Rodrigo Aquino

Rodrigo Aquino é professor na Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua no Departamento de Desportos e como docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado e Doutorado).

É líder do Grupo de Estudos Pesquisa em Ciências no Futebol (GECIF/UFES) e coordenador do Programa Academia e Futebol (Núcleo UFES), financiado pelo Ministério do Esporte. Seu trabalho envolve a coordenação de projetos técnico-científicos em parceria com categorias de base e equipes profissionais de futebol no Brasil.

Rodrigo é graduado em Educação Física e Esporte pela USP, com especialização em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. Concluiu o mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Acumula experiência prática no futebol desde 2015 como fisiologista e preparador físico em clubes profissionais, além de atuar como treinador e coordenador técnico em categorias de base. Reconhecido academicamente, está entre os 10 cientistas do esporte mais produtivos da América Latina em publicações científicas relacionadas ao futebol.

Neto Pereira

Neto Pereira é um profissional de preparação física e performance esportiva com experiência em clubes do Brasil e do exterior. Atualmente é Preparador Físico no sub-20 do Vasco da Gama.

Trabalhou como Head Performance and Fitness Coach no FC Semey do Cazaquistão (2024). Foi Preparador Físico no Confiança (2023-2024) e Head of Performance and Health no Avaí (2022-2023). Também exerceu o cargo de Coordenador de Performance no Confiança (2022) e trabalhou como Fisiologista no CRB (2021-2022) e no próprio Confiança (2019-2021).

Possui Mestrado em Saúde e Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe e Especialização em Desempenho Humano pela Universidade Tiradentes (Unit). Suas principais competências incluem preparação física, análise de desempenho, força, potência e velocidade no esporte.

Rafael Grazioli

Rafael Grazioli, natural de Canoas (RS), é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano.

Com nove anos de experiência atuando como coordenador científico e fisiologista no futebol profissional, ele passou as últimas três temporadas no Guarani de Campinas (SP) antes de ser anunciado pelo Criciúma em janeiro de 2025.