Impacto dos períodos de maior intensidade na fadiga e recuperação de jogadores de futebol

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Um novo estudo científico no Futebol revelou como os jogadores lidam com os momentos de alta intensidade durante os jogos e como se recuperam desses picos de esforço.

O artigo foi publicado em uma das revistas científicas mais conceituadas do mundo, a Journal of Sports Sciences, com o título “Effect of peak intensity periods on temporary fatigue and recovery kinetics in professional male football“. O estudo foi realizado por vários pesquisadores do campo esportivo liderado por E. N. Leifsson do Centro de Ciência e Saúde da Universidade Federal das Ilhas Faroe, que buscaram estudar os períodos de jogo em que os jogadores enfrentam os maiores desafios físicos. Estes momentos, que podem durar 1, 2 ou até 5 minutos, foram analisados quanto à distância percorrida em alta velocidade, sprints e acelerações intensas.

Para investigar, os pesquisadores utilizaram um sistema multicâmera semiautomático para coletar distância percorrida em alta velocidade (≥5,5 m/s), distância em sprint (≥7,0 m/s) e distância coberta durante aceleração intensa (≥3 m/s²). A análise incluiu 479 jogadores e 6042 a 9671 observações de partidas utilizando médias móveis com dados de três anos da Superliga dinamarquesa de Futebol masculino.

Resultados

Os resultados mostraram que após esses picos de intensidade, os jogadores experimentam uma queda temporária em seu desempenho físico imediato. Especificamente, nos primeiros minutos após um período intenso, a capacidade de corrida em alta velocidade e a distância coberta em sprints foram significativamente reduzidas em comparação com a média do jogo. Inclusive, a recuperação varia dependendo da duração do período de pico. Por exemplo, após um pico de 5 minutos, os jogadores levam mais tempo para voltar à média do que após um pico de 1 minuto.

Além disso, o estudo observou um fenômeno interessante relacionado às acelerações intensas. Enquanto a capacidade de sprint e a corrida de alta velocidade diminuíram temporariamente, a habilidade de realizar acelerações não foi afetada da mesma forma. Isso sugere que diferentes aspectos do desempenho físico dos jogadores podem ser impactados de maneiras variadas após momentos de alta intensidade.

Os pesquisadores também apontaram que essas descobertas têm implicações significativas para o treinamento esportivo. Compreender como e quando os jogadores experimentam fadiga temporária pode orientar melhor os técnicos na preparação física e mental de suas equipes.

Conclusão

Embora o estudo tenha oferecido dados valiosos, os cientistas reconhecem que ainda há muito a explorar. Por exemplo, investigar mais profundamente os mecanismos fisiológicos por trás dessas respostas ao esforço extremo poderia fornecer ainda mais informações úteis para otimizar o desempenho dos atletas.

Portanto, o estudo não apenas amplia o conhecimento sobre os desafios enfrentados pelos jogadores de futebol durante as partidas, mas também destaca sobre a complexa dinâmica de recuperação após momentos de alta intensidade.

Para ler o artigo na íntegra, clique aqui

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Rodrigo Aquino

Rodrigo Aquino é professor na Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua no Departamento de Desportos e como docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado e Doutorado).

É líder do Grupo de Estudos Pesquisa em Ciências no Futebol (GECIF/UFES) e coordenador do Programa Academia e Futebol (Núcleo UFES), financiado pelo Ministério do Esporte. Seu trabalho envolve a coordenação de projetos técnico-científicos em parceria com categorias de base e equipes profissionais de futebol no Brasil.

Rodrigo é graduado em Educação Física e Esporte pela USP, com especialização em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. Concluiu o mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Acumula experiência prática no futebol desde 2015 como fisiologista e preparador físico em clubes profissionais, além de atuar como treinador e coordenador técnico em categorias de base. Reconhecido academicamente, está entre os 10 cientistas do esporte mais produtivos da América Latina em publicações científicas relacionadas ao futebol.

Neto Pereira

Neto Pereira é um profissional de preparação física e performance esportiva com experiência em clubes do Brasil e do exterior. Atualmente é Preparador Físico no sub-20 do Vasco da Gama.

Trabalhou como Head Performance and Fitness Coach no FC Semey do Cazaquistão (2024). Foi Preparador Físico no Confiança (2023-2024) e Head of Performance and Health no Avaí (2022-2023). Também exerceu o cargo de Coordenador de Performance no Confiança (2022) e trabalhou como Fisiologista no CRB (2021-2022) e no próprio Confiança (2019-2021).

Possui Mestrado em Saúde e Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe e Especialização em Desempenho Humano pela Universidade Tiradentes (Unit). Suas principais competências incluem preparação física, análise de desempenho, força, potência e velocidade no esporte.

Rafael Grazioli

Rafael Grazioli, natural de Canoas (RS), é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano.

Com nove anos de experiência atuando como coordenador científico e fisiologista no futebol profissional, ele passou as últimas três temporadas no Guarani de Campinas (SP) antes de ser anunciado pelo Criciúma em janeiro de 2025.