Futebol feminino x Futebol masculino: diferenças fisiológicas e nutricionais

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Foto de Jeffrey F Lin na Unsplash

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Cada vez mais nos deparamos com a realidade de um futebol feminino em ascensão no cenário nacional e internacional, resultando no aumento de sua visibilidade. Dessa forma, nesse texto você ficará por dentro das diferenças fisiológicas e nutricionais em relação ao futebol feminino x futebol masculino.

Primeiramente, vale ressaltar que, por ser uma área ainda pouco explorada, profissionais que trabalham com o futebol feminino ainda precisam utilizar, na maioria das vezes, referências criadas para o público masculino realizando adaptações quando necessário.

Aspectos fisiológicos

A primeira diferença que podemos apontar é quanto ao gasto energético. Sabemos que há uma diferença metabólica entre os sexos feminino e masculino, que nos sugere um gasto energético de 5% a 10% menor nas mulheres. Podemos explicar tal diferença, principalmente, em razão do metabolismo masculino ser de 15% a 20% mais acelerado quando comparado ao feminino. Além disso, outros dois pontos também auxiliam nessa questão: a primeira é a parte hormonal; e a segunda é a maior quantidade de massa muscular nos homens.

Em um jogo de alto nível no futebol masculino, a FIFA aponta um gasto médio em torno de 1000 kcal em um indivíduo de 60 kg. Quando comparado ao futebol feminino, os números são um pouco menores, variando em média de 650 a 850 kcal. O gasto energético tanto em homem quanto em mulheres durante o jogo varia conforme a tática utilizada pelo time, pelo adversário, nível de treinamento do atleta, nível de dificuldade e importância do jogo, condições climáticas e posição de jogo.

Aspectos Nutricionais

Do ponto de vista nutricional, temos necessidades parecidas para ambos os sexos. Os dois indivíduos precisam de 7 a 10 gramas de carboidrato por quilo de peso, 1,4 a 1,7 gramas de proteínas por quilo de peso e um consumo de lipídeos igual ou inferior a 30% do valor total das calorias ingeridas ao dia. Assim, esses valores são padrões, sendo utilizados apenas como referência e, dependendo da necessidade individual de cada atleta, devem ser ajustados.

Com relação aos micronutrientes, damos atenção especial a exames, acompanhando-os de perto. Isso porque, devido ao nível elevado de suor frequente, atletas, independente da modalidade e do sexo, podem apresentar deficiências de alguns minerais. Em mulheres atletas devemos prestar mais atenção ao controle de ferro, já que, além da perda no esporte, ainda há a perda no período menstrual.

Em relação à hidratação temos a mesma recomendação, tanto para homem quanto para mulheres. Nesse sentido, o American College Of Sports Medicine (ACSM) recomenda ingestão de 500mL de líquidos nas duas horas que precedem a partida. Depois de iniciada, devem haver paradas frequentes para hidratação. Após o término do jogo, recomendamos que o volume de água perdido seja reposto em, no máximo, duas horas. É importante realizar uma ingestão diária em torno de 40mL para cada quilo de peso.

Algumas das estratégias nutricionais muito comuns de serem utilizadas em atletas femininas tem relação com as mudanças hormonais decorrentes do período menstrual. Além disso, o público feminino deve ter atenção redobrada quando o assunto é transtorno alimentar, visto que mulheres e atletas são compreendidos como grupo de risco para esses transtornos.

Futebol feminino x Futebol masculino

Nesse texto vimos algumas das principais diferenças do ponto de vista da nutrição em relação à atletas de um mesmo esporte, mas sexos diferentes. Portanto, ressaltamos a importância da realização de mais estudos e consensos quanto as recomendações e protocolos para o futebol feminino, de modo a maximizar o rendimento das atletas que vem cada vez mais ganhando seu espaço dentro desse esporte.

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João Bonfatti

João Bonfatti atualmente trabalha como Coordenador do setor de Análise de Desempenho no América-MG. Antes disso, teve passagens pelo Vasco da Gama, onde atuou em diferentes categorias: foi auxiliar técnico do Sub-20, treinador interino do Sub-17 e auxiliar técnico do Sub-17.

Atuou também pelo Atlético-MG, onde desempenhou o papel de auxiliar técnico do Sub-15. No Corinthians, auxiliar técnico do Sub-14, além de exercer a função de supervisor metodológico.

Sua formação inclui o Bacharelado em Futebol pela Universidade Federal de Viçosa e a Licença B da CBF Academy, o que reforça sua base teórica e prática no desenvolvimento de atletas.

Felipe Bonholi

Felipe Bonholi integra a equipe do Palmeiras como Analista de Desempenho no Centro de Formação de Atletas (CFA), contribuindo para o desenvolvimento e acompanhamento de jovens talentos.

Antes disso, acumulou cinco anos de experiência na Ferroviária, onde atuou como Analista de Desempenho da equipe profissional, e no São Carlos Futebol Clube na mesma função.

Sua formação acadêmica inclui Bacharelado em Administração de Empresas pela UNIARA (2014–2017) e graduação em andamento em Educação Física pela mesma instituição, iniciada em 2019.

Com sólida base teórica e ampla experiência prática, Felipe Bonholi se destaca por sua capacidade de integrar análise técnica, gestão e visão estratégica no contexto esportivo, contribuindo para o desempenho e evolução de atletas e equipes.

Mylena Baransk

Mylena Baransk é doutora em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná e mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, onde também concluiu sua graduação em Educação Física – Bacharelado. Especialista em futsal com foco em análise de desempenho, atuou como docente em cursos do ensino superior e analista de desempenho no futebol.

Atualmente, exerce a função de analista de desempenho no Clube Atlético Mineiro, onde trabalha desde agosto de 2024. Antes disso, desempenhou a mesma função na Associação Ferroviária de Esportes entre março e agosto de 2024, atuando em Araraquara, São Paulo.

Além da atuação em clubes, possui experiência acadêmica como docente, tendo lecionado na UniCesumar entre julho e outubro de 2023, em Curitiba, Paraná. Também foi professora na UNIFATEB, onde atuou por quase três anos, de fevereiro de 2021 a outubro de 2023, em Telêmaco Borba, Paraná.

Com forte presença na área de análise de desempenho no futebol, também é CEO da Statisticsfut, onde se dedica ao desenvolvimento de conteúdos e estratégias voltadas à análise estatística e desempenho esportivo.

Nathália Arnosti

Nathália Arnosti é uma profissional de destaque na área de Fisiologia do Esporte e Preparação Física, com sólida formação acadêmica e ampla experiência no futebol brasileiro.

Bacharel e mestre em Educação Física pela Universidade Metodista de Piracicaba e doutora pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ela construiu uma carreira marcada pela integração entre ciência e prática esportiva.

No cenário dos clubes, já contribuiu com equipes como Athletico Paranaense, Red Bull Bragantino, Palmeiras, Audax, Ferroviária e Ponte Preta. Em janeiro de 2024, assumiu o cargo de fisiologista do Cruzeiro, reforçando seu papel como referência no acompanhamento e otimização do desempenho esportivo.

Rodrigo Aquino

Rodrigo Aquino é professor na Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua no Departamento de Desportos e como docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado e Doutorado).

É líder do Grupo de Estudos Pesquisa em Ciências no Futebol (GECIF/UFES) e coordenador do Programa Academia e Futebol (Núcleo UFES), financiado pelo Ministério do Esporte. Seu trabalho envolve a coordenação de projetos técnico-científicos em parceria com categorias de base e equipes profissionais de futebol no Brasil.

Rodrigo é graduado em Educação Física e Esporte pela USP, com especialização em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. Concluiu o mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Acumula experiência prática no futebol desde 2015 como fisiologista e preparador físico em clubes profissionais, além de atuar como treinador e coordenador técnico em categorias de base. Reconhecido academicamente, está entre os 10 cientistas do esporte mais produtivos da América Latina em publicações científicas relacionadas ao futebol.

Neto Pereira

Neto Pereira é um profissional de preparação física e performance esportiva com experiência em clubes do Brasil e do exterior. Atualmente é Preparador Físico no sub-20 do Vasco da Gama.

Trabalhou como Head Performance and Fitness Coach no FC Semey do Cazaquistão (2024). Foi Preparador Físico no Confiança (2023-2024) e Head of Performance and Health no Avaí (2022-2023). Também exerceu o cargo de Coordenador de Performance no Confiança (2022) e trabalhou como Fisiologista no CRB (2021-2022) e no próprio Confiança (2019-2021).

Possui Mestrado em Saúde e Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe e Especialização em Desempenho Humano pela Universidade Tiradentes (Unit). Suas principais competências incluem preparação física, análise de desempenho, força, potência e velocidade no esporte.

Rafael Grazioli

Rafael Grazioli, natural de Canoas (RS), é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano.

Com nove anos de experiência atuando como coordenador científico e fisiologista no futebol profissional, ele passou as últimas três temporadas no Guarani de Campinas (SP) antes de ser anunciado pelo Criciúma em janeiro de 2025.