Estudo revela impacto da temperatura no desempenho físico e cognitivo

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Um recente estudo científico trouxe à tona questões importantes sobre o desempenho de jogadoras de futebol em condições de alta temperatura.

Liderado pelo pesquisador Alberto Pompeo, do Centro de Investigação em Desporto, Educação Física, Exercício e Saúde (CIDEFES) da Universidade Lusófona, em Lisboa, Portugal, o estudo evidenciou questões sobre o desempenho das jogadoras de futebol em condições de alta temperatura. Intitulado “Impact of temperature on physical and cognitive performance in elite female football players during intermittent exercise; (“Impacto da temperatura no desempenho físico e cognitivo em jogadoras de futebol de elite durante exercício intermitente”); o estudo buscou preencher lacunas na literatura científica, especialmente em relação à escassez de pesquisas sobre os efeitos do calor em jogadoras de futebol.

Como foi realizado o estudo?

Enquanto estudos anteriores se concentraram principalmente em jogadores masculinos, este trabalho destaca a importância de entender as respostas fisiológicas e cognitivas específicas das mulheres diante de condições ambientais adversas. Os pequisadores investigaram como o calor afeta não apenas a performance física, mas também as habilidades cognitivas das atletas durante um protocolo de exercícios intermitentes.

Realizado com 21 jogadoras de futebol de elite, o estudo revelou que o desempenho tanto em testes físicos, como o salto em contramovimento, quanto em habilidades cognitivas; como a capacidade de antecipar ações ofensivas dos oponentes, foi significativamente prejudicado em condições de calor intenso. Os resultados sugerem que o ambiente térmico desempenha um papel crucial no rendimento das atletas, com implicações importantes para o treinamento e competições.

Quais resultados foram encontrados?

Durante o protocolo de exercícios intermitentes, as jogadoras demonstraram um aumento linear na frequência cardíaca, atingindo em média 90% de sua frequência cardíaca máxima. Esse aumento foi ainda mais pronunciado em condições de calor, ressaltando o impacto do ambiente na resposta cardiovascular durante o exercício. Além disso, a exposição ao calor não apenas aumentou a demanda cardiovascular, mas também influenciou negativamente o desempenho físico, com uma diminuição na altura máxima do salto e na velocidade de movimento das jogadoras.

No aspecto cognitivo, o estudo revelou que a capacidade de antecipar as ações dos oponentes foi comprometida após a execução do protocolo de exercícios intermitentes, com uma queda na precisão das respostas das jogadoras. Esse efeito foi ainda mais evidente em condições de calor, destacando a sensibilidade das atletas às variações ambientais durante o exercício.

Qual aplicação prática do estudo?

Os resultados desse estudo têm implicações significativas para a preparação e o treinamento de jogadoras de futebol, especialmente em regiões com altas temperaturas. Estratégias como hidratação adequada, adaptação gradual ao calor e implementação de estratégias de resfriamento podem ser adotadas para minimizar os impactos negativos do calor no desempenho físico e cognitivo das jogadoras.

Além disso, o estudo ressalta a necessidade de mais pesquisas sobre esse tema, especialmente no que diz respeito à adaptação das jogadoras ao estresse térmico e às estratégias de treinamento que possam replicar as condições ambientais enfrentadas durante as competições. Considerando a importância da antecipação de jogadas no futebol, entender como o calor afeta essa habilidade pode fornecer dados valiosos para o desenvolvimento de estratégias de treinamento mais eficazes.

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Rodrigo Aquino

Rodrigo Aquino é professor na Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua no Departamento de Desportos e como docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado e Doutorado).

É líder do Grupo de Estudos Pesquisa em Ciências no Futebol (GECIF/UFES) e coordenador do Programa Academia e Futebol (Núcleo UFES), financiado pelo Ministério do Esporte. Seu trabalho envolve a coordenação de projetos técnico-científicos em parceria com categorias de base e equipes profissionais de futebol no Brasil.

Rodrigo é graduado em Educação Física e Esporte pela USP, com especialização em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. Concluiu o mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Acumula experiência prática no futebol desde 2015 como fisiologista e preparador físico em clubes profissionais, além de atuar como treinador e coordenador técnico em categorias de base. Reconhecido academicamente, está entre os 10 cientistas do esporte mais produtivos da América Latina em publicações científicas relacionadas ao futebol.

Neto Pereira

Neto Pereira é um profissional de preparação física e performance esportiva com experiência em clubes do Brasil e do exterior. Atualmente é Preparador Físico no sub-20 do Vasco da Gama.

Trabalhou como Head Performance and Fitness Coach no FC Semey do Cazaquistão (2024). Foi Preparador Físico no Confiança (2023-2024) e Head of Performance and Health no Avaí (2022-2023). Também exerceu o cargo de Coordenador de Performance no Confiança (2022) e trabalhou como Fisiologista no CRB (2021-2022) e no próprio Confiança (2019-2021).

Possui Mestrado em Saúde e Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe e Especialização em Desempenho Humano pela Universidade Tiradentes (Unit). Suas principais competências incluem preparação física, análise de desempenho, força, potência e velocidade no esporte.

Rafael Grazioli

Rafael Grazioli, natural de Canoas (RS), é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano.

Com nove anos de experiência atuando como coordenador científico e fisiologista no futebol profissional, ele passou as últimas três temporadas no Guarani de Campinas (SP) antes de ser anunciado pelo Criciúma em janeiro de 2025.