Formas de ataque no futebol: quais são e como analisar?

Por: Guilherme Tadashi

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O futebol se manifesta como uma modalidade com pouca eficácia quando comparado aos outros esportes coletivos. Dessa forma, o grande professor Castelo, mostra que a relação entre o número de ações ofensivas e os gols obtidos é muito reduzido. Cerca de 10% dos ataques terminam em finalizações e apenas 1% em gol.

Essa desvantagem do futebol é um motivo de interesse que nos desperta uma vontade de perceber os métodos ofensivos, visto que, um ataque que resulte em gol, GERALMENTE, é reflexo de um futebol agradável.

Mas afinal, o que são, quem criou e de onde surgiram os métodos ofensivos?

As formas de ataque no futebol

Em primeiro lugar, a forma geral de organização das dinâmicas dos jogadores no ataque é definida como: métodos de jogo ofensivo (MJO), que são compostos por um conjunto de princípios contidos no modelo de jogo. Este termo foi concebido em Portugal e teorizado pelo estudioso Jorge Castelo, classificando os MJO em três formas fundamentais:

  1. Contra-ataque;
  2. Ataque rápido;
  3. Ataque posicional.

Contudo, vale destacar que além da equipe poder realizar mais de um MJO, ela também pode conseguir interagir um método no outro. Por exemplo, começar o processo ofensivo com ataque rápido para posteriormente atacar posicionalmente, como o Liverpool do Klopp em algumas ocasiões.

Por isso, cabe aos analistas de jogos classificarem o método mais predominante que o time executa para decodificar as ideias do treinador.

Contra-ataque

O contra-ataque é uma ação tática durante a transição ofensiva, em que, logo após ter conquistado a posse de bola, a equipe chegará o mais rápido possível à baliza adversária, mas sem que o oponente tenha tempo para se organizar defensivamente.

Comportamentos:

  • Rápida transição das atitudes e comportamentos individuais e coletivos, após a recuperação da posse de bola;
  • Elevada velocidade da transição da zona de recuperação da posse de bola até o terço final do campo;
  • Número reduzido de jogadores que contactam a bola.

Ataque rápido

Enquanto no contra-ataque os oponentes estão desorganizados defensivamente, no ataque rápido, o processo ofensivo é preparado com a defesa adversária já organizada.

Comportamentos:

  • Circulação da bola predominantemente em profundidade, com passes rápidos e com poucas utilizações de jogadores;
  • Curto tempo de realização do ataque;
  • Ritmo de jogo elevado.

Ataque posicional

Este MJO parte da filosofia de que o jogo tem apenas uma bola, ou você fica com ela, ou ela estará com o time adversário. Se você tem a bola, o outro time não tem como marcar gols

Portanto, a fase de construção torna-se mais demorada, apresentando desmarcações de apoio, coberturas ofensivas e passes curtos.

Em sua autobiografia, Cruyff evidencia ser de extrema importância instruir os jogadores de como realizar os passes no ataque posicional. Se a bola está lenta, o rival tem tempo de se aproximar um pouco mais. Se a bola estiver sendo passada rapidamente, há uma boa chance do rival chegar tarde demais. Poucos técnicos conseguem ensinar isso aos jogadores e, como resultado, eles ficam mais estressados.

Comportamentos:

  • Circulação da bola predominantemente em largura do que em profundidade;
  • Elevado dispêndio temporal;
  • Muitos jogadores e passes envolvidos na organização ofensiva.

Mas cuidado! Ataque posicional e jogo de posição não significam a mesma coisa. Então, se você não tem conhecimento destes conceitos, ao final do texto, sugiro a seguinte leitura: qual a diferença entre Jogo de Posição e Ataque Posicional.

Analisando os métodos de jogo ofensivo

Primeiramente, gostaria de destacar que há inúmeras formas para se analisar um jogo de futebol. Então, o que for descrito a seguir são apenas sugestões que facilitaram a minha leitura de jogo. Ou seja, você pode as usufruir ou não, basta refletir e utilizar a metodologia com a qual mais lhe convém.

Para analisar as formas de ataque da equipe no futebol, primeiramente, divido o campo em 3 sub-fases: fase de construção, fase de criação e fase de finalização.

Em seguida, em cada uma dessas fases, realizo as seguintes perguntas: como, com quantos e por onde a equipe progride?

Diante disso, a resposta a essas perguntas o JOGO que nos dará! Assim, você interpretará o MJO mais predominante, bem como os padrões ofensivos mais frequentes do coletivo.

Mas no final, a grande questão é entender como os jogadores geram vantagens em determinadas defesas e como eles aproveitam as vulnerabilidades do adversário, pois entendendo a parte tática do jogo, você consegue entender o porquê de cada ação, argumenta o treinador Rodrigo Leitão.

Dessa forma, a partida inteira se torna interessante, e não apenas o momento do gol, que como disse Carlos Alberto Parreira, é só um detalhe.

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Referências:

  • Castelo, J. (1994). Futebol, Modelo Técnico – Tático do Jogo. Edições F.M.H.
  • Castelo, J. (1996): Futebol – “A organização do jogo”. Lisboa. Edição do autor.
  • Garganta, J. (1997): Modelação táctica do Futebol. Estudo da organização ofensiva de equipas de alto nível de rendimento. Dissertação de doutoramento (não publicada). FCDEF-UP.
  • Castelo, J. (2004). Futebol – organização dinâmica do jogo. Lisboa: FMH-UTL.

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