As funções de um treinador de futebol

Data:

Imagem de Łukasz Wyrwik por Pixabay

Compartilhe:

Ensina? Treina? Orienta? Motiva? Afinal, o que faz um treinador de futebol? Antes de responder essa pergunta, deixe-me contar uma breve história.

Quando eu comecei a frequentar as escolinhas e os clubes de futebol, de forma pura e ingênua eu refletia: “por que o treinador age diferente com os grandes? Desde então, observei cada comportamento dos professores que tive, e percebi que eles se adequam nos mais variados contextos em que se inserem. Ou seja, há um motivo quando os atletas chamam o técnico de futebol de treinador, professor, “paizão”, entre outras denominações.

Dito isso, ao longo desse texto você saberá os inúmeros papéis que um treinador de futebol pode exercer.

Os papeis do treinador de futebol em equipes infantis

Nas equipes infantis, a organização dos treinos é baseada em conteúdos pedagógicos para a formação das crianças. Nesse contexto, o treinador de futebol é responsável pelo ensinamento dos fundamentos mais básicos do esporte, como condução, domínio, passe, finalização, etc. Além disso, criar um ambiente lúdico é fundamental para o aprendizado, visto que são nestes momentos que o sentimento de liberdade se manifesta. Logo, é na ludicidade que o indivíduo experiencia uma derrota, trabalha em equipe e respeita os adversários. Porém, não podemos confundir liberdade com anarquia.

Para propor os exercícios, é recomendável ter um significado, já que os educadores comprovam, que aprendemos melhor aquilo que nos faz sentido. Portanto, é tarefa do treinador de futebol estimular a reflexão dos jovens em determinados cenários, sendo assim, um professor.

Nesse sentido, você que atua como treinador de futebol, também age como educador?

As responsabilidades do treinador de futebol em equipes juniores

É nesse período que os jovens começam a amadurecer os aspectos dentro das quatro linhas: físico, psicológico, tático e técnico. Diante disso, são capazes de receber sobrecargas maiores e mais específicas para o seu rendimento em campo. Portanto, com o intuito de uma gestão eficaz, o treinador de futebol necessita apresentar o seu papel de líder democrático. Isto é, ter autoridade e não ser autoritário. Há uma diferença, pois o treinador com autoridade, constrói um espaço de ensino-aprendizagem. Já o treinador autoritário, promove um ambiente mecanizado e deseja vencer a qualquer custo.

Assessorado por uma comissão técnica, os treinadores de futebol elaboram o seu plano de trabalho para indicar metas a curto, médio e longo prazo. Assim, inserem mais complexidade no aspecto técnico/tático durante os treinamentos. Isso significa, o aprimoramento do movimento com a perfeita distribuição e gestão dos jogadores nos espaços do campo. Entretanto, com as dificuldades financeiras de muitas instituições, existe a escassez de profissionais na comissão técnica. Para isso, cabe ao treinador de futebol trabalhar os elementos físicos e psicológicos da equipe também, mesmo sem formação adequada para estas atividades.

As tarefas do treinador de futebol em equipes profissionais

Em categorias profissionais, as responsabilidades não param por aí, visto que a equipe técnica já é vista com maior frequência. Dessa maneira, o treinador de futebol planeja reuniões com a comissão técnica, de modo a facilitar o alcance dos objetivos propostos.

Nesse contexto, é necessário propor um modelo de jogo, para permitir que a equipe encontre uma sintonia nos diferentes momentos do jogo.

Para mais, com o auxílio de um analista de desempenho, o treinador de futebol compreende os pontos fortes e fracos do seu próprio plantel e do adversário. Ao passo que, a função de escalar os jogadores ideais e mediar as substituições é responsabilidade do técnico de futebol. Contudo, nem sempre as soluções serão advindas deste profissional, pois Phil Jackson, conhecido por ser o ex-treinador mais vencedor da NBA, afirma que alguns jogadores conhecem o problema melhor do que a comissão técnica. Porque estão no meio dos acontecimentos e podem sentir intuitivamente as forças e as fraquezas dos adversários.

Em conclusão, é notório que é extremamente difícil ser um treinador de futebol, perante o qual é considerado uma carreira injusta por haver uma cultura “resultadista” de curto prazo. Mas vale ressaltar que para ser um bom técnico, não basta ter informação, é necessário ter também sabedoria, enxergar os detalhes. Afinal, com diz o craque Tostão: “a sabedoria não está nos livros, mas sem eles, não há sabedoria”.

Fontes e Referências

A Organização do Trabalho de Treinadores de Treinadores de Futebol: Estratégias de Ação e Produtividade de Equipes Profissionais

Aprendizagem Significativa: modalidades de aprendizagem e o papel do professor

Boniteza de um sonho: Ensinar e aprender com sentido

Cestas Sagradas

Veja abaixo um episódio em nosso Podcast sobre o assunto:

Instagram do autor: g_tadashi

Para receber conteúdos como esse em seu e-mail, participe da nossa Newsletter.

spot_img
spot_img

Posts Relacionados

Quais os critérios utilizados por treinadores da base no processo de seleção de jovens no Futebol?

Uma pesquisa recente investigou os fatores que influenciam a seleção de jovens jogadores de futebol. O estudo foi...

Os dados de GPS devem ser normalizados para monitoramento de desempenho e fadiga no futebol?

Um novo estudo publicado na revista German Journal of Exercise and Sport Research em junho de 2025 questiona a...

O que influencia a velocidade máxima nas partidas ao longo de uma temporada no Futebol?

Um estudo recente analisou a velocidade máxima atingida por jogadores de futebol durante as partidas, levando em consideração...

Tratamentos para dor crônica em jogadores de Futebol

Um estudo em formato de revisão integrativa analisou a eficácia de tratamentos farmacológicos e não farmacológicos na gestão...

João Bonfatti

João Bonfatti atualmente trabalha como Coordenador do setor de Análise de Desempenho no América-MG. Antes disso, teve passagens pelo Vasco da Gama, onde atuou em diferentes categorias: foi auxiliar técnico do Sub-20, treinador interino do Sub-17 e auxiliar técnico do Sub-17.

Atuou também pelo Atlético-MG, onde desempenhou o papel de auxiliar técnico do Sub-15. No Corinthians, auxiliar técnico do Sub-14, além de exercer a função de supervisor metodológico.

Sua formação inclui o Bacharelado em Futebol pela Universidade Federal de Viçosa e a Licença B da CBF Academy, o que reforça sua base teórica e prática no desenvolvimento de atletas.

Felipe Bonholi

Felipe Bonholi integra a equipe do Palmeiras como Analista de Desempenho no Centro de Formação de Atletas (CFA), contribuindo para o desenvolvimento e acompanhamento de jovens talentos.

Antes disso, acumulou cinco anos de experiência na Ferroviária, onde atuou como Analista de Desempenho da equipe profissional, e no São Carlos Futebol Clube na mesma função.

Sua formação acadêmica inclui Bacharelado em Administração de Empresas pela UNIARA (2014–2017) e graduação em andamento em Educação Física pela mesma instituição, iniciada em 2019.

Com sólida base teórica e ampla experiência prática, Felipe Bonholi se destaca por sua capacidade de integrar análise técnica, gestão e visão estratégica no contexto esportivo, contribuindo para o desempenho e evolução de atletas e equipes.

Mylena Baransk

Mylena Baransk é doutora em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná e mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, onde também concluiu sua graduação em Educação Física – Bacharelado. Especialista em futsal com foco em análise de desempenho, atuou como docente em cursos do ensino superior e analista de desempenho no futebol.

Atualmente, exerce a função de analista de desempenho no Clube Atlético Mineiro, onde trabalha desde agosto de 2024. Antes disso, desempenhou a mesma função na Associação Ferroviária de Esportes entre março e agosto de 2024, atuando em Araraquara, São Paulo.

Além da atuação em clubes, possui experiência acadêmica como docente, tendo lecionado na UniCesumar entre julho e outubro de 2023, em Curitiba, Paraná. Também foi professora na UNIFATEB, onde atuou por quase três anos, de fevereiro de 2021 a outubro de 2023, em Telêmaco Borba, Paraná.

Com forte presença na área de análise de desempenho no futebol, também é CEO da Statisticsfut, onde se dedica ao desenvolvimento de conteúdos e estratégias voltadas à análise estatística e desempenho esportivo.

Nathália Arnosti

Nathália Arnosti é uma profissional de destaque na área de Fisiologia do Esporte e Preparação Física, com sólida formação acadêmica e ampla experiência no futebol brasileiro.

Bacharel e mestre em Educação Física pela Universidade Metodista de Piracicaba e doutora pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ela construiu uma carreira marcada pela integração entre ciência e prática esportiva.

No cenário dos clubes, já contribuiu com equipes como Athletico Paranaense, Red Bull Bragantino, Palmeiras, Audax, Ferroviária e Ponte Preta. Em janeiro de 2024, assumiu o cargo de fisiologista do Cruzeiro, reforçando seu papel como referência no acompanhamento e otimização do desempenho esportivo.

Rodrigo Aquino

Rodrigo Aquino é professor na Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua no Departamento de Desportos e como docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado e Doutorado).

É líder do Grupo de Estudos Pesquisa em Ciências no Futebol (GECIF/UFES) e coordenador do Programa Academia e Futebol (Núcleo UFES), financiado pelo Ministério do Esporte. Seu trabalho envolve a coordenação de projetos técnico-científicos em parceria com categorias de base e equipes profissionais de futebol no Brasil.

Rodrigo é graduado em Educação Física e Esporte pela USP, com especialização em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. Concluiu o mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Acumula experiência prática no futebol desde 2015 como fisiologista e preparador físico em clubes profissionais, além de atuar como treinador e coordenador técnico em categorias de base. Reconhecido academicamente, está entre os 10 cientistas do esporte mais produtivos da América Latina em publicações científicas relacionadas ao futebol.

Neto Pereira

Neto Pereira é um profissional de preparação física e performance esportiva com experiência em clubes do Brasil e do exterior. Atualmente é Preparador Físico no sub-20 do Vasco da Gama.

Trabalhou como Head Performance and Fitness Coach no FC Semey do Cazaquistão (2024). Foi Preparador Físico no Confiança (2023-2024) e Head of Performance and Health no Avaí (2022-2023). Também exerceu o cargo de Coordenador de Performance no Confiança (2022) e trabalhou como Fisiologista no CRB (2021-2022) e no próprio Confiança (2019-2021).

Possui Mestrado em Saúde e Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe e Especialização em Desempenho Humano pela Universidade Tiradentes (Unit). Suas principais competências incluem preparação física, análise de desempenho, força, potência e velocidade no esporte.

Rafael Grazioli

Rafael Grazioli, natural de Canoas (RS), é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano.

Com nove anos de experiência atuando como coordenador científico e fisiologista no futebol profissional, ele passou as últimas três temporadas no Guarani de Campinas (SP) antes de ser anunciado pelo Criciúma em janeiro de 2025.