Formas de ataque no futebol: quais são e como analisar?

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Foto de Waldemar na Unsplash

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O futebol se manifesta como uma modalidade com pouca eficácia quando comparado aos outros esportes coletivos. Dessa forma, o grande professor Castelo, mostra que a relação entre o número de ações ofensivas e os gols obtidos é muito reduzido. Cerca de 10% dos ataques terminam em finalizações e apenas 1% em gol.

Essa desvantagem do futebol é um motivo de interesse que nos desperta uma vontade de perceber os métodos ofensivos, visto que, um ataque que resulte em gol, GERALMENTE, é reflexo de um futebol agradável.

Mas afinal, o que são, quem criou e de onde surgiram os métodos ofensivos?

As formas de ataque no futebol

Em primeiro lugar, a forma geral de organização das dinâmicas dos jogadores no ataque é definida como: métodos de jogo ofensivo (MJO), que são compostos por um conjunto de princípios contidos no modelo de jogo. Este termo foi concebido em Portugal e teorizado pelo estudioso Jorge Castelo, classificando os MJO em três formas fundamentais:

  1. Contra-ataque;
  2. Ataque rápido;
  3. Ataque posicional.

Contudo, vale destacar que além da equipe poder realizar mais de um MJO, ela também pode conseguir interagir um método no outro. Por exemplo, começar o processo ofensivo com ataque rápido para posteriormente atacar posicionalmente, como o Liverpool do Klopp em algumas ocasiões.

Por isso, cabe aos analistas de jogos classificarem o método mais predominante que o time executa para decodificar as ideias do treinador.

Contra-ataque

O contra-ataque é uma ação tática durante a transição ofensiva, em que, logo após ter conquistado a posse de bola, a equipe chegará o mais rápido possível à baliza adversária, mas sem que o oponente tenha tempo para se organizar defensivamente.

Comportamentos:

  • Rápida transição das atitudes e comportamentos individuais e coletivos, após a recuperação da posse de bola;
  • Elevada velocidade da transição da zona de recuperação da posse de bola até o terço final do campo;
  • Número reduzido de jogadores que contactam a bola.

Ataque rápido

Enquanto no contra-ataque os oponentes estão desorganizados defensivamente, no ataque rápido, o processo ofensivo é preparado com a defesa adversária já organizada.

Comportamentos:

  • Circulação da bola predominantemente em profundidade, com passes rápidos e com poucas utilizações de jogadores;
  • Curto tempo de realização do ataque;
  • Ritmo de jogo elevado.

Ataque posicional

Este MJO parte da filosofia de que o jogo tem apenas uma bola, ou você fica com ela, ou ela estará com o time adversário. Se você tem a bola, o outro time não tem como marcar gols

Portanto, a fase de construção torna-se mais demorada, apresentando desmarcações de apoio, coberturas ofensivas e passes curtos.

Em sua autobiografia, Cruyff evidencia ser de extrema importância instruir os jogadores de como realizar os passes no ataque posicional. Se a bola está lenta, o rival tem tempo de se aproximar um pouco mais. Se a bola estiver sendo passada rapidamente, há uma boa chance do rival chegar tarde demais. Poucos técnicos conseguem ensinar isso aos jogadores e, como resultado, eles ficam mais estressados.

Comportamentos:

  • Circulação da bola predominantemente em largura do que em profundidade;
  • Elevado dispêndio temporal;
  • Muitos jogadores e passes envolvidos na organização ofensiva.

Mas cuidado! Ataque posicional e jogo de posição não significam a mesma coisa. Então, se você não tem conhecimento destes conceitos, ao final do texto, sugiro a seguinte leitura: qual a diferença entre Jogo de Posição e Ataque Posicional.

Analisando os métodos de jogo ofensivo

Primeiramente, gostaria de destacar que há inúmeras formas para se analisar um jogo de futebol. Então, o que for descrito a seguir são apenas sugestões que facilitaram a minha leitura de jogo. Ou seja, você pode as usufruir ou não, basta refletir e utilizar a metodologia com a qual mais lhe convém.

Para analisar as formas de ataque da equipe no futebol, primeiramente, divido o campo em 3 sub-fases: fase de construção, fase de criação e fase de finalização.

Em seguida, em cada uma dessas fases, realizo as seguintes perguntas: como, com quantos e por onde a equipe progride?

Diante disso, a resposta a essas perguntas o JOGO que nos dará! Assim, você interpretará o MJO mais predominante, bem como os padrões ofensivos mais frequentes do coletivo.

Mas no final, a grande questão é entender como os jogadores geram vantagens em determinadas defesas e como eles aproveitam as vulnerabilidades do adversário, pois entendendo a parte tática do jogo, você consegue entender o porquê de cada ação, argumenta o treinador Rodrigo Leitão.

Dessa forma, a partida inteira se torna interessante, e não apenas o momento do gol, que como disse Carlos Alberto Parreira, é só um detalhe.

Contato do autor
Instagram: g_tadashi

Referências:

  • Castelo, J. (1994). Futebol, Modelo Técnico – Tático do Jogo. Edições F.M.H.
  • Castelo, J. (1996): Futebol – “A organização do jogo”. Lisboa. Edição do autor.
  • Garganta, J. (1997): Modelação táctica do Futebol. Estudo da organização ofensiva de equipas de alto nível de rendimento. Dissertação de doutoramento (não publicada). FCDEF-UP.
  • Castelo, J. (2004). Futebol – organização dinâmica do jogo. Lisboa: FMH-UTL.

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Wesley Fernandes

Wesley Luiz Fernandes atua como Preparador Físico de Força, Condicionamento e Return to Play no Red Bull Bragantino. Também é fundador da SPAI, empresa focada em Inteligência Artificial, desenvolvimento de sistemas e pipelines de dados.

No esporte, trabalhou em clubes de futebol como Atlético-MG e América Locomotiva.

Possui formação em Ciência do Esporte (Mestrado e Bacharelado pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG) e cursa Engenharia de Software (UniCesumar).

Matheus Gasques

Matheus Gasques é Preparador Físico e Coordenador de Rendimento com passagens Club Sporting Cristal, Atlético Mineiro, Santos, América-MG e Inter de Limeira

Possui graduação em Educação Física com Especialização em Treinamento no Futebo. Possui licenças da CBF e AFA.

Recentemente lançou o livro digital: Retorno ao Jogo após Lesões Musculares no Futebol.

João Bonfatti

João Bonfatti atualmente trabalha como Coordenador do setor de Análise de Desempenho no América-MG. Antes disso, teve passagens pelo Vasco da Gama, onde atuou em diferentes categorias: foi auxiliar técnico do Sub-20, treinador interino do Sub-17 e auxiliar técnico do Sub-17.

Atuou também pelo Atlético-MG, onde desempenhou o papel de auxiliar técnico do Sub-15. No Corinthians, auxiliar técnico do Sub-14, além de exercer a função de supervisor metodológico.

Sua formação inclui o Bacharelado em Futebol pela Universidade Federal de Viçosa e a Licença B da CBF Academy, o que reforça sua base teórica e prática no desenvolvimento de atletas.

Felipe Bonholi

Felipe Bonholi integra a equipe do Palmeiras como Analista de Desempenho no Centro de Formação de Atletas (CFA), contribuindo para o desenvolvimento e acompanhamento de jovens talentos.

Antes disso, acumulou cinco anos de experiência na Ferroviária, onde atuou como Analista de Desempenho da equipe profissional, e no São Carlos Futebol Clube na mesma função.

Sua formação acadêmica inclui Bacharelado em Administração de Empresas pela UNIARA (2014–2017) e graduação em andamento em Educação Física pela mesma instituição, iniciada em 2019.

Com sólida base teórica e ampla experiência prática, Felipe Bonholi se destaca por sua capacidade de integrar análise técnica, gestão e visão estratégica no contexto esportivo, contribuindo para o desempenho e evolução de atletas e equipes.

Mylena Baransk

Mylena Baransk é doutora em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná e mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, onde também concluiu sua graduação em Educação Física – Bacharelado. Especialista em futsal com foco em análise de desempenho, atuou como docente em cursos do ensino superior e analista de desempenho no futebol.

Atualmente, exerce a função de analista de desempenho no Clube Atlético Mineiro, onde trabalha desde agosto de 2024. Antes disso, desempenhou a mesma função na Associação Ferroviária de Esportes entre março e agosto de 2024, atuando em Araraquara, São Paulo.

Além da atuação em clubes, possui experiência acadêmica como docente, tendo lecionado na UniCesumar entre julho e outubro de 2023, em Curitiba, Paraná. Também foi professora na UNIFATEB, onde atuou por quase três anos, de fevereiro de 2021 a outubro de 2023, em Telêmaco Borba, Paraná.

Com forte presença na área de análise de desempenho no futebol, também é CEO da Statisticsfut, onde se dedica ao desenvolvimento de conteúdos e estratégias voltadas à análise estatística e desempenho esportivo.

Nathália Arnosti

Nathália Arnosti é uma profissional de destaque na área de Fisiologia do Esporte e Preparação Física, com sólida formação acadêmica e ampla experiência no futebol brasileiro.

Bacharel e mestre em Educação Física pela Universidade Metodista de Piracicaba e doutora pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ela construiu uma carreira marcada pela integração entre ciência e prática esportiva.

No cenário dos clubes, já contribuiu com equipes como Athletico Paranaense, Red Bull Bragantino, Palmeiras, Audax, Ferroviária e Ponte Preta. Em janeiro de 2024, assumiu o cargo de fisiologista do Cruzeiro, reforçando seu papel como referência no acompanhamento e otimização do desempenho esportivo.

Rodrigo Aquino

Rodrigo Aquino é professor na Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua no Departamento de Desportos e como docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado e Doutorado).

É líder do Grupo de Estudos Pesquisa em Ciências no Futebol (GECIF/UFES) e coordenador do Programa Academia e Futebol (Núcleo UFES), financiado pelo Ministério do Esporte. Seu trabalho envolve a coordenação de projetos técnico-científicos em parceria com categorias de base e equipes profissionais de futebol no Brasil.

Rodrigo é graduado em Educação Física e Esporte pela USP, com especialização em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. Concluiu o mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Acumula experiência prática no futebol desde 2015 como fisiologista e preparador físico em clubes profissionais, além de atuar como treinador e coordenador técnico em categorias de base. Reconhecido academicamente, está entre os 10 cientistas do esporte mais produtivos da América Latina em publicações científicas relacionadas ao futebol.

Neto Pereira

Neto Pereira é um profissional de preparação física e performance esportiva com experiência em clubes do Brasil e do exterior. Atualmente é Preparador Físico no sub-20 do Vasco da Gama.

Trabalhou como Head Performance and Fitness Coach no FC Semey do Cazaquistão (2024). Foi Preparador Físico no Confiança (2023-2024) e Head of Performance and Health no Avaí (2022-2023). Também exerceu o cargo de Coordenador de Performance no Confiança (2022) e trabalhou como Fisiologista no CRB (2021-2022) e no próprio Confiança (2019-2021).

Possui Mestrado em Saúde e Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe e Especialização em Desempenho Humano pela Universidade Tiradentes (Unit). Suas principais competências incluem preparação física, análise de desempenho, força, potência e velocidade no esporte.

Rafael Grazioli

Rafael Grazioli, natural de Canoas (RS), é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano.

Com nove anos de experiência atuando como coordenador científico e fisiologista no futebol profissional, ele passou as últimas três temporadas no Guarani de Campinas (SP) antes de ser anunciado pelo Criciúma em janeiro de 2025.