Especialista fala como é o treino de força no Futebol

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No contexto do futebol atual, o treinamento de força desempenha um papel essencial para que os atletas alcancem seu máximo desempenho e mantenham-se protegidos durante as exigências físicas intensas das partidas. O trabalho de força não se resume apenas a levantar pesos em academias, mas abrange uma abordagem mais ampla e estratégica, adaptada à realidade do esporte.

E para entender mais sobre o assunto, conversamos com Fedato Filho no episódio 150 do Podcast Ciência da Bola. Fedato é Head Performance no Internacional e já teve passagens pelo Corinthians e também em clubes do oriente médio. Confira o que ele disse sobre como é feito o trabalho de força com jogadores profissionais no Futebol.

Qual a importância da força no Futebol?

Fedato Filho: Qualquer movimento realizado durante uma partida exige força. Seja para chutar, acelerar ou alcançar altas velocidades, a força é fundamental. Ela é um dos pilares que suportam o desempenho de um atleta em campo. Quando o jogador está bem preparado em termos de força, ele consegue executar os movimentos que o jogo demanda com menos desgaste físico, minimizando o “preço” que seu corpo paga a cada ação explosiva.

Além disso, a força está presente em todos os movimentos, desde os mais simples até os mais complexos, e por isso, seu desenvolvimento é considerado imprescindível. Sem um trabalho consistente de força, há uma perda gradual desse atributo, mesmo com o atleta jogando regularmente.

Foto: Caiçara FM

E como é a estruturação do treinamento de força?

O treinamento de força no futebol não é algo estático. Ele varia de acordo com o calendário de jogos. Em semanas com apenas um jogo (domingo a domingo), há mais liberdade para um treinamento de força mais estruturado. Já em períodos de jogos consecutivos (domingo e quarta-feira, por exemplo), é preciso adotar estratégias diferenciadas, como micro-doses de treino para evitar perda significativa de força.

Os atletas realizam uma base de força em ambientes indoor, com exercícios menos específicos ao jogo. No entanto, a evolução das metodologias permite que até mesmo na academia, movimentos mais voltados ao futebol, como dominâncias de quadril e joelho, sejam treinados com maior especificidade.

Essa base de força é transferida para o campo, onde o trabalho é feito de forma mais dinâmica, com velocidade e carga para gerar potência. Saltos, força horizontal e o uso de trenós são exemplos de atividades realizadas para maximizar essa potência no campo.

Foto: Linkedin/Fedato Filho (Arquivo Pessoal)

O que são as Micro-doses de força?

Quando os atletas enfrentam um calendário com jogos em dias muito próximos, o desafio é manter o nível de força sem prejudicar a recuperação. Para isso, são utilizadas as chamadas “micro-doses” de força. São sessões curtas, com poucos exercícios, mas que permitem manter a estimulação necessária para não haver uma perda significativa de força.

A ideia é incluir 3 a 4 exercícios altamente direcionados, com carga alta, mas de curta duração, logo após o jogo ou no dia seguinte. Isso permite que os atletas mantenham uma boa resposta muscular e neural, preservando a performance para as partidas subsequentes.

Como é o treinamento preventivo e ativação muscular?

Além do trabalho de força mais intenso, o clube também implementa exercícios preventivos e de ativação antes dos treinos, com cargas baixas, mas suficientes para proteger o atleta e preparar sua musculatura para as atividades em campo. Esse tipo de treinamento é essencial para evitar lesões e melhorar o rendimento durante as sessões de treino.

Existe o treinamento na academia de musculação?

No clube, há uma forte presença do trabalho de academia, especialmente para os membros superiores. A maioria dos jogadores realiza esse tipo de exercício 3 a 4 vezes por semana, seja antes ou depois dos treinos. Há também o uso de trenós, corridas com resistência e uma pista de grama dentro da academia para fazer a transição do treino de força indoor para o campo, proporcionando aos jogadores um preparo mais completo.

Confira a conversa completa com Fedato Filho:

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Rodrigo Aquino

Rodrigo Aquino é professor na Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua no Departamento de Desportos e como docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado e Doutorado).

É líder do Grupo de Estudos Pesquisa em Ciências no Futebol (GECIF/UFES) e coordenador do Programa Academia e Futebol (Núcleo UFES), financiado pelo Ministério do Esporte. Seu trabalho envolve a coordenação de projetos técnico-científicos em parceria com categorias de base e equipes profissionais de futebol no Brasil.

Rodrigo é graduado em Educação Física e Esporte pela USP, com especialização em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. Concluiu o mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Acumula experiência prática no futebol desde 2015 como fisiologista e preparador físico em clubes profissionais, além de atuar como treinador e coordenador técnico em categorias de base. Reconhecido academicamente, está entre os 10 cientistas do esporte mais produtivos da América Latina em publicações científicas relacionadas ao futebol.

Neto Pereira

Neto Pereira é um profissional de preparação física e performance esportiva com experiência em clubes do Brasil e do exterior. Atualmente é Preparador Físico no sub-20 do Vasco da Gama.

Trabalhou como Head Performance and Fitness Coach no FC Semey do Cazaquistão (2024). Foi Preparador Físico no Confiança (2023-2024) e Head of Performance and Health no Avaí (2022-2023). Também exerceu o cargo de Coordenador de Performance no Confiança (2022) e trabalhou como Fisiologista no CRB (2021-2022) e no próprio Confiança (2019-2021).

Possui Mestrado em Saúde e Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe e Especialização em Desempenho Humano pela Universidade Tiradentes (Unit). Suas principais competências incluem preparação física, análise de desempenho, força, potência e velocidade no esporte.

Rafael Grazioli

Rafael Grazioli, natural de Canoas (RS), é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano.

Com nove anos de experiência atuando como coordenador científico e fisiologista no futebol profissional, ele passou as últimas três temporadas no Guarani de Campinas (SP) antes de ser anunciado pelo Criciúma em janeiro de 2025.