A psicologia no futebol de base

Data:

Foto de Pamela Buenrostro na Unsplash

Compartilhe:

A Psicologia no futebol de base é parte indispensável na formação de jogadores. Aliás, para além da formação no esporte, a psicologia possui um viés educativo nas categorias de base. Tanto que o certificado de clube formador da CBF, impõe como pré-requisito a existência de um profissional da Psicologia prestando serviço aos clubes.

Dessa maneira, o processo de formação dos jogadores necessita de vários componentes que nem sempre os clubes tem capacidade de oferecer. Isso porque os cuidados de maneira integral aos jovens jogadores custam muito para times de pequeno porte. Assim, a esmagadora maioria dos clubes brasileiros não possuem certificado de clube formador. Então o que é possível fazermos com o que temos?

O adolescente no futebol

As mudanças radicais que acontecem na adolescência geralmente são motivo de vários conflitos para os atletas. Nesse período eles estão formando uma identidade ao passo que estão desenvolvendo habilidades de jogo. Com isso, o período conturbado pode ser trabalhado de maneira que os prejuízos não sejam tão grandes. E um acompanhamento com os garotos e com a família é de grande importância nesse momento.

Papel dos pais e treinadores

Sob o mesmo ponto de vista, a responsabilidade dos pais e treinadores nesse momento de transição é enorme. Muitas vezes a pressão exercida pelos pais/treinadores acaba prejudicando. Isso porque muitas vezes os pais/treinadores confundem pressão com motivação. Não se trata de colocar termos positivos para os atletas ou diminuir a cobrança, mas sim de mostrar as possibilidades reais sem desmotivar ou desmerecer.

Um dos pontos a serem observados é a relação entre expectativa e objetivos. Muitas vezes as expectativas são irreais e/ou os objetivos inalcançáveis. O desempenho de um jovem jogador tende a oscilar bastante e por isso não é interessante criar rótulos. Já vimos muitos jogadores tidos como promessas que não vingaram. Do mesmo modo jogadores dispensados que fizeram história em outros clubes.

Assim, em relação ao processo de amadurecimento, os jogadores diferem bastante. Tanto o amadurecimento psicológico quanto físico. Portanto, isso tem que ser levado em consideração para um melhor processo de ensino-aprendizagem. Aliás, a formação dos atletas deve respeitar as necessidades de cada um. Ao contrário do que se pensava antigamente, o processo de formação não é um processo de seleção dos mais prontos. A formação se dá pelo desenvolvimento das potencialidades e a correção dos erros.

E o que a psicologia no futebol de base tem a oferecer?

Em categorias de base o papel da Psicologia é diferente do alto rendimento. Apesar da urgência por resultados nas categorias de base, o desenvolvimento dos jogadores é o principal objetivo. Há uma necessidade de trabalhar um equilíbrio entre o desenvolvimento pessoal e profissional do atleta, com a busca por uma boa performance. Simultaneamente, há nas categorias de base uma função desportiva e uma função social.

Além das situações já mencionadas, nas categorias de base pode ser começado o treinamento de habilidades psicológicas. Pois as alterações de humor, agressividade e oscilações de desempenho são mais frequentes nessa faixa etária. E com isso o desenvolvimento da competência emocional se dá depois das competências técnicas, táticas e físicas.

Qual a função do psicólogo nas categorias de base no futebol?

Em síntese, o Psicólogo acompanha o desenvolvimento dos jovens, gerenciando conflitos e observando possíveis pontos positivos e negativos no processo de formação. Ao mesmo tempo, ele também inicia o processo de ensino de habilidades usadas no futebol profissional.

Fontes e Referências

Estrategias psicológicas para potenciar el cambio y el aprendizaje en futbolistas jóvenes

A psicologia aplicada às categorias de base do futebol

Autor- Instagram: @28padilha
matheuspadilhaar@gmail.com

Confira um episódio do Podcast Ciência da Bola que fala sobre o assunto:

Para receber conteúdos como esse em seu e-mail, participe da nossa Newsletter.

spot_img
spot_img

Posts Relacionados

Quais os critérios utilizados por treinadores da base no processo de seleção de jovens no Futebol?

Uma pesquisa recente investigou os fatores que influenciam a seleção de jovens jogadores de futebol. O estudo foi...

Os dados de GPS devem ser normalizados para monitoramento de desempenho e fadiga no futebol?

Um novo estudo publicado na revista German Journal of Exercise and Sport Research em junho de 2025 questiona a...

O que influencia a velocidade máxima nas partidas ao longo de uma temporada no Futebol?

Um estudo recente analisou a velocidade máxima atingida por jogadores de futebol durante as partidas, levando em consideração...

Tratamentos para dor crônica em jogadores de Futebol

Um estudo em formato de revisão integrativa analisou a eficácia de tratamentos farmacológicos e não farmacológicos na gestão...

João Bonfatti

João Bonfatti atualmente trabalha como Coordenador do setor de Análise de Desempenho no América-MG. Antes disso, teve passagens pelo Vasco da Gama, onde atuou em diferentes categorias: foi auxiliar técnico do Sub-20, treinador interino do Sub-17 e auxiliar técnico do Sub-17.

Atuou também pelo Atlético-MG, onde desempenhou o papel de auxiliar técnico do Sub-15. No Corinthians, auxiliar técnico do Sub-14, além de exercer a função de supervisor metodológico.

Sua formação inclui o Bacharelado em Futebol pela Universidade Federal de Viçosa e a Licença B da CBF Academy, o que reforça sua base teórica e prática no desenvolvimento de atletas.

Felipe Bonholi

Felipe Bonholi integra a equipe do Palmeiras como Analista de Desempenho no Centro de Formação de Atletas (CFA), contribuindo para o desenvolvimento e acompanhamento de jovens talentos.

Antes disso, acumulou cinco anos de experiência na Ferroviária, onde atuou como Analista de Desempenho da equipe profissional, e no São Carlos Futebol Clube na mesma função.

Sua formação acadêmica inclui Bacharelado em Administração de Empresas pela UNIARA (2014–2017) e graduação em andamento em Educação Física pela mesma instituição, iniciada em 2019.

Com sólida base teórica e ampla experiência prática, Felipe Bonholi se destaca por sua capacidade de integrar análise técnica, gestão e visão estratégica no contexto esportivo, contribuindo para o desempenho e evolução de atletas e equipes.

Mylena Baransk

Mylena Baransk é doutora em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná e mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, onde também concluiu sua graduação em Educação Física – Bacharelado. Especialista em futsal com foco em análise de desempenho, atuou como docente em cursos do ensino superior e analista de desempenho no futebol.

Atualmente, exerce a função de analista de desempenho no Clube Atlético Mineiro, onde trabalha desde agosto de 2024. Antes disso, desempenhou a mesma função na Associação Ferroviária de Esportes entre março e agosto de 2024, atuando em Araraquara, São Paulo.

Além da atuação em clubes, possui experiência acadêmica como docente, tendo lecionado na UniCesumar entre julho e outubro de 2023, em Curitiba, Paraná. Também foi professora na UNIFATEB, onde atuou por quase três anos, de fevereiro de 2021 a outubro de 2023, em Telêmaco Borba, Paraná.

Com forte presença na área de análise de desempenho no futebol, também é CEO da Statisticsfut, onde se dedica ao desenvolvimento de conteúdos e estratégias voltadas à análise estatística e desempenho esportivo.

Nathália Arnosti

Nathália Arnosti é uma profissional de destaque na área de Fisiologia do Esporte e Preparação Física, com sólida formação acadêmica e ampla experiência no futebol brasileiro.

Bacharel e mestre em Educação Física pela Universidade Metodista de Piracicaba e doutora pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ela construiu uma carreira marcada pela integração entre ciência e prática esportiva.

No cenário dos clubes, já contribuiu com equipes como Athletico Paranaense, Red Bull Bragantino, Palmeiras, Audax, Ferroviária e Ponte Preta. Em janeiro de 2024, assumiu o cargo de fisiologista do Cruzeiro, reforçando seu papel como referência no acompanhamento e otimização do desempenho esportivo.

Rodrigo Aquino

Rodrigo Aquino é professor na Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua no Departamento de Desportos e como docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado e Doutorado).

É líder do Grupo de Estudos Pesquisa em Ciências no Futebol (GECIF/UFES) e coordenador do Programa Academia e Futebol (Núcleo UFES), financiado pelo Ministério do Esporte. Seu trabalho envolve a coordenação de projetos técnico-científicos em parceria com categorias de base e equipes profissionais de futebol no Brasil.

Rodrigo é graduado em Educação Física e Esporte pela USP, com especialização em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. Concluiu o mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Acumula experiência prática no futebol desde 2015 como fisiologista e preparador físico em clubes profissionais, além de atuar como treinador e coordenador técnico em categorias de base. Reconhecido academicamente, está entre os 10 cientistas do esporte mais produtivos da América Latina em publicações científicas relacionadas ao futebol.

Neto Pereira

Neto Pereira é um profissional de preparação física e performance esportiva com experiência em clubes do Brasil e do exterior. Atualmente é Preparador Físico no sub-20 do Vasco da Gama.

Trabalhou como Head Performance and Fitness Coach no FC Semey do Cazaquistão (2024). Foi Preparador Físico no Confiança (2023-2024) e Head of Performance and Health no Avaí (2022-2023). Também exerceu o cargo de Coordenador de Performance no Confiança (2022) e trabalhou como Fisiologista no CRB (2021-2022) e no próprio Confiança (2019-2021).

Possui Mestrado em Saúde e Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe e Especialização em Desempenho Humano pela Universidade Tiradentes (Unit). Suas principais competências incluem preparação física, análise de desempenho, força, potência e velocidade no esporte.

Rafael Grazioli

Rafael Grazioli, natural de Canoas (RS), é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano.

Com nove anos de experiência atuando como coordenador científico e fisiologista no futebol profissional, ele passou as últimas três temporadas no Guarani de Campinas (SP) antes de ser anunciado pelo Criciúma em janeiro de 2025.