A competência emocional no futebol

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Foto de Matt W Newman na Unsplash

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A competência emocional no futebol é assunto frequente por parte dos profissionais do esporte. Aliás, sempre vemos discussões sobre comportamento dos jogadores em campo. Seja por jogadas que decidiram uma partida ou por desempenhos abaixo do esperado. Mas o que é essa competência emocional?

Além disso, talvez você mesmo já chamou ou ouviu alguém chamar um jogador de pipoqueiro! Você provavelmente já viu um jogador ser expulso num lance violento aparentemente sem motivo. Da mesma forma, você provavelmente já xingou um jogador por ele estar “dormindo” em campo. Todas essas situações tem explicações que nem sempre ficam claras num primeiro momento.

As competências básicas do jogador de futebol

Em primeiro lugar, vamos definir as competências básicas do jogador de futebol. O atleta de futebol no desempenho de suas funções apresenta 4 competências básicas: técnica, tática, física e emocional.

Competência Técnica

A competência técnica diz respeito à capacidade de utilização do corpo para a solução de um problema imposto ao jogador durante jogo. São ações com e sem a bola, ofensivas e defensivas. Por exemplo: conduções de bola, passes, finalizações, desmarcações, fintas.

Competência Tática

A competência tática diz respeito aos posicionamentos, movimentações e ocupação dos espaços do campo. Essa competência tem a ver com a execução dos princípios táticos propostos no modelo de jogo de cada equipe.

Competência Física

A competência física diz respeito à capacidade fisiológica dos atletas para desempenhar suas funções em campo. Esta é fruto do treinamento físico, que integra conhecimentos da fisiologia, fisioterapia, nutrição e demais áreas do conhecimento biológico.

Competência Emocional

A competência emocional diz respeito à capacidade de regular os próprios estados emocionais. Ela inclui habilidades como: capacidade de controlar os impulsos, motivar-se, gratificação e lidar com as incertezas.

Portanto, é comum observarmos as questões técnicas, físicas e táticas sendo bem mais priorizadas em clubes de futebol. Assim, um exemplo disso é a quantidade de profissionais e o investimento para cada área. Porém, poucos clubes contam com psicólogos em suas comissões técnicas. Dessa forma podemos inferir o porquê dos fatores psicológicos serem os principais responsáveis pelas oscilações no desempenho cotidiano.

A competência emocional no futebol influencia o jogo?

Inúmeras situações de jogo podem revelar pequenos problemas como falta de concentração, irritabilidade, ansiedade, euforia, etc. Isso, contudo, pode ser algo pontual ou frequente. Alguns jogadores apresentam características de personalidade ou padrões de comportamento que podem afetar diretamente o rendimento.

No entanto, quando alguns comportamentos são “fora do aceitável” dentro do esporte, ou acontecem com frequência há um sinal de algo errado. Essas situações, portanto, evidenciam a necessidade de uma implementação do treinamento de habilidades psicológicas (THP). Além disso, é sempre importante ressaltar que esse treinamento deve acontecer o tempo todo, não somente quando algum problema é detectado.

Como é o treinamento de habilidades psicológicas?

Existem vários métodos e técnicas no treinamento de habilidades psicológicas. Eles ajudam a regular a ativação, controle da ansiedade, melhora da concentração, entre outros efeitos. Dessa forma os atletas conseguem estar menos ansiosos, mais tranquilo e focado no jogo. Dessa maneira ele não fará faltas violentas sem motivo.

Mas é claro que cada caso tem suas peculiaridades e o treinamento não é uma fórmula mágica que vai fazer o jogador render mais. Alguns jogadores reagem mais rápido ou melhor, outros não. No entanto importante é realizar os treinamentos baseando-os na necessidade e capacidade de cada um.

Afinal, Johan Cruyff certa vez disse “Você joga futebol com a sua cabeça. Suas pernas estão lá apenas para ajudá-lo”. Assim, compreendendo o futebol como um jogo estratégico, onde a ocupação do território dá vantagem e constantemente se toma decisões, essa frase faz muito sentido. Afinal, é preciso técnica, tática, preparação física e psicológica (emocional) para um bom rendimento no futebol.

Fontes e Referências:

Glossário do Futebol Brasileiro: Termos e Conceitos Relacionados às Dimensões Técnica e Tática.

Livro “Competência Emocional: O caminho da vitória para equipes de futebol” da Psicóloga Suzy Fleury

Autor- Instagram: @28padilha

Veja abaixo um episódio em nosso Podcast sobre o assunto:

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João Bonfatti

João Bonfatti atualmente trabalha como Coordenador do setor de Análise de Desempenho no América-MG. Antes disso, teve passagens pelo Vasco da Gama, onde atuou em diferentes categorias: foi auxiliar técnico do Sub-20, treinador interino do Sub-17 e auxiliar técnico do Sub-17.

Atuou também pelo Atlético-MG, onde desempenhou o papel de auxiliar técnico do Sub-15. No Corinthians, auxiliar técnico do Sub-14, além de exercer a função de supervisor metodológico.

Sua formação inclui o Bacharelado em Futebol pela Universidade Federal de Viçosa e a Licença B da CBF Academy, o que reforça sua base teórica e prática no desenvolvimento de atletas.

Felipe Bonholi

Felipe Bonholi integra a equipe do Palmeiras como Analista de Desempenho no Centro de Formação de Atletas (CFA), contribuindo para o desenvolvimento e acompanhamento de jovens talentos.

Antes disso, acumulou cinco anos de experiência na Ferroviária, onde atuou como Analista de Desempenho da equipe profissional, e no São Carlos Futebol Clube na mesma função.

Sua formação acadêmica inclui Bacharelado em Administração de Empresas pela UNIARA (2014–2017) e graduação em andamento em Educação Física pela mesma instituição, iniciada em 2019.

Com sólida base teórica e ampla experiência prática, Felipe Bonholi se destaca por sua capacidade de integrar análise técnica, gestão e visão estratégica no contexto esportivo, contribuindo para o desempenho e evolução de atletas e equipes.

Mylena Baransk

Mylena Baransk é doutora em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná e mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, onde também concluiu sua graduação em Educação Física – Bacharelado. Especialista em futsal com foco em análise de desempenho, atuou como docente em cursos do ensino superior e analista de desempenho no futebol.

Atualmente, exerce a função de analista de desempenho no Clube Atlético Mineiro, onde trabalha desde agosto de 2024. Antes disso, desempenhou a mesma função na Associação Ferroviária de Esportes entre março e agosto de 2024, atuando em Araraquara, São Paulo.

Além da atuação em clubes, possui experiência acadêmica como docente, tendo lecionado na UniCesumar entre julho e outubro de 2023, em Curitiba, Paraná. Também foi professora na UNIFATEB, onde atuou por quase três anos, de fevereiro de 2021 a outubro de 2023, em Telêmaco Borba, Paraná.

Com forte presença na área de análise de desempenho no futebol, também é CEO da Statisticsfut, onde se dedica ao desenvolvimento de conteúdos e estratégias voltadas à análise estatística e desempenho esportivo.

Nathália Arnosti

Nathália Arnosti é uma profissional de destaque na área de Fisiologia do Esporte e Preparação Física, com sólida formação acadêmica e ampla experiência no futebol brasileiro.

Bacharel e mestre em Educação Física pela Universidade Metodista de Piracicaba e doutora pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ela construiu uma carreira marcada pela integração entre ciência e prática esportiva.

No cenário dos clubes, já contribuiu com equipes como Athletico Paranaense, Red Bull Bragantino, Palmeiras, Audax, Ferroviária e Ponte Preta. Em janeiro de 2024, assumiu o cargo de fisiologista do Cruzeiro, reforçando seu papel como referência no acompanhamento e otimização do desempenho esportivo.

Rodrigo Aquino

Rodrigo Aquino é professor na Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua no Departamento de Desportos e como docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado e Doutorado).

É líder do Grupo de Estudos Pesquisa em Ciências no Futebol (GECIF/UFES) e coordenador do Programa Academia e Futebol (Núcleo UFES), financiado pelo Ministério do Esporte. Seu trabalho envolve a coordenação de projetos técnico-científicos em parceria com categorias de base e equipes profissionais de futebol no Brasil.

Rodrigo é graduado em Educação Física e Esporte pela USP, com especialização em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. Concluiu o mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Acumula experiência prática no futebol desde 2015 como fisiologista e preparador físico em clubes profissionais, além de atuar como treinador e coordenador técnico em categorias de base. Reconhecido academicamente, está entre os 10 cientistas do esporte mais produtivos da América Latina em publicações científicas relacionadas ao futebol.

Neto Pereira

Neto Pereira é um profissional de preparação física e performance esportiva com experiência em clubes do Brasil e do exterior. Atualmente é Preparador Físico no sub-20 do Vasco da Gama.

Trabalhou como Head Performance and Fitness Coach no FC Semey do Cazaquistão (2024). Foi Preparador Físico no Confiança (2023-2024) e Head of Performance and Health no Avaí (2022-2023). Também exerceu o cargo de Coordenador de Performance no Confiança (2022) e trabalhou como Fisiologista no CRB (2021-2022) e no próprio Confiança (2019-2021).

Possui Mestrado em Saúde e Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe e Especialização em Desempenho Humano pela Universidade Tiradentes (Unit). Suas principais competências incluem preparação física, análise de desempenho, força, potência e velocidade no esporte.

Rafael Grazioli

Rafael Grazioli, natural de Canoas (RS), é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano.

Com nove anos de experiência atuando como coordenador científico e fisiologista no futebol profissional, ele passou as últimas três temporadas no Guarani de Campinas (SP) antes de ser anunciado pelo Criciúma em janeiro de 2025.