O GPS no Futebol: como funciona?

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Foto por Janosch Diggelmann na Unsplash

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Você, que trabalha com futebol, já deve ter ouvido falar sobre o GPS no meio esportivo. O GPS vem ganhando cada vez mais espaço em clubes, visto que suas informações são muito úteis para identificarmos as cargas do treino ou jogo. Isto é, com o GPS podemos verificar quanto o atleta se desgastou, qual a distância percorrida, quantos sprints em alta/moderada intensidade foram feitos e, também, podemos saber se ele cumpriu o papel tático pedido pelo treinador. Se quiser entender mais sobre o GPS no futebol, acompanhe o texto.

Como funciona o GPS?

O GPS vem da sigla em inglês Global Position Sistem (sistema de posicionamento global). O GPS é um dispositivo que fica conectado a satélites. Atualmente, existem duas formas de calcular as distâncias e velocidades através dos satélites. São elas:

Diferenciação posicional

A diferenciação posicional é calculada através da latitude e longitude. Assim, os satélites calculam sua distância para o dispositivo e, em seguida, criam uma triangulação entre si, verificando onde estava o dispositivo em cada sinal emitido. Para saber a velocidade, é calculado a distância sobre o tempo.

Deslocamento Doppler

Já o método Doppler é um pouco diferente. Aqui, o satélite calcula as rotas do GPS através da frequência de sinal periódico que o dispositivo emite. Ou seja, o deslocamento Doppler trabalha com ondas de frequência. Portanto, dependendo da frequência das ondas emitidas pelo GPS, o satélite sabe a sua localização. O método Doppler possui uma precisão maior na velocidade e acelerações produzido pelo indivíduo.

Muitos dispositivos utilizam a Diferenciação Posicional para saber a trajetória do GPS e, ainda, o Deslocamento Doppler para saber a velocidade e aceleração do jogador.

O que influencia os sinais do GPS?

Como os satélites se comunicam com o GPS por sinais, é normal que ocorram interferências nesse meio. Algumas das interferências são:

  • Localização ou obstrução ambiental: caso o local da atividade tenha baixo acesso aos satélites ou algumas obstruções ambientais (como prédios, ginásios, montanhas, etc.), pode haver problemas entre os sinais. Assim, você pode perder alguns dados durante a atividade.
  • Número de satélites ligados ao receptor: é de suma importância que os satélites emitam um sinal de qualidade para o receptor. Além disso, é necessário no mínimo 4 satélites para haver a captação dos dados. No entanto, não é recomendado usar dispositivos com menos de 6 satélites.
  • Aparelhos diferentes: cada aparelho tem uma qualidade divergente de sinal emitido. Dessa forma, alguns estudos já comprovaram diferenças nos dados obtidos por dispositivos de marcas distintas. Cabe a você se informar, ver recomendações e escolher o dispositivo que melhor atenda suas demandas.

E para o Futebol, o que o GPS fornece?

Com o passar do tempo, as tecnologias vão se aperfeiçoando. E isso não foi diferente com o GPS. Atualmente, no futebol, podemos adquirir informações de distância percorrida, acelerações e desacelerações, distância em diferentes faixas de velocidade, impactos e dados posicionais. Para entendermos melhor cada uma dessas variáveis, faremos uma listagem abaixo.

  • Distância percorrida: qual a distância total que o jogador obteve na partida, somando as caminhadas, trotes, corridas de costas, deslocamentos laterais, sprints, etc.
  • Acelerações e desacelerações: quantas vezes os atletas aceleraram e desaceleraram durante uma partida.
  • Distâncias em diferentes faixas de velocidade: aqui podemos dividir as velocidades em diferentes faixas: parado, caminhando e trotando, a velocidade máxima é de até 11 km/h. De 11,1 km/h a 14 km/h é configurado como corrida de baixa intensidade, de 14,1 até 19 km/h é corrida moderada. De 19,1 até 23 km/h é corrida em alta intensidade e, após os 23 km/h é configurada de Sprint.

Tabela 1: distâncias obtidas em relação à ação e posição expressa em metros [m]

Fonte: adaptado de Junior (2004).

A partir dos dados acima, é possível identificarmos que a maioria dos esforços físicos acontecem em moderada intensidade. No entanto, há momentos em que o atleta irá acelerar e desacelerar, mudar de direção de forma rápida, atingir velocidades maiores (sprints), etc. Dessa forma, podemos dizer que o futebol é um esporte prioritariamente aeróbico, mas com momentos de grande esforço durante a partida.

O que fazer com as informações do GPS?

Através das informações adquiridas pelo GPS é possível que a comissão técnica verifique se aqueles jogadores atingiram as valências físicas do treino ou jogo. Além disso, podemos acompanhar o desempenho físico ao longo de uma temporada, identificando os momentos em que o atleta tem uma subida, queda ou estabilidade física.

Também podemos comparar as variáveis adquiridas no jogo com as variáveis do treino. Desse modo, é possível identificarmos se o atleta treina naquela intensidade com a qual está jogando. Caso o atleta tenha uma discrepância muito grande nos jogos em comparação aos treinos, podemos evitar futuras lesões, já que ele não treina na intensidade que joga, logo, o músculo pode sofrer uma demanda de carga muito grande e “estourar”.

Dados posicionais no GPS

Os dados posicionais de GPS vêm ganhando muita força no futebol. Mas, o que é isso? Os dados posicionais nada mais são do que identificar quais os locais do campo onde o jogador mais esteve presente. Dentro disso, podemos citar como exemplo o mapa de calor.

O mapa de calor é somente um dos exemplos que podemos citar. Podemos identificar o posicionamento do atleta a cada minuto de partida, é possível criar faixas de tempo onde vemos qual existe algum padrão seguido pelo atleta, dentre outras possibilidades.

O GPS no Futebol

Como podemos observar no texto, o GPS é uma ferramenta que traz inúmeros benefícios aos clubes e atletas, desde uma melhora física, passando pela prevenção de lesões e chegando até a parte da tática, onde o atleta pode melhorar posicionamentos no campo.

Portanto, o GPS é de fundamental importância para clubes que desejam exercer um trabalho de alto nível. Por outro lado, é necessário um pequeno aporte de dinheiro para conseguir esses equipamentos. Visto isso, procure no mercado os dispositivos que melhor atendam a sua demanda.

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Confira abaixo um episódio do Podcast sobre o assunto:

Referências

Unpacking the Black Box: Applications and Considerations for Using GPS Devices in Sports.

Utilização do GPS no futebol.

Contato do autor:

Instagram: @christopher_suhre

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João Bonfatti

João Bonfatti atualmente trabalha como Coordenador do setor de Análise de Desempenho no América-MG. Antes disso, teve passagens pelo Vasco da Gama, onde atuou em diferentes categorias: foi auxiliar técnico do Sub-20, treinador interino do Sub-17 e auxiliar técnico do Sub-17.

Atuou também pelo Atlético-MG, onde desempenhou o papel de auxiliar técnico do Sub-15. No Corinthians, auxiliar técnico do Sub-14, além de exercer a função de supervisor metodológico.

Sua formação inclui o Bacharelado em Futebol pela Universidade Federal de Viçosa e a Licença B da CBF Academy, o que reforça sua base teórica e prática no desenvolvimento de atletas.

Felipe Bonholi

Felipe Bonholi integra a equipe do Palmeiras como Analista de Desempenho no Centro de Formação de Atletas (CFA), contribuindo para o desenvolvimento e acompanhamento de jovens talentos.

Antes disso, acumulou cinco anos de experiência na Ferroviária, onde atuou como Analista de Desempenho da equipe profissional, e no São Carlos Futebol Clube na mesma função.

Sua formação acadêmica inclui Bacharelado em Administração de Empresas pela UNIARA (2014–2017) e graduação em andamento em Educação Física pela mesma instituição, iniciada em 2019.

Com sólida base teórica e ampla experiência prática, Felipe Bonholi se destaca por sua capacidade de integrar análise técnica, gestão e visão estratégica no contexto esportivo, contribuindo para o desempenho e evolução de atletas e equipes.

Mylena Baransk

Mylena Baransk é doutora em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná e mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, onde também concluiu sua graduação em Educação Física – Bacharelado. Especialista em futsal com foco em análise de desempenho, atuou como docente em cursos do ensino superior e analista de desempenho no futebol.

Atualmente, exerce a função de analista de desempenho no Clube Atlético Mineiro, onde trabalha desde agosto de 2024. Antes disso, desempenhou a mesma função na Associação Ferroviária de Esportes entre março e agosto de 2024, atuando em Araraquara, São Paulo.

Além da atuação em clubes, possui experiência acadêmica como docente, tendo lecionado na UniCesumar entre julho e outubro de 2023, em Curitiba, Paraná. Também foi professora na UNIFATEB, onde atuou por quase três anos, de fevereiro de 2021 a outubro de 2023, em Telêmaco Borba, Paraná.

Com forte presença na área de análise de desempenho no futebol, também é CEO da Statisticsfut, onde se dedica ao desenvolvimento de conteúdos e estratégias voltadas à análise estatística e desempenho esportivo.

Nathália Arnosti

Nathália Arnosti é uma profissional de destaque na área de Fisiologia do Esporte e Preparação Física, com sólida formação acadêmica e ampla experiência no futebol brasileiro.

Bacharel e mestre em Educação Física pela Universidade Metodista de Piracicaba e doutora pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ela construiu uma carreira marcada pela integração entre ciência e prática esportiva.

No cenário dos clubes, já contribuiu com equipes como Athletico Paranaense, Red Bull Bragantino, Palmeiras, Audax, Ferroviária e Ponte Preta. Em janeiro de 2024, assumiu o cargo de fisiologista do Cruzeiro, reforçando seu papel como referência no acompanhamento e otimização do desempenho esportivo.

Rodrigo Aquino

Rodrigo Aquino é professor na Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua no Departamento de Desportos e como docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado e Doutorado).

É líder do Grupo de Estudos Pesquisa em Ciências no Futebol (GECIF/UFES) e coordenador do Programa Academia e Futebol (Núcleo UFES), financiado pelo Ministério do Esporte. Seu trabalho envolve a coordenação de projetos técnico-científicos em parceria com categorias de base e equipes profissionais de futebol no Brasil.

Rodrigo é graduado em Educação Física e Esporte pela USP, com especialização em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. Concluiu o mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Acumula experiência prática no futebol desde 2015 como fisiologista e preparador físico em clubes profissionais, além de atuar como treinador e coordenador técnico em categorias de base. Reconhecido academicamente, está entre os 10 cientistas do esporte mais produtivos da América Latina em publicações científicas relacionadas ao futebol.

Neto Pereira

Neto Pereira é um profissional de preparação física e performance esportiva com experiência em clubes do Brasil e do exterior. Atualmente é Preparador Físico no sub-20 do Vasco da Gama.

Trabalhou como Head Performance and Fitness Coach no FC Semey do Cazaquistão (2024). Foi Preparador Físico no Confiança (2023-2024) e Head of Performance and Health no Avaí (2022-2023). Também exerceu o cargo de Coordenador de Performance no Confiança (2022) e trabalhou como Fisiologista no CRB (2021-2022) e no próprio Confiança (2019-2021).

Possui Mestrado em Saúde e Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe e Especialização em Desempenho Humano pela Universidade Tiradentes (Unit). Suas principais competências incluem preparação física, análise de desempenho, força, potência e velocidade no esporte.

Rafael Grazioli

Rafael Grazioli, natural de Canoas (RS), é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano.

Com nove anos de experiência atuando como coordenador científico e fisiologista no futebol profissional, ele passou as últimas três temporadas no Guarani de Campinas (SP) antes de ser anunciado pelo Criciúma em janeiro de 2025.