O que são Expected Goals (Gols Esperados) na análise do futebol?

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Foto de Tembela Bohle no Pexels

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Você já se perguntou por que uma equipe que domina o jogo pode perder para outra que finaliza menos? A resposta pode estar nos gols esperados, ou Expected Goals (xG). Essa métrica, cada vez mais presente no universo do futebol, quantifica a probabilidade de um chute resultar em gol, oferecendo dados valiosos sobre o desempenho de equipes e jogadores.

O que é o Expected Goals (xG)?

xG é a sigla para Expected Goals, que significa Expectativa de Gols, e representa a probabilidade de um chute de uma equipe terminar em gol. Essa probabilidade é calculada com base em uma grande quantidade de dados históricos e modelos estatísticos que consideram os seguintes fatores:

  • Distância do chute: Quanto menor a distância do local do chute até o gol, maior a probabilidade de resultar em gol;
  • Ângulo do chute: Quanto mais frontal for o chute, maior a probabilidade de resultar em gol;
  • Parte do corpo utilizada: Se o chute foi feito com o pé, com a cabeça ou com outra parte do corpo;
  • Presença de adversários entre o chute e o gol: Quanto mais adversários na trajetória da bola, menor a probabilidade de resultar em gol;
  • Força do chute: Quanto mais rápido for a bola, maior a probabilidade de resultar em gol;
  • Pé dominante;
  • Posição do goleiro;
  • Tipo de assistência;
  • Local onde a bola entrou no gol.
Foto: Reprodução/Sportmonks

Como o Expected Goals (XG) é calculado?

A base do cálculo do xG é a regressão logística, um modelo estatístico que permite estimar a probabilidade de um evento binário ocorrer. Isso significa que a regressão logística estima a probabilidade de um chute terminar em gol ou não. De forma resumida, são coletados os dados de chutes em jogos de futebol, que podem ser de uma competição específica. Esses dados são tratados e passam por um processo de seleção de variáveis para construir o modelo. Dessa forma, o xG atribui um valor numérico de 0 (não gol) até 1 (gol) para cada finalização nessa competição, indicando sua qualidade.

Além da regressão logística, outros modelos de machine learning (aprendizado de máquina) também são utilizados, como as redes neurais, que são capazes de identificar padrões complexos nos dados e oferecer previsões mais precisas.

Por que o Expected Goals (xG) é usado no Futebol?

O Expected Goals (xG) oferece uma visão mais precisa e objetiva do desempenho de uma equipe ou jogador, complementando as estatísticas tradicionais como posse de bola e número de finalizações. Algumas das aplicações do xG incluem:

  • Avaliação de desempenho: Identificar jogadores que criam chances de alta qualidade e aqueles que são mais eficientes na finalização.
  • Análise tática: Avaliar a eficácia de diferentes estratégias de jogo e identificar as áreas onde uma equipe precisa melhorar.
  • Mercado de transferências: Identificar jogadores com potencial de alto desempenho.
  • Apostas esportivas: Tomar decisões mais informadas ao apostar em jogos de futebol.

Quais são os Tipos de Expected Goals (xG)

Além do Expected Goals tradicional, existem outras métricas derivadas do xG que oferecem informações mais específicas:

  • xG open play (Expectativa de gols em jogo aberto ou bola rolando): Considera apenas as chances criadas em jogo aberto, excluindo bolas paradas;
  • xG on target (Expectativa de gols em chutes no alvo): Avalia a qualidade das finalizações que acertaram o alvo, considerando a posição do goleiro e o ponto de entrada da bola;
  • xA (Expectativa de assistências): Similar ao xG, mas focado na probabilidade de um passe resultar em uma assistência.

Expected Goals (xG) na prática

Ter maiores índices de Gols Esperados é uma métrica interessante sobre a partida, mas nem sempre é sinônimo de que a equipe com mais xG realmente será a vencedora.

Para melhor entendimento, vamos analisar o exemplo do jogo entre Girona e Barcelona. Na imagem abaixo, podemos observar que o Barcelona obteve maior volume de posse de bola e criou um xG (Gols Esperados) superior ao do Girona, 2.51 contra 1.99. Porém, o Barcelona perdeu a partida por 4×2.

Apesar de ter obtido melhores índices de desempenho, o Barcelona não conseguiu converter as chances que criou em gol, enquanto o Girona foi eficaz em suas oportunidades, superando inclusive as expectativas de gols criadas.

Reprodução: Flashscore

Como posso usar o Expected Goals (xG) na minha análise?


Através do xG, é possível medir a qualidade das chances criadas por uma equipe, ou seja, a probabilidade de essas chances se converterem em gol.

  • Análise de equipes: Ao comparar o xG de uma equipe com o número de gols marcados, podemos identificar se ela está sendo eficiente na finalização. Além disso, o xG permite avaliar o desempenho de diferentes formações e estratégias, ajudando os treinadores a tomar decisões mais assertivas.
  • Análise individual: Na avaliação de jogadores, o xG por 90 minutos (xG/90) é um indicador fundamental para medir a capacidade de finalização de um atacante. Um jogador com um xG/90 alto, mas poucos gols marcados, pode estar passando por uma fase de má sorte. Por outro lado, um jogador com um xG/90 muito superior à média da liga é considerado um finalizador acima da média.


É importante ressaltar que o xG é apenas uma das muitas métricas utilizadas na análise de futebol e que outros fatores, como a qualidade da equipe adversária e a sorte, também influenciam os resultados. No entanto, o xG oferece uma base sólida para entender o desempenho de equipes e jogadores.

Texto produzido por Fábio Antunes

Contato do autor:
Instagram: @fabio.analista
LinkedIn: @fabio-antunes91

Referências e Links Úteis:

Gols esperados: explicação – The Coaches Voice

Expected Goals (xG): Exemplos e como usar a estatística dos ‘gols esperados’ – PL BR

O que são metas esperadas (xG)? – Stats Bomb

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João Bonfatti

João Bonfatti atualmente trabalha como Coordenador do setor de Análise de Desempenho no América-MG. Antes disso, teve passagens pelo Vasco da Gama, onde atuou em diferentes categorias: foi auxiliar técnico do Sub-20, treinador interino do Sub-17 e auxiliar técnico do Sub-17.

Atuou também pelo Atlético-MG, onde desempenhou o papel de auxiliar técnico do Sub-15. No Corinthians, auxiliar técnico do Sub-14, além de exercer a função de supervisor metodológico.

Sua formação inclui o Bacharelado em Futebol pela Universidade Federal de Viçosa e a Licença B da CBF Academy, o que reforça sua base teórica e prática no desenvolvimento de atletas.

Felipe Bonholi

Felipe Bonholi integra a equipe do Palmeiras como Analista de Desempenho no Centro de Formação de Atletas (CFA), contribuindo para o desenvolvimento e acompanhamento de jovens talentos.

Antes disso, acumulou cinco anos de experiência na Ferroviária, onde atuou como Analista de Desempenho da equipe profissional, e no São Carlos Futebol Clube na mesma função.

Sua formação acadêmica inclui Bacharelado em Administração de Empresas pela UNIARA (2014–2017) e graduação em andamento em Educação Física pela mesma instituição, iniciada em 2019.

Com sólida base teórica e ampla experiência prática, Felipe Bonholi se destaca por sua capacidade de integrar análise técnica, gestão e visão estratégica no contexto esportivo, contribuindo para o desempenho e evolução de atletas e equipes.

Mylena Baransk

Mylena Baransk é doutora em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná e mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, onde também concluiu sua graduação em Educação Física – Bacharelado. Especialista em futsal com foco em análise de desempenho, atuou como docente em cursos do ensino superior e analista de desempenho no futebol.

Atualmente, exerce a função de analista de desempenho no Clube Atlético Mineiro, onde trabalha desde agosto de 2024. Antes disso, desempenhou a mesma função na Associação Ferroviária de Esportes entre março e agosto de 2024, atuando em Araraquara, São Paulo.

Além da atuação em clubes, possui experiência acadêmica como docente, tendo lecionado na UniCesumar entre julho e outubro de 2023, em Curitiba, Paraná. Também foi professora na UNIFATEB, onde atuou por quase três anos, de fevereiro de 2021 a outubro de 2023, em Telêmaco Borba, Paraná.

Com forte presença na área de análise de desempenho no futebol, também é CEO da Statisticsfut, onde se dedica ao desenvolvimento de conteúdos e estratégias voltadas à análise estatística e desempenho esportivo.

Nathália Arnosti

Nathália Arnosti é uma profissional de destaque na área de Fisiologia do Esporte e Preparação Física, com sólida formação acadêmica e ampla experiência no futebol brasileiro.

Bacharel e mestre em Educação Física pela Universidade Metodista de Piracicaba e doutora pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ela construiu uma carreira marcada pela integração entre ciência e prática esportiva.

No cenário dos clubes, já contribuiu com equipes como Athletico Paranaense, Red Bull Bragantino, Palmeiras, Audax, Ferroviária e Ponte Preta. Em janeiro de 2024, assumiu o cargo de fisiologista do Cruzeiro, reforçando seu papel como referência no acompanhamento e otimização do desempenho esportivo.

Rodrigo Aquino

Rodrigo Aquino é professor na Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua no Departamento de Desportos e como docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado e Doutorado).

É líder do Grupo de Estudos Pesquisa em Ciências no Futebol (GECIF/UFES) e coordenador do Programa Academia e Futebol (Núcleo UFES), financiado pelo Ministério do Esporte. Seu trabalho envolve a coordenação de projetos técnico-científicos em parceria com categorias de base e equipes profissionais de futebol no Brasil.

Rodrigo é graduado em Educação Física e Esporte pela USP, com especialização em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. Concluiu o mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Acumula experiência prática no futebol desde 2015 como fisiologista e preparador físico em clubes profissionais, além de atuar como treinador e coordenador técnico em categorias de base. Reconhecido academicamente, está entre os 10 cientistas do esporte mais produtivos da América Latina em publicações científicas relacionadas ao futebol.

Neto Pereira

Neto Pereira é um profissional de preparação física e performance esportiva com experiência em clubes do Brasil e do exterior. Atualmente é Preparador Físico no sub-20 do Vasco da Gama.

Trabalhou como Head Performance and Fitness Coach no FC Semey do Cazaquistão (2024). Foi Preparador Físico no Confiança (2023-2024) e Head of Performance and Health no Avaí (2022-2023). Também exerceu o cargo de Coordenador de Performance no Confiança (2022) e trabalhou como Fisiologista no CRB (2021-2022) e no próprio Confiança (2019-2021).

Possui Mestrado em Saúde e Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe e Especialização em Desempenho Humano pela Universidade Tiradentes (Unit). Suas principais competências incluem preparação física, análise de desempenho, força, potência e velocidade no esporte.

Rafael Grazioli

Rafael Grazioli, natural de Canoas (RS), é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano.

Com nove anos de experiência atuando como coordenador científico e fisiologista no futebol profissional, ele passou as últimas três temporadas no Guarani de Campinas (SP) antes de ser anunciado pelo Criciúma em janeiro de 2025.