Um estudo recente publicado na International Journal of Sports Science & Coaching analisou a intensidade de pico de carga (LPI, na sigla em inglês) durante os treinos de pré-temporada e os jogos oficiais de uma equipe de futebol profissional da Bundesliga alemã.
O objetivo foi verificar se os treinos de pré-temporada prepararam adequadamente os jogadores para as demandas físicas mais intensas da temporada regular. A pesquisa foi conduzida por Nicolas Le Page e Daniel Link, da Universidade Técnica de Munique, na Alemanha, e faz parte de um esforço contínuo para entender melhor como os atletas podem ser preparados de forma mais eficaz para os rigores da competição.
Qual foi o objetivo do estudo?
O principal objetivo do estudo foi comparar a intensidade de pico de carga durante os treinos de pré-temporada e os jogos oficiais, focando em três parâmetros: aceleração, desaceleração e sprints. A ideia era determinar se os treinos de pré-temporada reproduziam ou superavam as demandas físicas mais intensas dos jogos oficiais.
Como o estudo foi feito?
Os pesquisadores coletaram dados de oito jogadores profissionais de futebol durante a pré-temporada e 12 partidas oficiais da Bundesliga. Para medir a intensidade de carga, foram utilizados sistemas de posicionamento local (LPS) durante os treinos e um sistema de câmera semiautomático (TRACAB) durante os jogos.
A intensidade de pico foi calculada com base na distância percorrida durante acelerações, desacelerações e sprints, utilizando médias móveis em intervalos de 1, 3 e 5 minutos.
Quais foram as principais conclusões?
O estudo revelou que a intensidade de pico de aceleração foi significativamente maior nos treinos de pré-temporada em comparação com os jogos oficiais. Isso sugere que os jogadores estavam bem preparados para as demandas de aceleração durante a temporada.
No entanto, a intensidade de pico de desaceleração foi menor nos treinos de pré-temporada em relação aos jogos, indicando que os jogadores podem não ter sido suficientemente preparados para as demandas de desaceleração, que são críticas para evitar lesões e manter o desempenho.
Em relação aos sprints, não houve diferenças significativas entre os treinos e os jogos, sugerindo que os treinos de pré-temporada foram eficazes em preparar os jogadores para as demandas de alta velocidade durante a competição.
Por que essas conclusões são importantes?
A descoberta de que a desaceleração foi menos intensa nos treinos de pré-temporada em comparação com os jogos é particularmente relevante. A desaceleração é um movimento que coloca grande carga muscular e articular nos jogadores, e a falta de preparação adequada pode aumentar o risco de lesões.
Os pesquisadores sugerem que os treinadores devem incluir mais exercícios que simulem as demandas de desaceleração observadas nos jogos, especialmente em campos maiores, que replicam melhor as condições reais de partida.
Além disso, o estudo destaca a importância de monitorar individualmente a carga de treinamento, já que houve uma grande variabilidade entre os jogadores. Isso significa que alguns atletas podem estar submetidos a cargas excessivas ou insuficientes, dependendo de suas posições e características físicas.
Conclusão prática
Os resultados do estudo sugerem que, embora os treinos de pré-temporada tenham sido eficazes em preparar os jogadores para as demandas de aceleração e sprints, há uma necessidade de maior atenção às demandas de desaceleração.
Os treinadores devem considerar a inclusão de exercícios específicos que reproduzam as situações mais intensas observadas nos jogos, garantindo que os atletas estejam totalmente preparados para os desafios físicos da temporada.
