Como é a tomada de decisão dos goleiros?

Por: Bruna de Fáveri

Postado

Atualizado em

Foto de Lars Bo Nielsen na Unsplash

No futebol, o atacante sempre foi o protagonista das maiores jogadas, ou de grandes conquistas de clubes famosos. No entanto há uma posição específica dentro de campo ou quadra que enfrenta a missão de calar uma torcida ansiosa pelo gol, esta posição é o goleiro. O goleiro é um dos atores principais do espetáculo futebolístico, se não o principal. Mas como é a tomada de decisão dos goleiros?

A princípio, a função do goleiro é considerada de alta complexidade, pois além da importância defensiva, o goleiro auxilia com passes e lançamentos durante a fase ofensiva. Bem como, o atleta possui uma visão privilegiada do espaço do jogo, o que permite orientar seus colegas de equipe, assim como a sua importância da tomada de decisão.

Para entendermos melhor, muitos autores afirmam que a tomada de decisão é um fator essencial para qualquer atleta, desde a várzea até o alto rendimento. Assim sendo, este fator está associado diretamente aos processos que determinam a qualidade das ações individuais, coletivas e consequentemente o jogo. Portanto, a tomada de decisão, é um exercício cognitivo que seleciona uma única opção, dentre várias alternativas. Para melhor esclarecer, este processo de decidir uma ação é sintetizado em um ciclo permanente.

Mas como se dá este ciclo para o goleiro?

Em primeiro lugar, o goleiro receberá uma série de informações num rápido instante de jogo (aproximação de adversário, sistema defensivo da equipe, bola, posicionamento em frente a sua meta, entre outros). Seguidamente, ele precisará saber como reagir a estas informações captadas no ambiente de jogo. Este captar de informações depende da diversidade de estímulos e experiências que o goleiro possui, quanto maiores forem, ficará mais fácil classificar, julgar e interpretar a ação do jogo.  E por último, o atleta precisará de uma velocidade de processamento cognitivo, ou seja, decidir o que fazer rapidamente. Portanto o ciclo permanente se divide em: Observar, orientar, decidir e agir.

Observar

O observar, é uma fase da tomada de decisão específica de leitura do jogo. Momento em que o goleiro interpreta a movimentação do portador da bola, movimentações dos adversários e de seus colegas. O olhar, depende exclusivamente de altos índices de concentração e atenção, além de monitorar maior espaço em período de tempo mais curto. O objetivo nesta fase é recolher o maior número de informações possíveis, para ser processada de forma sustentada.

Orientar

A partir do autoconhecimento em utilizar as suas potencialidades, o goleiro precisará orientar sua equipe, partindo da situação de jogo resultante da dinâmica das diversas fases de construção, criação e finalização.

Decidir

Decidir, é escolher uma opção dentre várias no contexto de jogo. É a mais difícil e decisiva ação, e esta deverá ser eficaz, eficiente e oportuna. A oportunidade está relacionada com o tempo que o decisor leva para tomar.

Agir

Todas essas fases citadas são anteriormente realizadas de forma cognitiva, ou seja, invisível. Apenas a fase do agir é que todo o processo se dará em uma ação visível, posteriormente, é a prática da decisão. Em suma, a qualidade da ação dependerá da aplicação dos recursos cognitivos, físicos, técnicos, táticos e psicológicos.

O que pode interferir na tomada de decisão do goleiro?

São três fatores que podem prejudicar a tomada de decisão, reduzindo a geração de raciocínio e criatividade. São eles:

  • Déficit de conhecimento – que resulta do treinamento com poucos recursos de imprevisibilidade, na qual o goleiro durante a partida não sabe de que modo agir, pelas poucas informações armazenadas;
  • Déficit cognitivo – na qual o goleiro apresenta dificuldades para interpretar a realidade observada;
  • Déficit de memória – isto é, o goleiro apresenta dificuldades para armazenar informações.

Na mesma linha, o goleiro sente-se inseguro na transição entre os diversos momentos e fases do jogo, atua com a incerteza dentro do contexto da partida, e não concentra o suficiente na dinâmica rápida em curto espaço de tempo. Então, o que abordar para desenvolver uma capacidade eficiente de decisão do goleiro?

O treinamento da tomada de decisão do goleiro

Desse modo, a metodologia deve seguir as seguintes dimensões de treino: a parte cognitiva; a psicológica (automotivação, concentração, atenção); Técnica-tática e física. Essa metodologia deve ter como embasamento as necessidades da tomada de decisão, que são elas: Conhecimento; inteligência; automatização; autonomia e liberdade. Portanto os treinos devem ter ações contextualizadas com as situações do jogo, permitindo que o atleta experimente as diversas variáveis e imprevisibilidade de ações que venham ocorrer na partida.

O treino deve se aproximar o máximo das características do jogo propriamente dito, possibilitando uma reflexão crítica das ações coletivas, individuais e setoriais. Logo a repetição dos fundamentos da parte técnica, levará a uma automatização dos movimentos, complementando maiores referências de pensamentos no goleiro. Este domínio acarreta liberdade a autonomia, para que o goleiro tome suas decisões no tempo e no espaço certo, gerando confiança para o treinador e equipe.

Em conclusão, a tomada de decisão do goleiro corresponde às diversas exigências do contexto do jogo. E as possibilidades do agir, rementem-se as capacidades cognitivas, técnico-tático e psicológicas treinadas e desenvolvidas com eficiência.

Fontes e Referências:

Instagram da autora: @torettidefaveri

Confira abaixo um episódio do Podcast sobre o assunto:

Para receber conteúdos como esse em seu e-mail, participe da nossa Newsletter.

Receba informações no seu e-mail: