O que é o Scouting?

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Foto de Fikri Rasyid na Unsplash

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O Scouting é um processo de observação e análise que tem como principal objetivo a recolha do máximo de informações ao nível individual (jogadores) ou coletivo (Equipes).

Desse modo, o Scouting divide-se em 2 grandes domínios: o Domínio Recrutamento que é a observação de jogadores para a equipe principal e prospecção de jogadores para as equipes de formação; e o Domínio Rendimento que assenta na observação e análise da própria equipe e do adversário.

Portanto, ao indivíduo que desempenha esta atividade, denomina-se por scout, analista ou observador. Vamos entender cada um desses domínios.

Domínio Recrutamento

No domínio recrutamento do Scouting, o foco do scout é a identificação e a avaliação de jogadores com capacidade e/ou potencial para integrar o plantel da equipe, quer seja no futebol de formação, quer seja no futebol profissional.

Assim, neste domínio, é importante não confundir o rendimento da equipe com o rendimento individual e focar em observar apenas o individual. Dessa forma, cabe ao scout a tarefa de tentar retirar o jogador do contexto tático da equipe, para tentar perceber o que o jogador vale e o que se pode transferir para o clube onde trabalha. Pois os comportamentos táticos são em sua maioria condicionados pelo que o treinador pede.

Domínio Rendimento

A princípio, no domínio rendimento, o scout/analista terá como principal missão a análise coletiva,  da própria equipe em contexto treino e jogo e dos adversários.

Neste sentido, no contexto de treino, é essencial a sua observação para verificar se os objetivos dos exercícios propostos foram ou não alcançados, controlar o nível de desempenho dos atletas e observar se as melhorias pretendidas foram assimiladas ou não.

Por outro lado, no contexto da observação da própria equipe, a sua observação contribui para identificar as forças da equipe e as fraquezas. A partir disso deve-se trabalhar e verificar se o que se preparou durante o processo de treino, se realizou no jogo ou não. Além disso, também, se o conjunto de ações desenvolvidas pelos jogadores vão ao encontro do plano de jogo preparado durante a semana.

No contexto de observação da equipe adversária, esta servirá para identificar e recolher os pontos fortes e fragilidades dos adversários, jogadores chaves no jogo da equipe, identificação de padrões coletivos, que possam ajudar o treinador a preparar o jogo. Assim como a caracterização do modelo de jogo, sistema tático, esquemas táticos e as particularidades dos jogadores da equipe adversária. É importante também observar no jogo, a qualidade do treinador adversário e as condições atmosféricas do ambiente de jogo.

O trabalho do Scout

O trabalho dos scouts, embora invisível, é de extrema importância, contribuindo ativamente para a sustentabilidade e sucesso dos clubes, quer ao nível desportivo ou financeiro, sendo a sua figura já vista como um “gerador de milhões”.

Um scout deverá apresentar diversas características como:

  • ter um bom conhecimento do jogo e do treino,
  • boa capacidade de análise (individual e coletiva),
  • proatividade,
  • coragem,
  • ambição,
  • autocritico,
  • motivado,
  • resiliência,
  • capacidade de adaptação,
  • disponibilidade temporal,
  • isento e imparcial,
  • organizado,
  • perfeccionista,
  • discreto.

O scout tem diversas saídas profissionais, podendo trabalhar para clubes, agências de representação, marcas, ‘softwares’, comunicação social ou mesmo optar por uma carreira enquanto freelancer.

Tipos de observação no Scouting

Existem 3 tipos de observação:

Observação direta- Este tipo de observação realiza-se quando o sujeito se desloca ao local onde o jogo ocorre. Essa observação apresenta muitas vantagens como a possibilidade de observar mais informações e todos os pormenores do jogo e do jogador. Isso ainda inclui as ações sem bola do jogador e os seus comportamentos psicológicos e mentais, como por exemplo: a sua reação a uma substituição, algo que na observação indireta é muito limitado de observar. No entanto, apresenta algumas problemáticas como a impossibilidade de observar tudo, devido à multiplicidade de ações simultâneas num jogo de futebol.

Observação indireta- Ao contrário da observação direta, na observação indireta, o indivíduo não está presente no estádio. Esta categoria de observação se dá através de outros meios como os vídeos dos jogos disponibilizados em diversas plataformas, como, por exemplo o Wyscout e o Instat. Este método de observação apresenta diversas vantagens: como a possibilidade de observar algum jogador ou equipe com mais detalhe. Ou a possibilidade de rever inúmeras vezes o mesmo lance. Também apresenta algumas desvantagens como a incapacidade de visualizar as ações sem bola de um jogador e da equipe. Pois, uma vez que a filmagem tem como alvo a bola, apenas conseguir rever os lances que o vídeo permite ou, em contextos mais amadores, a qualidade da filmagem, uma vez que esta pode interferir na leitura que fazemos.

Observação mista- Este método é a fusão dos 2 tipos de observação anteriormente descritos, ou seja, implica a observação no estádio e a observação através do vídeo. Através deste método, é nos permitido fazer uma observação mais precisa, onde podemos retirar os máximos detalhes de cada jogo.

Metodologia de Scouting

Portanto, a metodologia do processo de Scouting pode ser:

Assistemática-  A observação é espontânea, livre, informal e ocasional, implica a recolha e registo de factos da realidade, sem a utilização de meios técnicos especiais ou perguntas. E é utilizada em estudos exploratórios, sem planejamento e controle previamente elaborados. O êxito da sua utilização depende do observador, da sua perspicácia, discernimento, preparação e treino.

Sistemática — Entretanto, ao contrário da metodologia anterior, implica uma observação estruturada, controlada, planejada, utilizando instrumentos adequados à recolha de dados. Esta metodologia deve ser planejada com cuidado e sistematizada, onde o observador sabe o que procura. E vários instrumentos poderão ser usados como: quadro, anotações, escalas, etc.

Autor: Diogo Runa

Contatos: diogorunafutebol@gmail.com +351 961082732

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Rodrigo Aquino

Rodrigo Aquino é professor na Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua no Departamento de Desportos e como docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado e Doutorado).

É líder do Grupo de Estudos Pesquisa em Ciências no Futebol (GECIF/UFES) e coordenador do Programa Academia e Futebol (Núcleo UFES), financiado pelo Ministério do Esporte. Seu trabalho envolve a coordenação de projetos técnico-científicos em parceria com categorias de base e equipes profissionais de futebol no Brasil.

Rodrigo é graduado em Educação Física e Esporte pela USP, com especialização em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. Concluiu o mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Acumula experiência prática no futebol desde 2015 como fisiologista e preparador físico em clubes profissionais, além de atuar como treinador e coordenador técnico em categorias de base. Reconhecido academicamente, está entre os 10 cientistas do esporte mais produtivos da América Latina em publicações científicas relacionadas ao futebol.

Neto Pereira

Neto Pereira é um profissional de preparação física e performance esportiva com experiência em clubes do Brasil e do exterior. Atualmente é Preparador Físico no sub-20 do Vasco da Gama.

Trabalhou como Head Performance and Fitness Coach no FC Semey do Cazaquistão (2024). Foi Preparador Físico no Confiança (2023-2024) e Head of Performance and Health no Avaí (2022-2023). Também exerceu o cargo de Coordenador de Performance no Confiança (2022) e trabalhou como Fisiologista no CRB (2021-2022) e no próprio Confiança (2019-2021).

Possui Mestrado em Saúde e Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe e Especialização em Desempenho Humano pela Universidade Tiradentes (Unit). Suas principais competências incluem preparação física, análise de desempenho, força, potência e velocidade no esporte.

Rafael Grazioli

Rafael Grazioli, natural de Canoas (RS), é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano.

Com nove anos de experiência atuando como coordenador científico e fisiologista no futebol profissional, ele passou as últimas três temporadas no Guarani de Campinas (SP) antes de ser anunciado pelo Criciúma em janeiro de 2025.