Avaliações Físicas no Futebol

Por: Ricardo de Sá

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Foto de Nigel Msipa na Unsplash

Sempre que iniciamos uma temporada em uma equipe de futebol (seja ela de base ou profissional), um dos primeiros passos a serem planejados pelos preparadores físicos, e que pautará o restante do trabalho dos mesmos, são as Avalições Físicas no Futebol. Mas, quando pensamos em Avaliações Físicas, é necessário que se entenda algumas questões como: Por que avaliar? Quando avaliar? O que avaliar? Como avaliar?

Assim, neste texto, tentaremos elucidar essas e outras questões para que você leitor, ao iniciar uma pré-temporada em um clube de futebol, saiba como desenhar um programa de Avalições Físicas para a sua equipe. Então vamos ao texto!

Por que realizar Avaliações Físicas no Futebol?

As Avaliações Físicas no Futebol são importantes para identificar o padrão físico onde a equipe se encontra. Além disso, nos permitem perceber as características individuais dos jogadores (quem é mais rápido, mais forte, mais resistente, etc.) e verificar possíveis indicadores físicos de lesão, como, por exemplo, assimetrias musculares.

Com os dados encontrados, poderemos prescrever treinamentos em busca de uma melhora do padrão físico geral da equipe, mas também será possível (e talvez o mais importante) segmentar os treinamentos de acordo com a necessidade de cada posição e de acordo com a necessidade individual dos atletas.

Nesse contexto, os preparadores físicos poderão ser mais assertivos no planejamento e aplicação dos treinamentos, a fim de que se alcance um estado de forma “ótimo”, seja coletivo ou individual, além de permitir potencializar as principais características físicas dos seus atletas.

Quando devem ser realizadas as Avaliações Físicas no Futebol?

Como citamos no texto, o início da pré-temporada é, tradicionalmente, marcado pela realização das Avaliações Físicas no Futebol. Onde os dados obtidos mostrarão o estado de forma da equipe, norteando assim o caminho a seguir do ponto de vista físico. Mas, uma vez que os dados sejam interpretados e a pré-temporada seja desenhada, quando devemos voltar a aplicar as Avaliações Físicas para continuar norteando o trabalho físico?

Para responder a essa questão, é necessário que cada preparador físico entenda o contexto em que se encontra. Isso porque quando falamos de categorias de base, a resposta provavelmente será uma e quando falamos de futebol profissional a resposta, provavelmente, será outra.

Nas categorias de base, onde o calendário de jogos é menos denso, talvez seja possível estabelecer datas para a realização de novas Avaliações Físicas, a fim de ter um acompanhamento da evolução física coletiva e individual da equipe. Por outro lado, no futebol profissional, esses períodos para reavaliação do grupo de atletas são mais difíceis de serem cumpridos. Além do calendário de jogos muito denso (pensando em um clube de Série A), existem outros fatores que pautam a realização ou não desses períodos de reavaliação física, que são, por exemplo, os resultados de campo.

Assim, não existe um período exato para a reavaliação física dos atletas, porém os períodos geralmente oscilam entre 8 e 12 semanas para testes físicos de campo e 30 dias para avaliações antropométricas.

O que se avalia no futebol?

Essa talvez seja a pergunta mais importante que deverá ser respondida antes de realizar as Avaliações Físicas no Futebol. Pois se criarmos um programa de avaliações sem entender o que iremos avaliar, apenas com o intuito de coletar dados, não fará o menor sentido realizá-las, porque simplesmente estaremos perdendo um precioso tempo de treinamento.

Cada teste selecionado para as avaliações físicas, deverá ter um porquê e um para quê. O dado obtido deverá ter um significado para o preparador físico e ser interpretado com o propósito de estabelecer um critério de referência na hora de prescrever os treinamentos.

Outro ponto muito importante na hora de decidir o que será avaliado, é que o preparador físico entenda o contexto onde o seu clube está inserido e as condições estruturais e humanas disponíveis nesse contexto. Ou seja, não deveremos aplicar testes para os quais não dispomos do material necessário para realizá-los, pois ferramentas improvisadas irão gerar dados de pouca fiabilidade. E, se não haver profissionais qualificados para interpretar os dados obtidos, esses resultados terão pouca ou nenhuma relevância dentro desse contexto.

Assim, antes de iniciar a aplicação de um programa de Avaliações Físicas no Futebol é necessário responder algumas questões como: quais as ferramentas que o clube oferece? Qual a formação e capacitação dos profissionais para interpretarem os dados obtidos? E o que farei com os resultados? Se conseguirmos esquematizar um programa respondendo a essas três perguntas, com certeza a possibilidade de estabelecer critérios para desenhar sessões de treinamentos mais ajustadas às necessidades da equipe e de cada atleta, será muito maior.

Quais testes físicos selecionar nas avaliações?

Conforme dito anteriormente, a seleção dos testes dependerá de alguns fatores. Com isso, a seguir destacaremos os principais testes utilizados em programas de Avaliações Físicas no Futebol, sem entrar no mérito se são úteis ou não, pois isso será estabelecido por cada preparador físico de acordo com as suas necessidades e a realidade do seu clube.

Testes Físicos no Futebol

1) Yo-Yo Test – Consiste em correr 40 metros (20 metros ida e 20 metros volta) em velocidades crescentes intercalando com pequenas pausas. Teste para avaliar a potência aeróbica.

2) Tapete de contato – chamado de ergo-jump, está constituído por um tapete com sensores de pressão conectados a um processador, que possui um programa informático que permite calcular a altura do salto, sendo que os saltos mais comumente avaliados são o Squat Jump e o Counter Movement Jump. Testes para avaliar a força explosiva e/ou potência.

3) Teste de velocidade 10, 20, 30 e 40 metros – Pode ser realizada com ou sem mudança de direção, sendo comumente utilizada em linha reta. Marca o tempo que o jogador leva para completar a prova e, assim, determinar quem é o mais veloz.

4) Teste de Agilidade – Existem vários testes, onde um dos mais comuns é o teste de Illinois, usado para determinar a capacidade de acelerar, desacelerar e mudar de direção em diferentes ângulos.

5) Rast test – Consiste em realizar 6 corridas máximas de 35 metros separados por intervalos de 10 segundos, sendo uma boa ferramenta para avaliar a potência anaeróbica.

6) Avaliação Antropométrica – Medição simples, barata e não invasiva que auxilia na avaliação do estado nutricional do jogador, sendo a técnica mais utilizada a de dobras cutâneas que serve para medir a gordura subcutânea.

7) Teste Isocinético – Máquina onde o indivíduo realiza um esforço muscular máximo ou submáximo que se acomoda à resistência do aparelho. A principal característica é a de possuir velocidade angular constante, permitindo realizar movimento na sua amplitude articular, servindo para identificar desequilíbrios musculares, mas devido ao seu alto custo, para muitos clubes, não é viável.

8) Teste FMS – Bateria de testes baseada na competência durante o movimento ativo, fornecendo uma medida clinicamente interpretável da “qualidade do movimento”. Serve para encontrar limitações e/ou assimetrias musculares, sendo uma opção mais em conta para clubes com recursos limitados.

9) 30-15 IFT – É um teste intermitente, onde os atletas correm 30 segundos e recuperam durante 15 segundos. Projetado para obter frequência cardíaca e VO2 máximos, mas também fornece medidas de reserva de velocidade anaeróbica, capacidade de recuperação entre esforços, aceleração, desaceleração e habilidades de mudança de direção.

Link de testes na seleção brasileira.

O que aprendemos sobre as Avaliações Físicas?

Em resumo, o que podemos perceber sobre as Avaliações Físicas no Futebol é que não existe certo ou errado em relação aos testes físicos que deverão ser escolhidos. É necessário ter clareza sobre o que se quer avaliar, quais os testes que se adaptam ao contexto estrutural e humano onde estou inserido, e como serão interpretados e aplicados os dados coletados.

Por fim, vale destacar que todos os testes escolhidos deverão ser aplicados, de preferência, sempre no mesmo local e sob as mesmas condições, ou seja, obedecendo sempre a um mesmo padrão. Isso fará com que os resultados sejam mais fidedignos e com maior fiabilidade, para que assim possam ser realizadas comparações entre os diferentes períodos das avaliações físicas.

Ouça um episódio de nosso podcast sobre o assunto:

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E-mail: ricardosa2506@gmail.com

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