Como é a estruturação da análise de desempenho no Futebol?

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Imagem de Andreas H. por Pixabay

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A análise de desempenho no futebol é um tema muito comentado atualmente. Mas, você sabe o que mais pode ser encontrado em um Departamento de Inteligência de um clube? Com a análise de desempenho, outras sub-áreas cresceram e deram maior poder ao clube, como a análise de mercado e análise de dados. Então, entenderemos um pouco mais sobre como ocorre essa estrutura em um clube de futebol.

Como a análise de desempenho é estruturada?

A princípio, quando se iniciou o trabalho de análise de desempenho no futebol profissional não havia, necessariamente, um departamento para ela em cada clube. Ela era vista como algo a mais para as comissões técnicas. No entanto, com o passar dos anos, foi identificada a necessidade de estruturar um setor para essa nova área do futebol. Com isso, iniciou-se a formação de Departamentos de Inteligência ou Departamentos de Análise de Desempenho.

Para uma área tão nova (uma das últimas a entrar no meio do futebol), ter um departamento é um salto incrível. Contudo, essa área não ficou limitada somente à análise da sua equipe e do adversário. Assim, ela cresceu e, atualmente, conta com outros campos que interagem entre si e agregam conhecimento para maior assertividade das ações.

Em síntese, se pegarmos um grande clube europeu como exemplo, veremos que o departamento de análise é, normalmente, dividido em 4 setores, sendo os analistas de: 

  • Desempenho (Match Analysts),  
  • Mercado (Scouting),
  • Atletas Emprestados (Loan Analysts) e,
  • Dados (Data Analysts).

Vamos ver o que faz cada um desses subdepartamentos.

Analistas de desempenho (Match Analysts)

Os analistas de desempenho trabalham junto com a comissão técnica. Sua principal função é realizar a análise técnico-tática da própria equipe e do adversário, detectando padrões de movimentos em todas as fases do jogo. Além disso, também ajudam na construção dos treinos, fazem as filmagens dos jogos, análise direta e indireta, edição dos vídeos e transmitem as informações dos jogos e treinos para a comissão e jogadores. Normalmente há de 2 a 4 analistas trabalhando nesse setor.

Analistas de mercado (Scouting)

São os profissionais responsáveis por monitorar atletas para futuras contratações, composto de 3 a 5 profissionais nesta área. Assim como os analistas de desempenho, os analistas de mercado devem ter uma interação com a comissão técnica e time. Porém não tão próximo, visto que seu objetivo é encontrar lacunas existentes no time e, assim, poder verificar qual jogador do mercado se encaixará melhor naquela posição. Dessa forma, é importantíssimo uma boa comunicação com a diretoria do clube também. Pois é lá que se encontram os responsáveis por negociar e contratar atletas. Ela dará o aval se quer ou não aquele jogador. Portanto, quanto melhor a comunicação com comissão e diretoria, mais assertiva será a lista de monitoramento de atletas.

Analistas de atletas emprestados (Loan Analysts)

Como os clubes possuem muitos atletas emprestados, é interessante que se faça um mapeamento de como aquele atleta está atuando no novo time. Dessa forma, é possível verificar se, futuramente, ele poderá integrar o time detentor dos seus direitos ou se uma venda ou novo empréstimo é a melhor opção. Em média 3 profissionais atuam nesse setor.

Análise de dados (Data analysts)

Até 2 profissionais trabalham nesse subdepartamento. Eles serão responsáveis pela criação de relatórios (coletivos e individuais), do desempenho de atletas através da coleta de dados técnicos / métricas do jogo.  Além disso, podem ficar responsáveis por organizar a plataforma de dados (Big Data) do clube.

Assim, talvez o Liverpool seja a equipe referência, quando falamos em criação e uso da base de dados do clube. Como mostra a matéria do The New York Times, o Liverpool desenvolveu, com o Dr. em física teórica, Iam Graham, métricas de jogo que possibilitem uma melhor leitura e mapeamento de atletas. Um case contado pelo periódico é o de Naby Keitá, meio campista que vinha sendo acompanhado a algumas temporadas antes de ser contratado. Foi identificado nele, algumas métricas que aumentavam a expectativa de número de gols da equipe quando ele estava em campo.

Como trabalhar com análise de desempenho no Brasil

É importante ressaltar que usamos referências de grandes clubes do cenário Europeu na estruturação do departamento acima citado. No Brasil, por exemplo, a maioria das equipes não possui o setor de monitoramento de atletas emprestados ou análise de dados.

Também é importante ressaltar que em muitos clubes os setores de análise de desempenho e análise de mercado são de responsabilidade das mesmas pessoas. Visto as dificuldades financeiras dos clubes em pagar outros profissionais para executarem essas funções. Dessa forma, podemos identificar alguns percalços no trabalho do analista no Brasil, que, por muitas vezes, acumula tarefas de áreas paralelas à sua. Porém, é notório a evolução da análise de desempenho no Brasil. Ela está se tornando cada vez mais essencial e com ótimos profissionais envolvidos.

Terceirização de setores da análise de desempenho

Uma prática comum em alguns clubes de futebol é terceirizar setores. Por exemplo, contratar empresas que farão um mapeamento do mercado de atletas ou então de plataformas com bases de dados. Mas, como tudo, há o lado positivo e negativo.

Por vezes, terceirizar o setor acaba sendo algo mais barato, afinal você não terá uma quantidade elevada de funcionários. O que zera os encargos trabalhistas e afins, além de não necessitar criar softwares para armazenar esses dados. Dessa forma a terceirização vem como uma forma prática para os clubes adquirirem basicamente os mesmos benefícios do que criar um departamento.

Porém, também há o lado negativo. Não havendo esse setor no clube, acaba ocorrendo um distanciamento entre comissão técnica e diretoria para com a empresa contratada, visto que se estivesse no clube isso seria um facilitador. Por isso os clubes devem pesquisar muito bem antes de tomar as devidas decisões. Porque às duas formas possuem lados positivos e negativos, cabendo a instituição futebolística entender qual é a melhor para a sua realidade.

Instagram do autor:@Christopher_suhre

Confira um episódio do Podcast Ciência da Bola que fala sobre o assunto:

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