Modelo preditivo identifica risco de lesões nos isquiotibiais em jogadores de futebol

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Um estudo publicado nos Annals of Medicine, criou um modelo para prever o risco de lesões musculares nos isquiotibiais (parte de trás da coxa) durante a pré-temporada de jogadores de futebol.

Essas lesões são muito comuns no futebol, além de serem caras e impactarem negativamente tanto a carreira dos jogadores quanto o desempenho das equipes. Por isso, encontrar uma forma de prever quem tem mais risco de se machucar pode ajudar na prevenção.

Como a pesquisa foi realizada

A pesquisa foi feita com 120 jogadores de nível regional e nacional ao longo da temporada de 2022. No início da pré-temporada, todos passaram por uma avaliação com questionários, testes físicos (como força muscular e sprints repetidos) e exames de saúde. Depois, durante o campeonato, os pesquisadores acompanharam quem teve lesão nos isquiotibiais.

Principais resultados

Ao final do estudo, 29 jogadores (24% do total) sofreram esse tipo de lesão. O modelo criado pelos pesquisadores conseguiu identificar quais jogadores tinham mais chance de se lesionar, usando oito fatores principais: idade, sexo, histórico de lesões anteriores, capacidade dos músculos flexores do joelho resistirem à fadiga, desempenho em sprints (incluindo o melhor tempo e a velocidade máxima teórica), a percepção do jogador sobre sua vulnerabilidade a lesões e a influência de normas culturais do futebol, como a ideia de que dor e cansaço devem ser ignorados.

Um dos achados mais importantes foi que a perda de força dos músculos isquiotibiais após sprints repetidos é um dos principais sinais de risco para lesão. Ou seja, jogadores que conseguem manter mais força muscular mesmo depois de esforços intensos têm menos chance de se machucar.

O estudo também mostrou que atletas mais rápidos e com maior velocidade teórica máxima estão mais sujeitos a lesões nos isquiotibiais, provavelmente porque essa velocidade coloca mais estresse nos músculos durante a corrida.

Conclusões práticas

Além dos fatores físicos, aspectos psicológicos também se mostraram importantes. Jogadores que se sentem mais vulneráveis a se machucar ou que internalizam a ideia de que não podem descansar (mesmo sentindo dor ou fadiga) têm mais chances de sofrer lesões.

Em resumo, esse modelo pode ser útil tanto para jogadores profissionais quanto amadores. Ele mostra que é melhor avaliar vários fatores ao mesmo tempo, e não de forma isolada, para entender o risco de lesões. A triagem feita na pré-temporada pode ajudar a identificar quem precisa de atenção especial, oferecendo uma ferramenta prática e rápida para prevenir lesões nos isquiotibiais no futebol.

O artigo completo está disponível clicando aqui

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João Bonfatti

João Bonfatti atualmente trabalha como Coordenador do setor de Análise de Desempenho no América-MG. Antes disso, teve passagens pelo Vasco da Gama, onde atuou em diferentes categorias: foi auxiliar técnico do Sub-20, treinador interino do Sub-17 e auxiliar técnico do Sub-17.

Atuou também pelo Atlético-MG, onde desempenhou o papel de auxiliar técnico do Sub-15. No Corinthians, auxiliar técnico do Sub-14, além de exercer a função de supervisor metodológico.

Sua formação inclui o Bacharelado em Futebol pela Universidade Federal de Viçosa e a Licença B da CBF Academy, o que reforça sua base teórica e prática no desenvolvimento de atletas.

Felipe Bonholi

Felipe Bonholi integra a equipe do Palmeiras como Analista de Desempenho no Centro de Formação de Atletas (CFA), contribuindo para o desenvolvimento e acompanhamento de jovens talentos.

Antes disso, acumulou cinco anos de experiência na Ferroviária, onde atuou como Analista de Desempenho da equipe profissional, e no São Carlos Futebol Clube na mesma função.

Sua formação acadêmica inclui Bacharelado em Administração de Empresas pela UNIARA (2014–2017) e graduação em andamento em Educação Física pela mesma instituição, iniciada em 2019.

Com sólida base teórica e ampla experiência prática, Felipe Bonholi se destaca por sua capacidade de integrar análise técnica, gestão e visão estratégica no contexto esportivo, contribuindo para o desempenho e evolução de atletas e equipes.

Mylena Baransk

Mylena Baransk é doutora em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná e mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, onde também concluiu sua graduação em Educação Física – Bacharelado. Especialista em futsal com foco em análise de desempenho, atuou como docente em cursos do ensino superior e analista de desempenho no futebol.

Atualmente, exerce a função de analista de desempenho no Clube Atlético Mineiro, onde trabalha desde agosto de 2024. Antes disso, desempenhou a mesma função na Associação Ferroviária de Esportes entre março e agosto de 2024, atuando em Araraquara, São Paulo.

Além da atuação em clubes, possui experiência acadêmica como docente, tendo lecionado na UniCesumar entre julho e outubro de 2023, em Curitiba, Paraná. Também foi professora na UNIFATEB, onde atuou por quase três anos, de fevereiro de 2021 a outubro de 2023, em Telêmaco Borba, Paraná.

Com forte presença na área de análise de desempenho no futebol, também é CEO da Statisticsfut, onde se dedica ao desenvolvimento de conteúdos e estratégias voltadas à análise estatística e desempenho esportivo.

Nathália Arnosti

Nathália Arnosti é uma profissional de destaque na área de Fisiologia do Esporte e Preparação Física, com sólida formação acadêmica e ampla experiência no futebol brasileiro.

Bacharel e mestre em Educação Física pela Universidade Metodista de Piracicaba e doutora pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ela construiu uma carreira marcada pela integração entre ciência e prática esportiva.

No cenário dos clubes, já contribuiu com equipes como Athletico Paranaense, Red Bull Bragantino, Palmeiras, Audax, Ferroviária e Ponte Preta. Em janeiro de 2024, assumiu o cargo de fisiologista do Cruzeiro, reforçando seu papel como referência no acompanhamento e otimização do desempenho esportivo.

Rodrigo Aquino

Rodrigo Aquino é professor na Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua no Departamento de Desportos e como docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado e Doutorado).

É líder do Grupo de Estudos Pesquisa em Ciências no Futebol (GECIF/UFES) e coordenador do Programa Academia e Futebol (Núcleo UFES), financiado pelo Ministério do Esporte. Seu trabalho envolve a coordenação de projetos técnico-científicos em parceria com categorias de base e equipes profissionais de futebol no Brasil.

Rodrigo é graduado em Educação Física e Esporte pela USP, com especialização em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. Concluiu o mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Acumula experiência prática no futebol desde 2015 como fisiologista e preparador físico em clubes profissionais, além de atuar como treinador e coordenador técnico em categorias de base. Reconhecido academicamente, está entre os 10 cientistas do esporte mais produtivos da América Latina em publicações científicas relacionadas ao futebol.

Neto Pereira

Neto Pereira é um profissional de preparação física e performance esportiva com experiência em clubes do Brasil e do exterior. Atualmente é Preparador Físico no sub-20 do Vasco da Gama.

Trabalhou como Head Performance and Fitness Coach no FC Semey do Cazaquistão (2024). Foi Preparador Físico no Confiança (2023-2024) e Head of Performance and Health no Avaí (2022-2023). Também exerceu o cargo de Coordenador de Performance no Confiança (2022) e trabalhou como Fisiologista no CRB (2021-2022) e no próprio Confiança (2019-2021).

Possui Mestrado em Saúde e Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe e Especialização em Desempenho Humano pela Universidade Tiradentes (Unit). Suas principais competências incluem preparação física, análise de desempenho, força, potência e velocidade no esporte.

Rafael Grazioli

Rafael Grazioli, natural de Canoas (RS), é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano.

Com nove anos de experiência atuando como coordenador científico e fisiologista no futebol profissional, ele passou as últimas três temporadas no Guarani de Campinas (SP) antes de ser anunciado pelo Criciúma em janeiro de 2025.