O efeito da idade relativa no futebol

Por: Diogo Runa

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Foto de Alliance Football Club na Unsplash

Muitos pontos interferem para um jovem conseguir ou não ser jogador de futebol. Questões técnicas, táticas, mentalidade, valências físicas, parte cognitiva, entre outros, são atributos que vão influenciar na carreira do jogador. E um aspecto que está muito interligado com tudo isso é a idade relativa no futebol. Mas, afinal, o que é idade relativa no futebol?

O que é a idade relativa?

Existem muitos fatores que contribuem para que o jogador possa chegar ao topo e viver como profissional de futebol. Um desses fatores é a idade relativa. A idade relativa no futebol aponta que, os jogadores nascidos no primeiro semestre do ano, têm mais condições e perspectivas de ter sucesso em comparação aos nascidos no segundo semestre. Em outras palavras, dois jogadores podem ter nascido no mesmo ano, mas são separados por 11 meses, por exemplo. Isto é, o jogador que nasceu primeiro pode desenvolver competências físicas, motoras e psicológicas antes do jogador que nasceu depois.

Como os times de base do futebol estão organizados por ano de nascimento, esses mesmos jogadores são colocados na mesma equipe, competindo diretamente entre si. Isso prejudica os nascidos no segundo semestre — que ainda não desenvolveram algumas capacidades, mas podem ter tanto ou mais talento do que os outros. Isso é a idade relativa no futebol.

Segundo o estudo do Portugal Football Observatory,  “o desenvolvimento desportivo dos jovens é complexo e altamente individual, afetado por fatores em constante mudança, tais como o crescimento físico, a maturação biológica e o desenvolvimento comportamental. Consequentemente, a idade desempenha um papel fundamental neste processo. Isso porque, os jovens atletas são agrupados em times onde os nascidos mais cedo podem apresentar vantagens na participação e no desempenho desportivo, em comparação aos jovens nascidos mais tarde. Esta vantagem, quando existente, é denominada efeito da idade relativa”.

A idade relativa pode ser dividida em:

Trimestres:

  • 1º Trimestre – Janeiro a Março;
  • 2º Trimestre – Abril a Junho;
  • 3º Trimestre – Julho a Setembro;
  • 4º Trimestre – Outubro a Dezembro

Ou semestres:

  • 1º Semestre – Janeiro a Junho;
  • 2º Semestre – Julho a Dezembro.

Luís Castro, ex treinador do FC Porto e Shakhtar Donetsk, também tem opinião sobre o assunto:

“Tem de haver muita atenção da parte de todos para percebermos exatamente o que cada jogador precisa quando está aquém dos outros nessa dimensão física. Muitas vezes isso não acontece na dimensão psicológica, técnica ou tática, mas esses 11 meses de diferença entre um jogador e outro podem ser decisivos para a opção do seu treinador e para opções futuras de continuidade no clube”.

A influência da idade relativa no recrutamento de jogadores

Também, no recrutamento de jogadores, a idade relativa apresenta uma significativa importância, sobretudo no que se trata dos escalões mais jovens. Isto porque os jogadores que nasceram nos primeiros 6 meses (1º semestre do ano), podem apresentar uma maior maturação não só em termos físicos, mas, também, a níveis psicológicos. Isso permite que estes se destaquem dos colegas de equipe e chamem a atenção dos scouts.

No entanto, não é regra que um jogador nascido no 1º semestre atinja a maturação primeiro do que aqueles nascidos no final do ano. Temos o exemplo do Antoine Griezmann, nascido em março e, apesar de mostrar qualidades técnicas desde cedo, a sua maturação física tardou. Isso fez com que muitos clubes franceses, onde ele foi realizar testes, recusassem-no. Mas, um scout da Real Sociedad, vendo que o jogador tinha essas qualidades e que podia se maturar fisicamente mais tarde, acabou por acreditar no potencial do francês.

Consequências da idade relativa no futebol

A idade relativa no futebol tem algumas consequências negativas sob os jovens jogadores nascidos no segundo semestre do ano. Isso pode criar neles uma percepção negativa sobre si próprios, em comparação aos que nasceram até junho. Ou seja, poderão ter em mente que estão um passo atrás dos jovens nascidos antes, o que as vezes acarreta numa desmotivação. Assim, esta falta de confiança e descrença nas capacidades pode levar ao abandono do esporte, visto que existe uma maior taxa de desistências em jogadores que nasceram após junho, devido ao efeito da idade relativa nos times sub-9, sub-11, sub-13 e sub-15.

Portanto, os jogadores nascidos no 1º semestre do ano poderão ter mais vantagens na prática desportiva, ao invés dos nascidos nos dois últimos trimestres do ano. Estas vantagens se revelam, sobretudo, no que diz respeito ao desenvolvimento das capacidades físicas e motoras, permitindo aos atletas nascidos até junho evidenciarem um desenvolvimento mais acentuado, em comparação aos atletas do mesmo ano de nascimento.

Confira abaixo um episódio do Podcast sobre o assunto:

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