Incentivo verbal em treinos com pequenos jogos melhora o desempenho de jovens no futebol?

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Um estudo recente publicado na revista científica International Journal of Sports Science & Coaching investigou o impacto de dois formatos de jogo — o “FUNino” (3 contra 3 em um campo pequeno, 20 × 27 metros, e regras de pontuação específicas utilizando quatro gols pequenos jogados sem goleiro); e o formato tradicional (7 contra 7, utilizado pela Federação Alemã de Futebol) — no desempenho fisiológico, físico e técnico de jovens futebolistas.

O estudo liderado pelo professor Murat Akdag da Universidade Friedrich-Alexander de Erlangen-Nuremberg, na Alemanha, ainda buscou compreender se o incentivo verbal dos treinadores influencia o desempenho dos jovens nesses jogos.

Como o estudo foi feito?

16 jovens jogadores de Futebol com idades entre 9 e 11 anos participaram do estudo. Eles jogaram oito partidas de 10 minutos, sendo quatro no formato “3×3” e quatro no formato 7 contra 7. Metade das partidas foi realizada com incentivo verbal dos treinadores, e a outra metade sem. Durante os jogos, foram coletados dados fisiológicos (como frequência cardíaca), físicos (distância percorrida e número de passos) e técnicos (toques na bola, passes, dribles e finalizações).

Quais foram os principais resultados?

O estudo mostrou que o formato “FUNino 3×3” proporcionou um desempenho significativamente maior em todos os aspectos analisados. Os jogadores tiveram uma frequência cardíaca mais alta (indicando maior intensidade), correram mais e tocaram na bola com mais frequência em comparação com o formato 7 contra 7.

Além disso, o número de passes, dribles e finalizações também foi maior no “FUNino”. O incentivo verbal dos treinadores teve um impacto positivo, mas menor, no desempenho. Jogadores que receberam incentivo correram mais e tocaram na bola com maior frequência, mas o efeito foi menos significativo do que a mudança no formato de jogo.

Por que o “FUNino” é mais eficaz?

O “FUNino” é jogado em um campo menor, com menos jogadores e regras adaptadas, como a ausência de goleiros e a necessidade de marcar gols dentro de uma zona específica. Isso aumenta a participação de cada jogador, exigindo mais movimentação e interação com a bola.

O estudo sugere que esse formato é mais eficaz para o desenvolvimento técnico e físico dos jovens, pois oferece mais oportunidades de tocar na bola, driblar e finalizar, o que pode aumentar a motivação e o engajamento dos atletas.

O incentivo verbal é benéfico no futebol de base?

O incentivo verbal dos treinadores, embora tenha um impacto menor, ainda é importante para estimular o esforço e a dedicação dos atletas. O estudo reforça a ideia de que mudanças nas regras e no formato de jogo podem ser mais eficazes do que apenas o incentivo verbal para melhorar o desempenho e o desenvolvimento dos jovens jogadores.

 
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João Bonfatti

João Bonfatti atualmente trabalha como Coordenador do setor de Análise de Desempenho no América-MG. Antes disso, teve passagens pelo Vasco da Gama, onde atuou em diferentes categorias: foi auxiliar técnico do Sub-20, treinador interino do Sub-17 e auxiliar técnico do Sub-17.

Atuou também pelo Atlético-MG, onde desempenhou o papel de auxiliar técnico do Sub-15. No Corinthians, auxiliar técnico do Sub-14, além de exercer a função de supervisor metodológico.

Sua formação inclui o Bacharelado em Futebol pela Universidade Federal de Viçosa e a Licença B da CBF Academy, o que reforça sua base teórica e prática no desenvolvimento de atletas.

Felipe Bonholi

Felipe Bonholi integra a equipe do Palmeiras como Analista de Desempenho no Centro de Formação de Atletas (CFA), contribuindo para o desenvolvimento e acompanhamento de jovens talentos.

Antes disso, acumulou cinco anos de experiência na Ferroviária, onde atuou como Analista de Desempenho da equipe profissional, e no São Carlos Futebol Clube na mesma função.

Sua formação acadêmica inclui Bacharelado em Administração de Empresas pela UNIARA (2014–2017) e graduação em andamento em Educação Física pela mesma instituição, iniciada em 2019.

Com sólida base teórica e ampla experiência prática, Felipe Bonholi se destaca por sua capacidade de integrar análise técnica, gestão e visão estratégica no contexto esportivo, contribuindo para o desempenho e evolução de atletas e equipes.

Mylena Baransk

Mylena Baransk é doutora em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná e mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, onde também concluiu sua graduação em Educação Física – Bacharelado. Especialista em futsal com foco em análise de desempenho, atuou como docente em cursos do ensino superior e analista de desempenho no futebol.

Atualmente, exerce a função de analista de desempenho no Clube Atlético Mineiro, onde trabalha desde agosto de 2024. Antes disso, desempenhou a mesma função na Associação Ferroviária de Esportes entre março e agosto de 2024, atuando em Araraquara, São Paulo.

Além da atuação em clubes, possui experiência acadêmica como docente, tendo lecionado na UniCesumar entre julho e outubro de 2023, em Curitiba, Paraná. Também foi professora na UNIFATEB, onde atuou por quase três anos, de fevereiro de 2021 a outubro de 2023, em Telêmaco Borba, Paraná.

Com forte presença na área de análise de desempenho no futebol, também é CEO da Statisticsfut, onde se dedica ao desenvolvimento de conteúdos e estratégias voltadas à análise estatística e desempenho esportivo.

Nathália Arnosti

Nathália Arnosti é uma profissional de destaque na área de Fisiologia do Esporte e Preparação Física, com sólida formação acadêmica e ampla experiência no futebol brasileiro.

Bacharel e mestre em Educação Física pela Universidade Metodista de Piracicaba e doutora pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ela construiu uma carreira marcada pela integração entre ciência e prática esportiva.

No cenário dos clubes, já contribuiu com equipes como Athletico Paranaense, Red Bull Bragantino, Palmeiras, Audax, Ferroviária e Ponte Preta. Em janeiro de 2024, assumiu o cargo de fisiologista do Cruzeiro, reforçando seu papel como referência no acompanhamento e otimização do desempenho esportivo.

Rodrigo Aquino

Rodrigo Aquino é professor na Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua no Departamento de Desportos e como docente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado e Doutorado).

É líder do Grupo de Estudos Pesquisa em Ciências no Futebol (GECIF/UFES) e coordenador do Programa Academia e Futebol (Núcleo UFES), financiado pelo Ministério do Esporte. Seu trabalho envolve a coordenação de projetos técnico-científicos em parceria com categorias de base e equipes profissionais de futebol no Brasil.

Rodrigo é graduado em Educação Física e Esporte pela USP, com especialização em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. Concluiu o mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Acumula experiência prática no futebol desde 2015 como fisiologista e preparador físico em clubes profissionais, além de atuar como treinador e coordenador técnico em categorias de base. Reconhecido academicamente, está entre os 10 cientistas do esporte mais produtivos da América Latina em publicações científicas relacionadas ao futebol.

Neto Pereira

Neto Pereira é um profissional de preparação física e performance esportiva com experiência em clubes do Brasil e do exterior. Atualmente é Preparador Físico no sub-20 do Vasco da Gama.

Trabalhou como Head Performance and Fitness Coach no FC Semey do Cazaquistão (2024). Foi Preparador Físico no Confiança (2023-2024) e Head of Performance and Health no Avaí (2022-2023). Também exerceu o cargo de Coordenador de Performance no Confiança (2022) e trabalhou como Fisiologista no CRB (2021-2022) e no próprio Confiança (2019-2021).

Possui Mestrado em Saúde e Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe e Especialização em Desempenho Humano pela Universidade Tiradentes (Unit). Suas principais competências incluem preparação física, análise de desempenho, força, potência e velocidade no esporte.

Rafael Grazioli

Rafael Grazioli, natural de Canoas (RS), é formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano.

Com nove anos de experiência atuando como coordenador científico e fisiologista no futebol profissional, ele passou as últimas três temporadas no Guarani de Campinas (SP) antes de ser anunciado pelo Criciúma em janeiro de 2025.