Treinador de futebol, quem vê além do resultado é rei

Por: Guilherme Tadashi

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Imagem de Tom Workman por Pixabay

Você pede frequentemente a demissão do treinador de futebol, pois ele não traz resultados para o seu time?

Atualmente, o Brasil é um dos países com maior número de substituições de treinadores no mundo. No ano passado, 2019, só na Série A do Campeonato Brasileiro, foram 22 técnicos demitidos. Lembrando que, disputaram apenas 20 clubes na competição.

Nesse contexto, torna-se evidente que países como o Brasil, apresentam uma cultura futebolística superficial. Dado que, os treinadores que ganham são bons, e os que perdem não servem. Portanto, ocupar esse cargo com a pressão da diretoria e dos torcedores não é uma tarefa fácil.

De antemão, deixe-me pormenorizar mais sobre essa área.

De modo a operacionalizar os treinamentos e gerir pessoas, o treinador de futebol precisa de inúmeros elementos que sejam promissores. Saber liderar e controlar suas emoções, dispondo de uma eficiente relação intrapessoal (reflexões de si) e interpessoal (comunicação). Além de apresentar conteúdos e planejamentos para um bom trabalho em equipe, ao passo que a comissão técnica é interdisciplinar.

Além disso, durante o treinamento, o espírito competitivo do coletivo tem que estar presente. Se durante o treino há ausência de intensidade, no jogo será o mesmo. Logo, é dever do treinador estimular a equipe para conquistar o que foi planejado utilizando o modelo de jogo proposto. Este último engloba os princípios de jogo, os atletas disponíveis, a ideia do treinador e a filosofia do clube.

Dessa maneira, o modelo de jogo varia de acordo com cada contexto. Isto é, no futebol não há ideias certas ou erradas para alcançar o sucesso. Afinal, há diversos estilos que podem ser adotados, portanto, é válido discutir propostas sobre o que se acredita ser mais viável naquele cenário.

Demissões do treinador de futebol

É através desse entendimento que é aconselhável refletir antes de pedir a mudança dos treinadores. Pense comigo, um novo técnico foi contratado recentemente para o seu time do coração. No entanto, após a segunda derrota consecutiva, você insiste na demissão dele. Porém, ele teve tempo o suficiente para expor as suas ideias? Quem será o escolhido para novo cargo? Esse é o único problema do seu time?

Chris Anderson e David Sally (2013), nos contam através de estudos no livro Os Números do Jogo, que demissões não melhoram o desempenho do clube. Ele simplesmente regressa a média dos números analisados. Isto significa que, alterar os técnicos, às vezes, não é o melhor caminho para se obter um melhor resultado.

O futebol também é educação

Apesar disso, a vitória ou a derrota não são tudo. Cabe também ao treinador de futebol formar indivíduos, pois antes do atleta, há uma pessoa. Por isso, o papel de professor/educador é necessário desde a iniciação no esporte. Na verdade, mais importante do que os resultados, é a alegria dos atletas se divertindo enquanto praticam tal esporte.

O professor João Batista Freire, argumenta no livro Pedagogia do Futebol, ser fundamental apresentar competência pedagógica nas escolas de futebol. Desse modo, o autor estabelece quatro princípios: “ensinar futebol a todos; ensinar o futebol bem a todos; ensinar mais que futebol a todos; e também ensinar a gostar de esporte.” Em outras palavras, o campo não é apenas um local para se chutar bolas. Mas também um local de ensino-aprendizagem, visto que não há espaço para procedimentos impositivos, e sim para trocas de sabedorias.

Em conclusão, percebe-se que, a ocupação de treinador dispõe de variadas tarefas e depende de diversos fatores para alcançar o que foi proposto. Dado que, essas dificuldades levam TEMPO para se tornarem hábitos e colocá-los em prática. Johan Cruyff, um ex-jogador/treinador que revolucionou o futebol, portanto, nos traz que “O futebol é muito simples, mas jogar um futebol simples é a parte mais difícil do jogo”.

Instagram do autor: g_tadashi

Veja abaixo um episódio em nosso Podcast sobre o assunto:

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